sábado, 28 de março de 2009

Cepticismos










Um dos meus J veio ontem a me tirar da casa. Jantamos, falamos, fomos aos copos, falamos... essas coisas que os amigos fazem. Depois encontra-mo-nos com uma conhecida do J que estava com outros dois gajos e ficamos com eles, mais copos, mais falas, alguma caipiroska, algum caiprochão... Em determinada altura (os copos...) vi-me em conversa a dois com um deles, nortenho que distinguia vês de bês. Lá saiu o passado, o futuro, Cerveira, Europa, Sócrates (o ateniense!), Thomas Moore..., a internet.

—Sou céptico —disse ele—, aquilo é menos do que superficial, é anonimato, gosto de falar olhos nos olhos com as pessoas numa esplanada baixo as estrelas...
—Não é bem assim —disse eu—. É um espelho da realidade, há o mesmo de bom e de mau do que no mundo tangível, permite escrever, permite ler o que outros escrevem no outro extremo do mundo, permite disfarces, permite despir-se, sentir que se toca, sentir-se tocado...

Depois veio o xau-fui, cada um à vida dele.

Nem sei como o gajo se chamava, nem onde mora, provavelmente não o vá ver nunca mais... Quem sabe? Se calhar passei a noite no computador a falar com um interlocutor anónimo e imaginei a esplanada e os copos.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Vómitos / Vômitos



Advertencia: texto non apto para estómagos delicados ou cheos
Advertência: texto não apto para estômagos delicados ou cheios






Había un tempo que non levaba a Lima no coche, porque estaba un pouco farta de limpar vómitos tras cada saída. Pero como me gusta que me acompañe a patinar, luns á noitiña cedín.

Á ida a cousa transcorreu sen incidentes. Chegamos, puxen os patíns e deixeina baixar do coche. Dereitiña foi, como se soubese que estaba alí. Cando a vin toda arroubada, pensei, que merda estará a comer? Pouco imaxinaba eu que era merrrrrda mesmo. Merda humana!

(A miña dilatada experiencia con cans permíteme recoñecer polo cheiro a procedencia dos diferentes tipos de excrementos, que lle queren? Os cans —polo menos os que conviviron comigo— nunca comen merda doutros conxéneres. Poden comer a propia ou a de especies distintas. A de humanos gústalles especialmente: non creo que sexa por fidelidade, senón querenza polo fedor insufrible.)

Cagueime nos mortos e nos vivos do impresentable que fora ciscar xusto alí, á porta da cancha, habendo como hai aseos no xardín e mato dabondo contra o río, pero ao final domineime e cumprimos sen máis desgrazas a hora de patinaxe.

Chegado o momento de volver, temendo o peor, mandei á Lima para a maleta, non me fose deixar bonito o asento do copiloto. Coas ventás de par en par, concentrada en non apañar unha pulmonía e observando as reaccións do bicho polo retrovisor, acouguei cando enfiamos polo camiño que conduce á casa. Á falta de cen metros veume a peste ao nariz. Traguei cuspe... e iso que nin imaxinaba a dimensión real do feito (da desfeita).

Parei para abrir o portal do eido, abrín a maleta para baixar a Lima antes de que se fose untar e cando vin o pastel, quero dicir, a enchente de vómito fecal que alí navegaba... En fin, que saín a correr e afincándo-me contra o valado, larguei ata os sangumiños.


Havia tempo que não levava a Lima de carro, porque estava um bocado cheia de limpar vómitos trás cada saída. Mas como gosto de que me acompanhe a patinar, na Segunda-feira à entardecida cedi.

Na ida a coisa discorreu sem incidentes. Chegamos, pus os patins e deixei-a baixar do carro. Direitinha foi, como se soubesse que estava ali. Quando a vi toda arrebatada, pensei, que merda estará a comer? Não imaginava eu que era merrrrrda mesmo. Merda humana!

(A minha dilatada experiência em cães permite-me reconhecer pelo cheiro a procedência dos diferentes tipos de excrementos, é assim. Os cães —no mínimo os que conviveram comigo— nunca comem merda doutros congéneres. Podem comer a própria ou a de espécies distintas. Da de humanos gostam especialmente: não acho que seja fidelidade, mas querença pelo fedor insofrível.)

Caguei para os mortos e os vivos do intratável que fora borrar justamente ali, na porta da cancha, havendo casa de banho no jardim e mato bastante contra o rio, mas finalmente dominei-me e cumprimos sem mais desgraças a hora de patinagem.

Chegado o momento de voltar, receando o pior, mandei a Lima para a mala, não me fosse deixar bonito o lugar do pendura. De janelas escancaradas, concentrada em não apanhar uma pneumonia e observando as reacções do bicho pelo retrovisor, sosseguei ao enfiarmos pelo caminho que conduz à casa. À falta de cem metros veio-me a pestilência ao nariz. Engoli saliva... e ainda nem imaginava a dimensão real do facto (do jacto).

Parei para abrir a porta do quintal, abri a mala para a Lima baixar antes que se fosse besuntar e quando vi o bolo, quer-se dizer, o alagamento de vômito fecal que lá navegava... Enfim, que saí a correr e encostando contra o muro, lancei até as entranhas.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Intelixencia e mareos / Inteligência e enjoos













Estou a ver que van levar unha opinión inexacta da Lima. Pensan que é linda, intelixente, un amor? Pois é. Por desgraza, ten un pero que tamén comparte coa dona: maréase no coche cando non conduce ela. E cando se marea, empeza coa cariña de agonía que lle vai caendo, coma a querer dar pena, e zraca, pota que te criou.

O Condado, avó orgulloso da criatura, viu un programa de psicoloxía canina (dixo) e afirma moi categórico el que iso son furriqueiras (só contradicindo o curso natural do chafariz), dependidas da angustia ante o descoñecido, que se a levo a un sitio ao que lle guste ir, pásalle. Pásalle o que?, digo eu para min. O meu tamén son medos?! Por iso entendo a Lima. É máis, outra cadela que tiven fina como un allo desaparecía só ventar paseo en coche, aínda que non vomitase sempre sempre. Entón a Lima, que é máis intelixente aínda e sempre vomita?

De aí deducín que o cociente de vómitos é proporcional á intelixencia. Se me dese por afondar na materia, isto daba para un sisudo estudo científico. Pero non era isto o que eu quería contar.

Continuará…

Estou a ver que vão levar uma opinião inexacta da Lima. Acham que é linda, inteligente, um amor? Pois é. Infelizmente tem um senão que também partilha com a dona: enjoa quando vai de carro se não conduzir ela. E quando enjoa, começa por aquela carinha de agonia que lhe descai, como a querer dar pena, e pronto: zraca, lanço sem mais nem mais.

O Condado, avô orgulhoso da criatura, viu um programa de psicologia canina (disse) e afirma muito categórico ele que isso são cagaços (só contradizendo o curso natural do jacto), dependidos da angústia ante o desconhecido, que se a levar a um lugar ao que goste de ir, isso passa. Passa, qual quê?, digo eu para os meus botões. O meu também são medos?! Por isso entendo a Lima. É mais, outra cadela que tive esperta como um alho sumia só ventar passeio de carro, ainda que não vomitasse sempre sempre. Então a Lima, que é mais inteligente ainda e vomita sempre?

De aí deduci que o cociente de vômitos é proporcional à inteligência. Se desse em aprofundar na matéria, isto dava para um sisudo estudo científico. Mas não era isto o que eu queria contar.

Continuará…

segunda-feira, 23 de março de 2009

Digresión agonística / Digressão agonística










De mañá cedo a Lima cando sentiu a musiquita da serie que estou a traducir, púxose a ouvear. Ata eu ouveaba, pero fáiseme difícil ouvear e vomitar asemade. En fin, choio é choio: ninguén dixo que a loita pola vida fose fácil. A das persoas, digo.

Antes de que me acusasen de maltrato, deixeina saír ao eido. Nesta casa con padecer eu chega.

Logo de manhã a Lima quando ouviu a musiquita da série que estou a traduzir deu em uivar. Até eu uivaria, mas para mim é difícil uivar e vomitar ao tempo. Mas pronto, faina é faina, ninguém disse que a luta pela vida fosse fácil. A das pessoas, digo.


Não me fossem acusar de maus-tratos, deixei-a sair ao quintal. Nesta casa com padecer eu chega.

domingo, 22 de março de 2009

Sen comentarios / Sem comentários

Hoxe a desbrozadora plantoume cara, hostil. Chorei por non gritar (e tamén porque me doeu a man cando batín co puño no valado... por non gritar). Rendinme antes que desatar a machadazos con ela, ou peor, comigo: dúas horas a tentar póla en marcha é moita paciencia.

Hoje a roçadeira enfrentou-se-me, hostil. Chorei por não gritar (e também porque me doeu a mão quando dei um soco no muro... por não gritar). Rendi-me antes que desatar a machadadas com ela, ou pior, comigo: duas horas a tentar arranca-la é muita paciência.

Para me eu lavar da rabia, entón, lavei a moto de tanto pole dos piñeiros. En balde, claro. Non lle durou cinco minutos o brillo. Pero eu xa resplandecía, mirando ao monte.

Fuxín á Arga.

Para me eu lavar da raiva, então, lavei a moto de tanto pólen dos pinheiros. Embalde, é claro. Não lhe durou cinco minutos o brilho. Mas eu já resplandecia, olhando ao monte.

Fugi à Arga.

Mansa e esgrevia, coma sempre, a Serra acolleume agasallándome coas flores mínimas a agromar na terra enxoita.

Mansa e agreste, como sempre, a Serra acolheu-me presenteando-me com as flores mínimas a desabrochar na terra enxuta.










Logo mergullei no son do regato para esquecer o barullo do meu remoer de dentro.

Logo mergulhei no som do ribeiro para esquecer o barulho do meu remoer de dentro.










De volta á casa trouxen acougo e tres pedriñas: unha branca, unha prateada e unha dourada.

De volta à casa trouxe sossego e três pedrinhas: uma branca, uma prateada e uma dourada.










O que non atopei foi as palabras que buscaba para mandar á fin da terra, ese abismo no que estou sempre debruzada, desde onde nada que se enxerga é todo.

Hai quen porfía en sacudirme, seica.

O que não encontrei foi as palavras que procurava para enviar ao fim da terra, esse abismo no que estou sempre debruçada, desde onde nada que se enxerga é tudo.

Há quem porfia em me abalar, parece.

(Entrei nas caixas de comentarios de tantos blogues agora. Escribín, borrei, saín...)

(Entrei nas caixas de comentários de tantos blogues agora. Escrevi, apaguei, saí...)

sexta-feira, 20 de março de 2009

A cadea rota










Nunca o hei de saber (sentir?):
hai certezas tan irremediables...
Montei unha delicada estrutura,
—agora a recoñezo tramoia—
que me amparase do medo,
tan fundado,
de prolongar noutro o desamor e a angustia
que me habitan dominantes.
O reloxo xa ditou as horas todas da vida.
As vindeiras
son para a deconstrución
total.
O labor, agoiro, vai ser arduo e funesto,
até alcanzar o tempo
da cinza leve.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Se fosse flor, disse ele, era camélia










É assim que se transmuta em flor de inverno,
não disse se era branca, nem vermelha.
Por mais que ensine os dentes é bem terno,
só morde se a loucura lho aconselha.

Fosse ar de poder ser elemento;
montanha se lugar; móvel, estante;
seria viola se fosse instrumento;
se fosse direcção só era avante.

Seria água, ouro —isto é só a rima—,
laranja, gargalhada, hard rock, cão,
mortal pecado, temperado clima,
de sentimento, alegria; cor salmão.

Katinga e flor silvestre, pouco siso?;
coração, CSI, cumprido e grosso,
de verbo rir e de expressão sorriso
e muito mais que já citar não posso.

Parabéns, Cão(somente), antes Sarnento,
que sendo Março, dezanove e Quinta-feira (!),
ainda acho que há motivo de contento
que mereça uma solene bebedeira.

E beijos...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Eutanasiem-me, haja piedade!

Ontem, já que estava em Cidadeabertaaomar por médica causa, decidi —como se nisso existisse o livre alvedrio, sua otária!— entrar numa livraria. Saí logo, carregada de mochila e ligeira de pés, quase a correr para o lugar onde deixara estacionada a mota, pois combinara com o meu sapinho encantadíssimo em ter com ele na sua casa para beber um café (isto último foi tácito, nem era preciso dizer) e levar-lhe uma garrafa de azeite de Trás-os-Montes (inefável isto outro). De repente, corta-me o passo um moço (bonitão ele, por sinal!) e diz-me, todo sorrisos, à espera dum beijo, um abraço, uma mão sequer mal dada...

—Olá! Pensei que não te alcançava!

Eu fiquei com cara de idiota, porque não —pensava— conhecia de nada aquela beleza com pernas. Mudou-lhe a cara, que quase tive de lhe apanhar do chão as comissuras dos lábios, enquanto eu ruminava o que este me quiser vender, que venda que eu compro, já entregada.

—Não me reconheces?
—Não, deves estar enganado —respondi, não sei mentir, e já me estava arrependendo, pensando para os meus botões ou saíste dum meu sonho ou morri e nem dei por isso, e a pesar dos meus pecados, fui parar à ante-sala do céu para os agnósticos, ali onde viram crentes: aleluia!

—Sou o amigo do J!, que estivemos juntos* no outro dia na Moinobreemoileal.
—És o J! —admirei-me ao fim da minha desmemória selectiva, sendo que o J de que ele falava e o J de que eu falei são J diferentes.

Aí ele já sorriu de novo, reconhecido, nome lembrado. E eu só pensei: Oi, rapariga, ou estás a perder faculdades ou te sobejam os J na miolada...

_____________
* Repare-se que no tal dia não estivera com o gajo cinco minutos, mas horas a falar com ele quase exclusivamente numa mesa com outros colegas que já conhecia e depois ainda fomos jantar juntos, os dois Js e eu sozinhos!!! É grave ou não é grave o meu?

terça-feira, 17 de março de 2009

Médicos e médicas

Esta tarde tocoume ir recoller os resultados do TAC e das análises de sangue ao hematólogo. En realidade, estaba algo nerviosa, porque non sabía que médico do equipo me ía tocar. Cando se xubilou o de sempre, deume a escoller entre o doutor S e a doutora S. A cousa estaba complicada. Non era tanto que tivese algo contra a doutora S, por ser muller, senón máis ben tiña algo a prol do doutor S, por ser home. Só que ao final preferín deixalo nas mans do azar. Por un lado non quixen parecer mal agradecida e polo outro quen sabe se escollendo un non me tiña que consultar a outra un día, polo que fose, e había represalias. Quita, quita, dixen. O que me toque tocoume. E aí é onde vou, precisamente, a que prefería que de tocarme, me tocase un home. E non só polo de tocarme, senón tamén porque se me hei de espir, que antes ou despois sempre chega o día (nin que sexa na hora da autopsia) prefiro que sexa ante un home: síntome menos violenta.

Pero non houbo sorte. Tocoume a doutora S, que para máis é eficiente: non me deu tempo nin a abrir o libro na sala de espera, que xa me estaba chamando para entrar. Logo, para me saudar, deume a man, e xa empecei a estrañar o meu antigo médico, que sempre me daba dous bicos. Aínda van pensar que non é hixiénico que un médico nos dea bicos, pero tampouco é hixiénico que nos dea a man se non leva luvas de usar e tirar.

O único que tirei de proveito é que decidiu citarme para dentro de oito meses, non cada catro coma até o de agora, e coa promesa de que se as calcificacións non aumentaban de tamaño (en canto non me escaneen o cerebro todo ben...), pasabamos ás consultas anuais.

E ante os resultados, recoñézoo, alegreime de que me tocase a doutora S, porque ao doutor S non sei se ía soportar velo e que me vise só unha vez ao ano: era capaz de ter unha recaída!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Carta aberta ao Josito (un dos meus J)




























Sei que has de andar ao axexo, agardando ver o teu rostro aquí a navegar o mundo, na grande estrea da moto do domingo compartida aí co Condado, que exerceu de compás nunha excursión sen mapas nin GPS á procura dun pan de noces e pasas que non atopamos: non me obrigaras a posar nela, estabas aquí agora inmortalizado, con toda a mentira desenmascarada da miña cadea de transmisión presuntamente rota nun lugar no que nin sequera estivemos (claro, claro, tiña que ser a miña, escusa ideal da fráxil muller sobre tremendo cabalo, que ía incitar a conmiseración e que xustificase a túa ausencia na paparota do sangregorio).

Espero que se chegaste á casa san e salvo, non te quebrasen as pernas dunha paulada, que a próxima vez que fagas o cristo enriba da moto, no camiño a Covas, quero eu ter a máquina pronta, pois na retina non fío para fixar os dentes de envexa que me trabaron nas rodas. Ai... eu, que malamente solto unha man, se solto as dúas e me poño en pé había de aprender o que é voar e bater no asfalto nunha mesma lección. Tentada estiven, conste, á calor do viño verde que lle mandamos na despedida, a tomar algunha que outra curva en liña recta. Pero logo pensei que aínda nos queda moito muíño de vento que contemplar xuntos (se antes "alguén" a ti próximo non dita unha ordenanza municipal que prohiba a saída de motos do concello de Pombalnoseixo en días bonitos).

sábado, 14 de março de 2009

Latência










Acordou-me a claridade espreguiçando-se... e a dor: estava na luz só a novidade, que a outra é companheira antiga quando a manhã me tarda. Regressei devagar do longe: Tocara o telefone e do outro lado falava o editor (Já cá só ligam vozes de trabalho, até em sonhos? Dá que pensar...) Dentro da sala, um melro meninho, olhos negros imensos em corpo de pardal, batia em desespero contra o vidro da janela. Então apareceu enorme o melro macho —grande coma um corvo, só distinto no laranja do bico cantando— e segurado um segundo em equilíbrio aéreo, pegou no trinco e abriu.

—Pára aí! —exclamei—. Nem sabes o que aconteceu...!

Mas já os pássaros fugiram feitos aves. Fui eu quem ficou presa na agonia e no grito, sem asas de voar sempre e de tanto sol, cega dos olhos de ver para fora.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Navegando-me na noite










Estou tão sem palavras ultimamente...

Quen lles canta...?


Ao meu meniño pequeno
heino de mandar á escola,
heille de mercar un trompo
e unha castañola...

Cantiga de berce popular


Estamos que rachamos coa pana. O Parlamento Europeo deu na xenial idea de promover un botón vermello que permita aos pais bloquear contidos que consideren inapropiados para os fillos e mesmo as horas que pasen diante de ordenadores ou consolas.

Fóra analoxías con aquel botón vermello utilizado como ameaza para que outros nenos grandes desen tamén a menor guerra posible —de cuxo éxito podo dar fe só co mero feito de estar aquí escribindo estas liñas e non nunha cova, viva ou morta—, estou por me achegar aos nosos ilustres eurodeputados cunha suxestión que ao meu xuízo é de escacha pexegueiro.

Postos a traer criaturas ao mundo para deixalas conectadas a aparellos diversos co fin de que molesten o menos posible (televisores, consolas, ordenadores, móbiles, emepetreses e todosnun) estaba eu pensando que se lles podía implantar xa directamente non un USB no dedo, coma ao finlandés, se non directamente un ordenador. Para iso abonda con baleirar de miolos o cranio e encher logo o espazo sobrante con boliñas de poliexpán, que non pesan. Así, é só cuestión de irlles introducindo programas pola boca ao gusto dos proxenitores ou, no seu caso, do Estado. Logo, retorcendo a orella esquerda pódeselles controlar o volume e para a dereita deixamos as opcións de suspender, reiniciar ou apagar.

Ai, que marabilla de mundo este...!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Em tudo cabe bem a medida... fora os comentários do CãoSarnento

Depois de muito matutar, só tenho isto para dizer:
Obrigada, CãoSarnento!
(As palavras que não percebeste bem coloquei-as em vermelho)

CãoSarnento disse...

Agora não podes dizer que me não esforcei para entender o texto.
Mas valeu a pena o tempo ganho na tradução.


Miss Anyeska não parou a olhar para trás. Se fosse milionária havia de correr assim o mundo inteiro, sem parar, sem pisar nunca duas vezes no mesmo palmo de chão (ai, não me venham agora com Heráclito...) [Aqui tive de recorrer aos livros: heracliteísmo: doutrina que considera como prevalecente a constante mobilidade das coisas]. No entanto, os réditos [rédito = lucro; rendimento; existe com o mesmo significado no português, mas pouco utilizado na linguagem corrente] das falcatruas, ainda que dessem para viver com desafogo, obrigavam a passar fronteiras ao ritmo marcado pela justiça. No fim tampouco era assim tão livre. Na esquina, aguardava o carro já com o motor em marcha.

—Bem-vinda de volta ao mundo, rapariga.
—Não era sem tempo. Trouxeste-me roupa?
—Trouxe. Vamos à minha casa, ou tens outra ideia prevista?
—É melhor irmos para a pensão da francesa. Vai ser o último sítio onde me vão procurar.

A Cedofeita [no Porto?] estava deserta, como sempre a essas horas. Um gato branco e cinzento espreitou-lhes os passos desde o fundo castanho dos olhos [os olhos dos gatos não são amarelos na Cedofeita eheheh]. Quando passaram por ele, Miss Anyeska deteve-se um segundo, desconfiada.

—Uma cara conhecida.
—Quem? —a menina Jennifer olhou ao redor.
—O gato.
—Tu estás parva.
—Estarei.
—Rrrrrr… —ronronou [os cães rosnam, os gatos ronronam] o gato, atrevido, pousando os olhos no abanar das ancas das duas amigas.

Tocaram a campainha ao chegar ao número 13. A dona da pensão assomou a cabeça despenteada [?] à janela [dúvida: por analogia com a finestra italiana, ou a fenetre francesa sem certezas de alguma delas estar correctamente escrita eheheh] do primeiro andar.

—Oui! Quem é?
—Sou eu! Recorda-se de mim?
—Ai, avemariapurísima! Quelle surprise! Anda, sobe, que já vos abro a porta.

Sentiu-se estalar o cordel que pujava do passador. A porta não se abriu. Nervosas, aguardaram uns segundos infinitos até que sentiram passos pelas escadas. Um moço louro da raiz às pontas do cabelo apareceu do outro lado da porta, descalço, metendo a camisa por dentro das calças de ganga [ou jeans] e ajeitando o cabelo revolto.

—Passem, passem —dito com pronúncia de longe e voz aguda [pito ≠ de adolescente]
—Muito boas noites —contivo o alento a señorita Jennifer, fincando-lhe um cotovelo nas costelas. [com esta é que me lixaste eheheh]
—Oi, que se partiu o cordel da porta! Vou ver se o amanho [“arranjo” é mais utilizado por cá] num segundo! — gritou com voz de gralha [pássaro da família dos corvídeos que tem um piar estridente e irritante] o faz-tudo [milmañas ≠ atrevido], com receio de estragar tanta beleza.
—Não demores, rei, que arrefece a ceia! [frase retirada, provavelmente, de algum clássico da literatura? Perdoa a minha ignorância]

O tom confirmava que a voz do moço não batia, em absoluto, com o seu aspecto [aqui poderia dizer-se que “não batia a bota com a perdigota” eheheh]. La Queue Bleue franqueou-lhes a passagem, com uma bata de seda violeta acabada de estrear e o lábio superior escaldado numa depilação apressada.

—Passem, passam! Não estava à sua espera! Vale uma alegria pela outra —murmurou acenando para baixo, saudosa do descanso interrompido.
Parece que [Seica ≠ nome próprio] não dispensa a boa mesa —disse a fugitiva piscando o olho.
—Ai, a este cangalho já não lhe resta outra coisa que soltar a galinha para comer quente [a esta também não entendi o sentido, tinha que pagar para comer comida quente... entende-se o quê?]suspirou [salaiou ≠ brincou] agudizando as palavras com pronúncia afrancesada.
—Não seja modesta, que está esplendorosa. Tomara eu chegar assim à sua idade. Em tudo cabe bem a medida —mentiu Miss Anyeska citando um apotegma [apotegma existe no português mas será utilizado talvez em linguagem mais erudita. Eu próprio a desconhecia, apesar de agora verificar que uso bastantes “apotegmas” na minha linguagem corrente eheheh] dos antigos sofistas gregos, diz-que.
—É, caber cabe bem, cabe —concordou, desta vez falando verdade a amante da sabedoria experimentada. [aqui talvez se pudesse utilizar “sabedoria popular”, em vez de “sabedoria experimentada”, se bem entendi o sentido. Não, "experimentada" de que sabe por experiência própria.]

terça-feira, 10 de março de 2009

En todo cabe ben a medida

Miss Anyeska non parou a mirar para atrás. Se fose millonaria había correr así o mundo enteiro, sen parar, sen pisar nunca dúas veces no mesmo palmo de chan (ai, non me veñan agora con Heráclito...). Pero os réditos das falcatruadas, aínda que daban para vivir con xeito, obrigábana a choutar fronteiras ao ritmo que a xustiza lle marcaba. Ao final tampouco era así tan libre. Na esquina, agardaba o coche xa co motor en marcha.

—Benvida de volta ao mundo, rapariga.
—Era sen tempo. Trouxéchesme roupa?
—Trouxen. Imos á miña casa ou tes outra idea prevista?
—Case mellor tira para a pensión da francesa. Vai ser o último sitio no que me busquen.

A Cedofeita estaba deserta, coma sempre desas horas. Un gato branco e cincento espreitoulles os pasos desde o fondo castaño dos ollos. Cando pasaron por el, Miss Anyeska detívose un segundo estrañada.

—Que cara coñecida.
—Quen? —a señorita Jennifer mirou ao redor.
—O gato.
—Ti estás parva.
—Estarei.
—Rrrrrr… —rosmou o gato, confiado, pousando os ollos no abanar das ancas das dúas amigas.

Timbraron ao chegar ao número 13. A dona da pensión asomou a cabeza espeluxada desde a fiestra do primeiro andar.

Oui! Quen vai?
—Son eu! Acórdase de min?
—Ai, avemariapurísima! Quelle surprise! Anda, sube, que xa vos abro.

Sentiuse estralar o cordel que tiraba do pasador. A porta non se abriu. Nerviosas, agardaron uns segundos infinitos ata que sentiron pasos polas escaleiras. Un mozo louro da raíz ás puntas apareceu do outro lado da porta, descalzo, metendo a camisa por dentro dos vaqueiros e axeitando o pelo revolto.

—Pasen, pasen —dixo con acento de lonxe e voz de pito.
—Moi boas noites —contivo o alento a señorita Jennifer, chanchándolle o cóbado á compañeira nun costado.
—¡Oi, que rachou o cordel da porta! ¡Vou ver se llo amaño nun segundo! —grallou o milmañas, porfiando en estragar tanta beleza.
—Non tardes, rei, que arrefece a cea!

O ton confirmaba que a voz do mozo non canxaba en absoluto co seu bico. La Queue Bleue franqueoulles o paso, cunha bata de seda violeta acabada de estrear e o labio superior escaldado nunha depilación urxente.

—Pasade, pasade! Esta si que non a esperaba! Veña unha alegría pola outra —murmurou acenando para abaixo, saudosa da folga interrompida.
—Seica non dispensa a boa mesa —chiscoulle a fuxitiva o ollo.
—Ai, a este cangallo xa non lle queda outra que soltar a galiña para comer quente —salaiou agudizando as palabras de ecos franceses.
—Non sexa modesta, que está esplendorosa. Tomara eu chegar así aos seus anos. En todo cabe ben a medida —mentiu Miss Anyeska citando un apotegma dos antigos sofistas gregos, disque.
—É, caber cabe ben, cabe —concordou, desta vez falando verdade a amante da sabedoria experimentada.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Pastel cor de rosa

Tivo unha época en que lle deu pola cor de rosa. A avoa foina recoller à escola e entraron nunha pastelería.

—Entón cal queres, cuqui?
—Ese!

Elixira cos ollos arregalados un inmenso pastel cun aspecto sintético que arrepiaba a razón. Cor de rosa. Saíu coa felicidade pintada nos labios, as mans suxeitando ben o doce. Aventuróuselle tímida e larpeira a lingua, tocou na crema e recuou, mudando o xesto, o brillo de felicidade a transformase en bágoa pulando por rebentar a escorrer polo rostro. Colleu folgos, chanchou os incisivos leve, que era cor de rosa e era lindo, dela enteiro. Navegou pola boca a migalla sen paraxe, revirouna buscándolle o gusto que lle imaxinara rosa coma a cor, suave. Enguliu, glup. Logo non fixo hm... senón agh, muda. E mirou de esguello para a avoa. E a avoa ao cabo era avoa.

—Non che gusta, non, cuqui? Pois non vas quedar sen merendar. Anda, trae, que compramos outra cousa.

Volveron entrar na pastelería. Ante os seus ollos todas as lambonadas do mundo expostas: o branco da nata, o amarelo da vainilla, o castaño do chocolate...

—Entón cal queres?

Os ollos ilumináronselle e asomáronlle os dentiños todos armando un sorriso meigo.

—Ese, o drosa...!

domingo, 8 de março de 2009

Uma coisa pela outra










Antes de eu ser bloguista, andei uns tempos saltitando de blogue em blogue à procura, sem saber, de razões que me levassem a criar um próprio, quando uma noite por causa do link dum “cabelo à foda-se” acabei aterrando em viagem directa de Escócia a Lisboa. Ali a encontrei, comentando, ali me enfeitiçou tanto, que até o do hoje fiquei encantadíssimo sapo e fiel, pela ironia com que despacha elogios ou pancadas, sem nunca perder a compostura (e era para acrescentar um “olé!”, não fosse que as touradas, dessa margem e desta, nem pintadas...).

Dela pode-se dizer quanto de bom se possa dizer, especialmente, que gosta de estar a primeira quando é para estar. Que tem sempre um comentário atinado pronto, se é para o ter, ou despropositado se o despropósito do texto o exigir. E cá entre nós, que tem uma cabeleira linda de morrer... nem que nem ao microscópio se distinga o contraste das madeixas, mas, diz lá se não são estas pequenas desgraças quotidianas as que dão matéria suculenta para escrever e exor-cismar?

E para já, como quer que foi a primeira a comentar neste tasco, espero, uma coisa pela outra, valendo-me da diferenza do fuso horário, ser a primeira a gritar baixinho:

Desejo-te muito walking on Sun-shine, menina Teté!

E beijocas. É claro. (`_^)

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ver ou mirar



















Onte á noite reviviu o Cineclub Poleiro, desta vez instalado na Aldeia das Carrouchas, con grande éxito de público, que se había dicir se isto fose unha crónica. De entrante, tal como prometeron que ía ser habitual, serviuse unha curta, As cousas de Kulechov de Susana Rey (que xa vin mil veces e dispensei, non porque non mereza senón porque aproveitei a tomar un café, que cheguei expresada sen tempo nin para cear nin para afacer os sentidos à ausencia dos patíns nos pés...) . Logo veu o que estaba anunciado, un filme de andar polo chan a rastro entre as gargalladas que suscitaba o seu humor acidoclorhídrico ou as coiteladas do como-a-vida-mesma nesta nosa era das tebras. E quen non se vise nun momento ou noutro retratado que lance a primeira pedra... sobre a súa cabeza, que non merece estar no mundo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Nothing lasts









Ao Marreta, que me fez feliz quase três horas, sem ele dar por isso

Pensava que os meus ossos não gostavam de filmes longos, que após duas horas de inactividade os músculos, doridos, competiam sempre com o ecrã pela atenção do cérebro. Preconceitos.
Pensava que trás um título anódino e um tráiler vulgar não podia haver um filme bom, nem sequer decente. Preconceitos.

Já desde a primeira cena em câmara lenta soube que ia gostar durasse o que durasse, e mesmo sabendo que nada dura nem que seja à câmara lenta, que nem a vida nem a morte aguardam por ninguém. Podia ser a história de qualquer um: não era o argumento o extraordinário, sendo fantástico em sentido estrito. Era a maneira de relata-lo e retrata-lo, era ver-se a gente representada nas vivências, ouvir-se falando as frases tantas vezes ouvidas, e era o sossego da voz que narrava. E o rabo do giraço, não nos iludamos!, quando está de pé e de jeans encima da cama com a outra. Lamento, Teté, mas naveguei a web à procura do fotograma sem êxito. Quem sabe? Talvez era mais um efeito especial...

E aos meus amigos, pelo sim pelo não,
que nunca sabemos o que o amanhã traz...

De filme em filme




Cliquem para ampliar,
seus pitosgas,

e acreditem no que vem!



E até parece que não vou ser eu só a ir ao cinema mas que o cinema decidiu vir a mim, digam lá onde vão encontrar mais por menos! Quatro filmes por 6€, na primeira quinta-feira dos meses de Março (a começar amanhã), Abril, Maio e Junho, às 21:30 (hora de Madrid).

E sem pipocas...

Ás apalpadelas










Estaba convencida de que encontrara un estudo que ía dar un xeitiño á miña vida. Polo visto (velaquí unha frase ad hoc), hai importantes avances tecnolóxicos para levar a información visual ao cerebro a través do tacto. Unha, que xa lle vía atractivo a isto de falar polos dedos, alegrouse ante a posibilidade de que se transformase positivamente en dobre sentido común un dos dobres sentidos máis comúns da expresión “andar ás apalpadelas” (o outro xa era bastante positivo se apalpante e apalpado estaban de común acordo). Imaxinábao con todos os pormenores, incluso que inventasen protectores, tipo lentes de con-tacto, se non que grima (ihhhh!, arrepieime toda), rozar aí coas córneas cada vez que os ollos, digo os dedos, se nos fosen detrás de algo; que proído, ao se filtrar na retina o mollo picante por comer cos ollos, digo cos dedos.

É máis, se facemos caso do que dixo por aí nun comentario o outro (o outro é o Jonas, pero tampouco imos a andar ligando (?!) seguido nel, non se vaia emocionar e regrese á cova) de que din os sofistas (vou pensar que no sentido clásico de “sabios”, non no de espertos en artimañas para entrar de primeiros no ascensor da política, que non debía andar lonxe do pindárico de “leriantes” –estou vendo que aínda fago un máster acelerado en Filosofía) “maus conselheiros são os ouvidos e os olhos”, non nos debe estrañar que santo Tomé preferise tocar para crer, nin que tivese que ser escaravellando na ferida, que calquera se fíaba entón tanto como abundaban os efectos especiais, tipo multiplicación do pan e o peixe e viño do bo cando se acababa o malo nos casamentos, e iso que aínda non se inventara o cine nin os informativos. Xa imaxinan o bonito que había ser cando un político prometese montes e moreas en vídeos trucados que os votantes, virados todos santotomés, lle puidesen retrucar:

—Eu iso, só apalpándoo!

Pero non podía deixar de haber un pero, que por algo os verbos do primeiro parágrafo están en pasado... imperfecto. Porque para cuestións materiais ou carnais, o sistema ten un pase, pero que me expliquen como habiamos facer para contemplar a lúa e as estrelas. Ou será que tamén as temos que tocar para saber que existen?

Cinecartaz


Em breve!

Nas melhores salas do país
(e parte do estrangeiro...)

Sun Iou Miou!

em

A espectadora (O regresso)


a não perder

terça-feira, 3 de março de 2009

Inconsistencia é fráxil fantasía

Construir no ar é soño e
desencanto.
Son leves de elevar sobre alicerces ocos no infinito
os abismos,
con aceiros irisados de translúcidas
miraxes
e perpiaños de
incerteza
e nos vans sae de balde deseñar fiestras innúmeras con vistas
a ningures.

Un ascensor vidrado en propulsión dispara
os inquilinos incólumes
á nada
(ninguén se lembrou de proxectar as escaleiras).
E cando perden pé é tal
o estrondo,
que os corpos dos peóns esmagados,
mentres sacoden da roupa
a poeira
e recompoñen o xesto
inexpresivo,
non reparan na ausencia na baía
do horizonte.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Pánico escénico










Ai, que hoxe é dia de titular con vocábulos esdrúxulos a fin do desafío (e quen o lembra fóra de min e de quen tanto me aturou por carta as neuras?). Catro meses catro de gozar en desennobelar cada frase, en escoller cada peza e pintala doutro son, de levala aloumiñándoa para o seu sitio, o sitio certo, ese en que debe ir e non outro para lograr que un texto sexa non sucesión de sintagmas, senón Literatura aínda despois-de. E agora é só agardar —co corazón alado pulando na gorxa e os labios apertados, que non fuxa en ave ao contacto co ar desintegrada— que se levante o pano dun teatro ao revés no que o público dixire a obra cando xa os actores fixeron mutis polo foro e o apuntador, mentres fuma un cigarro ás agachadas nos aseos, empoleirado na taza do váter, declama diálogos de cor tan polo baixo que ninguén os ouve.

Publicidade enganosa

Folleaba a prensa nun bar en Cidadeabertaaomar despois da entrega (véxase texto seguinte, se apetece), tratanto de deglutir o cacho de tortilla que lle facía base ao cortado, que se me atravesaba a cada volta de páxina, cando detiven estúpida-facta os ollos nun anuncio a toda páxina e a toda dereita (á esquerda quedaba esquecido o rostro dun perdedor calquera dos comicios esganado cunha papa de enquisas e películas de imperios decadentes que a turmix non triturara como convén a bocas fanadas) dunha entidade financeira que lle chaman aos usureiros que venden felicidade ao peso, coa foto dunha loiroprincesiña olliazulada que xa non está na idade de crer en contos:

"Tiña razón miña nai. Se queres algo, chega con desexalo intensamente."

E unha, eu, toda a vida enganada, pensando que se se quería algo, había que se esforzar moito para conseguilo, traballar, loitar, aprender sempre... e mesmo así, o éxito non estaba garantido. Pero, claro, miña nai era do século pasado. Que sabía ela?