quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Histórias de pedrinhas ou nada
Há quem faz histórias com uma pedrinha, quem com a mesma pedrinha faz é só mortais feridas, desistoriando futuros. Há, aliás, quem grave sobre as pedrinhas doutros linhas tortas que mal dissimulam as pautas do caderno. Consequentemente... trouxe para aqui a minha pedra na desesperança de que desse alguma coisa.
Não deu.
Às vezes a tal de pedrinha é uma frase, frase minha ou doutrem, não interessa. A frase é como a pedrinha com que se tropeça. A gente fica a olhar (isto é metáfora ou não) para ela e hesita, abana a cabeça em debruçada contemplação ou chuta forte nela de pé arrebitado (arrebatado?). O quê é que eu faço contigo, ó pedrinha-frase que vieste ao meu encontro? Pego em ti e guardo-te na algibeira? Prolongo-te em trajectória elíptica sobre o mundo de areia e mar à minha fronte e vê tu lá se a sorte ou o azar dispõem que fures para aí, ai, um qualquer outro coração ou fendas uma testa, catacroc-chofff, como melancia madura?
O sol entra agora pela janela do café. Incomoda-me este resplandor de inverno que teima em aquecer as húmidas tumefacções da idade, as pernas como velhas a se fazerem de tontas contra as que ninguém pode nada (frase, fora o género, roubada um dia destes revelo onde-de quem). Na praia o mundo deteve-se porque não é possível eliminar o espaço vazio que sobrou entre o fim da ecografia no hospital e a consulta no centro de saúde... meia hora de calma azul e rumor de ondas.
Ah, a pedrinha veio comigo para casa.
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8 comentários:
Moi bonita, a ver a quen lle voa a cabeza un día destes...
Quedaba tan ben na foto que ata dá pena descabezala.
Moi bonita a pedrinha. Unha pedra dual (Amarela-branca, sol e nube) . As pedrinhas rodan e rodan, esta veu rodando ata a túa man para contarnos parte á súa historia de ondas, sol e praia.
A pedrinha estaba na praia entre milleiros doutras, Xan, cun brillo especial, dicindo cólleme. `_^
Mas a tua pedrinha é um seixo... ou seixinho, se preferires!
Quando era miúda tinha a mania de guardar pedrinhas e seixos para me darem sorte, hoje ainda apanho umas conchinhas... :)))
Vá que já não é com o intuito de contrapartida, mas só porque as acho bonitas! E porque de vez em quando é bom voltar à infância...
Beijoquitas!
Oi, hehehe, Teté. Nós aqui também chamamos seixos, seixinhos a essas pedras.
Acho que sim, passear pela praia e apanhar conchinhas ou pedrinhas é como regressar à infância, quando tudo quanto brilha é um tesouro.
E depois é que essa era a praia da minha infância, a onde ia com meus pais quando morava em Vigo, e vieste tu a me psicanalisares... ;)
Beijoquita
Essa pedrinha feita frase deu num texto maravilhoso!
E teu texto brilha ainda mais que a própria pedrinha!
Guarda-a bem contigo que este texto ficará sempre bem guardado em mim!
Beijo grande
Ai, Kapikua, não me digas essas coisas que me desidrato.
Beijo líquido nada lítico!
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