segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Un taxista no Bairro Alto

Antes de entrar a ler isto, recoméndase que pasen por aquí.

Non me gusta traballar aos luns de noite porque non se quita un pataco. Polo día, aínda aínda, que a xente érguese tarde e logo veñen as présas por chegar ao choio, e outra cousa non, pero se hai que correr córrese e se non —para que nos imos enganar?— tamén. A min é iso o que me gusta no fondo: o barullo do tránsito, as bucinadas nos embotellamentos, insultar veña ou non veña a conto (sen ánimo de ofender, conste, só pola festa, que a min, ao cabo, se un se me pon no medio, a carreira sobe e saio gañando, pero algo haberá que lle dicir a esa manda de inútiles que circula por aí para que esperten e aparten do medio, deus que os deu!). Logo ademais hai cada cata raro, que mete medo, como me aconteceu o outro día, por estas horas, que xa só de pensalo esfurrico e non é que sexa covarde, pero ó caralliño, o que ten cu ten medo, con perdón. E se non cóntolles, a ver que facían —que hai moito afouto de barra de bar, ai non!— no meu pelello.

Pois foi como digo hai hoxe oito días, destas mesmísimas horas, as tantas, estaba eu na praza Camões á espera de clientes. Pola rúa non se vía unha alma, fóra un individuo pequenote que había sentado nun banco a mirar para as estrelas (como se se visen, con tanto farol!): unha calma de arrepiar. Sorte a miña que levo sempre na guanteira unha petaca de augardente para levantar o ánimo, se non, non hai que ature esas horas mortas, tanto silencio que marea. E de temperatura nin se fale, un bafo condenado, e aquí un servidor sen se poder deixar estar en camiseta de asas, que hai que amolarse, tanta etiqueta. Será máis bonito suar coma un pito, pero engravatado, iso si. Home home... En fin, que me estaba a entrar un can, que non me tiña (pásame cando ceo forte e atacárame cun arroz de zarrabullo que me fai a calloa que é de lamber os dedos) e deixeime ir topeneando... Mi ma, o susto que levei cando petaron no vidro! Nin sabía onde estaba de primeiras. El non era o fulano que vira sentado no banco? Tamén lle puido acordar antes ao pasmón! Se se descoida fáiselle día. Pero claro, era brasileiro, que logo se delatou no acento, e esta xente anda a outro ritmo. Total que montou e pediume que o levase para a parte do Benfica: se fose a unha hora decente, nin lle pagaba a pena ir en coche, que chegaba antes a pé! Xa dixen que as noites dos luns non renden. Cando me mandou parar, estabamos ante unha mansión de tres pares, que non gaño eu para comprar aquilo, vamos, nin en sete vidas a pencar noite e día, e veñen estes e móntanse no dólar en hora e cuarto. Entón pregunteille, por curiosidade, non que me importase:

—E logo como vive nunha casa destas sendo que isto aquí é caro, carísimo?
—Traballando, meu! —contestoume todo farruco.

Aí xa me tocou os bemoles!

—Mire, machiño, eu son da terra, vivo aquí e traballo aquí hai case vinte anos e aínda non gañei nin para mercar un chabolo e vostedes os brasileiros chegan e dun día para o outro xa son os donos do mundo?!

En mala hora dixen tal! Pois non vai o outro e me espeta...

—Sabe o que? Eu ando nunha rede de traficantes e asalto un banco ao día.

Arrenégote pecado! Nin lle cobrei. Deixei o guicho cos cartos na man e saín queimando roda para a comisaría, cunha humidade quente na entreperna. Así e todo, xa me estaba vendo nos papeis, a miña fotografía a toda cor e os titulares:

UN TAXISTA, HEROE DO DÍA!
A policía metropolitana descobre
unha rede brasileira de ladróns de bancos
grazas á colaboración desinteresada dun cidadán exemplar

Ao final para nada. Porque polo visto o cata tiña tanto de bandido coma eu de heroe. Ou quen sabe, que igual subornou os axentes... Bos son uns e outros! O asunto é que eu quedei sen cobrar a carreira e sen os meus quince minutos de fama. E aínda ben, que a muller estaba a durmir cando entrei pola porta e puiden botar o pantalón ao lixo sen dar explicacións…

domingo, 23 de agosto de 2009

Lucubrações para uma história sem final










Eu estava frente ao rio; dizer o contrário seria dizer o contrário, até mentindo. Era tarde de domingo e acompanhava o café dum gelado de pau, sabor artificial de morango por dentro, chocolate por fora que nem que fosse couro de mundele, cangundo mesmo, só para a gente reconhecer que era o dia do senhor, não dum senhor qualquer, mas dum senhor gelado. Como é o meu costume, ia dissimulando a preguiça num livro, teimosia viciosa minha na aprendizagem: mesmo quando parece que se descansa continua a cabeça fervilhando, incomodando os neurónios poucos, parvos. Nesse dia, que era de tarde, já disse, não lia uma história qualquer, nem era negócio fingindo-se ócio num fundo de escritório azul de águas levemente encrespadas na maré enchendo-se da foz. Não, era mais o Luandino, meu mundo e à parte, me infectando. E aí tive de parar, porque dos malabarismos dele ia-me nascendo um outro enredo diferente no pobrezito, no minhoca que era ao câmbio comparativamente, mas de invenção por mim própria vivida a me fazer comichão nos dedos. Assim, não adiantava continuar na leitura nem adiantava resistir-se à escrita: de caneta e caderno sobre a mesa, estava eu sonhando-me como nem havia tantos dias estivera na Nova, em rumo previsto à Invicta, num banco da Estação do Caminho de Ferro do Centro Coordenador de Transportes (ora, já se viu nome longo e paralelo para dizer afinal comboio lento-lento que nem caracol sobre cinzas?). Estávamos eu e o calor, que era este de caírem os pássaros em picado, de estalarem as pinhas a semear para o futuro agulhas muitas, que por cá chamam garuma, palavra mais rascante que arume para figurar num hino que se cante de peito enchido, sobre tudo se as ditas finas folhas conformam harpa do vento verdescente.

—Bilheteira cá é serviço que inexiste —disseram-me quando perguntei no relato que me vinha ao encontro—. O bilhete só dentro se compra, pagando no revisor: assim sempre tem tempo de recuar enquanto não sobe.

Pois, pacientes e tranquilos, aproveitámos a espera de não nos arrependermos, uns tricotando, outros lendo, outros pasmando, quem escreve agora revendo um texto moribundo cuja cura me encomendaram, numa tentativa de endireitar estruturas contorcidas e estridentes, mas já no desânimo que vislumbra o esforço bate-que-bate na vaidade cega de quem nem sabe que não sabe: felicidade dos néscios.

Mas pronto, não há desprazer que cem anos dure. Quem já me leu nas linhas e nas entreestrelinhas sabe que o meu magnetismo entre bêbados, drogados, tarados e loucos, em geral e muito particularmente, equivale a merda para as moscas. Assim que ele venha, seus olhos azuis enormes vidrados, a voz atrapalhada na língua pela acumulação de substâncias tóxicas ingeridas e pior, as que se ansiavam, a me oferecer léria de graça, nem que eu estivesse carente de palavras derreadas. Até que enfim, duas vizinhas da Aldeia que iam à praia a Âncora (Vila idem de) apareceram a me dar conversa séria: sol, cremes, toalhas coloridas, idas e vindas, carros nem vê-los, engarrafamentos e manobras de estacionamento conjugam-se em particípio passado, e tarifa reduzida para idosos vive l'Europe!, o comboio é que é bom!

Bom mesmo foi que afinal desceram e me deixaram sozinha naquele forno sem ar, nem acondicionado nem natural. Dizem que somos escravos do ambiente à medida, mas em tempos, se o dia estava escaldante, as janelas abriam-se e entrava uma brisa a aliviar a temperatura excessiva por elevada e apareciam pelos apeadeiros vendedores a apregoarem refrescos de potabilidade duvidosa, que em troca duns trocos paliavam desidratações: no mínimo a morte adiava-se até a aparição dos primeiros sintomas da caganeira. Agora não, a gente fica assepticamente ilhada entre vidros fixos, a cozer no próprio molho e a lume lento, não por baixo mas por vagaroso: duas horas cem quilómetros, e isto no rápido! Quem quer experimentar no Foguete de Prata?!

Soube logo que entre outros efeitos colaterais directos, uma parte de cérebro nunca mais se me recuperou, derretida, como o gelado que me caiu sobre as calças, na margem do rio, e me acordou, pondo fim a estas lucubrações, que não à história.

As mãos






António Pinho Vargas
em Vila Nova de Cerveira


Confesso que fui ao concerto com receio, porque só conhecia o mestre através das pesquisas que fiz na net e o facto de que ele fosse músico de jazz (não é o meu estilo de música preferido, por não admitir abertamente que só o aguento ao vivo —vai aí matéria para psicanálise: em conserva altera-me os nervos, nem dois segundos posso ouvi-lo). Mas adorei, adorei primeiro porque me emocionou a música que interpretou, porque sim (emoções não precisam de razões) e depois porque veio a confirmar que a timidez dumas mãos que nem sabem onde se colocar quando as teclas do piano ficam a mais de meio metro não impede que no rostro e na voz brilhe a simpatia, que até arrancou gargalhadas no público (aliás, muito mais reduzido que nos outros concertos do ciclo, nem sabe o pessoal o que perdeu...) com duas anedotas sobre a gravação do seu último vídeo-clip: não vão procurar nele nem sequer um porno soft, nem pensem que vão ver outra coisa que um homem ao piano... Fechem os olhos e abram os ouvidos à magia dele, o prestidigitador.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Chapada letal

Vá, hoje podem malhar em mim sem dó, que já nada me pode ferir...

Cena X
Na véspera. Exterior. Dia. Contra o fim da tarde. Jardim do Castelinho na Nova

Um casal acompanhado da filha, uma criança duns oito anitos, passeia calmamente pelo trilho. Aparece a Sun Iou Miou a patinar, feliz como uma minhoca em cio, grácil que nem abutre pairando sobre vaca moribunda, o mp3 nos ouvidos baixinho a sussurrar músicas lindas (em má hora não estava aquilo a rebentar os tímpanos!, pensou depois, mas já era tarde!), tudo, como já deve imaginar o leitor imaginativo, uma harmonia etérea a roçar os níveis do enjoo, que as pedrinhas traiçoeiras do caminho podiam interromper... Só?

—Cuidado ahí, que hay que dejar pasar a la gente —diz a mãe, pegando na miúda para me darem preferência de passagem.
—Sí, sí, claro, aquí es mellor apartarse, que pasan abuelitas en patines... —responde aquele estupor.

E justamente nesse instante foi como se aparecesse do nada a brigada de controlo da doença das vacas tolas do Ministério de Sanidade a buscar para incinerar o cadáver tão cobiçado, como se uma enxada caísse sobre a terra, húmida e fértil, truncando um sonho hermafrodito de acoplamento ventral em livre troca de espermatozóides, como se um vírus mortífero infectasse o mp3 com isto. Mais não digo.

Uma nota de cor










De preto e na hora (isto último, facto insólito, mas aí notou-se que ele não é português), o pianista abriu mudo o concerto com uma curta-metragem muda que adorei, de cinema antigo, cujo título, infelizmente não cheguei a ver, despistada como andava em preparar a câmara. Pode-se dizer que o gajo esteve brilhante, e mudo, alguma vez que outra interrompido por aplausos a destempo —já se sabe, as pessoas não têm paciência para bandas sonoras inteiras—, mas nada que não se solucionasse com uma cabeçada de desaprovação e a impertérrita não reacção do artista que continuou à sua, e mudo.

Enfim, que muito bom, sim, mas um boa noite minhas senhoras meus senhores nem que fosse na língua do império e um outro até mais nunca em qualquer idioma conhecido ou desconhecido o pessoal agradecia. E se fosse realmente mudo? Também existe a linguagem de signos, por sinal: chama-se sorriso.

(E isto tudo que tem a ver com o título? Ora! Não vou dizer tudo: um pouco de mistério não faz mal aos neurónios. Cliquem na fotografia para ampliar, seus pitosgas.)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Un voto, un dedo menos

Miro para o dedo entintado e tremo. En realidade, non miro para el cos ollos de fóra, simplemente o sinto oculto, e tremo. Tento imaxinar como será a dor —atroz—, a brutalidade, a estupidez mortífera e cruenta nun outro mundo onde a muller está sometida á ignorancia violenta. Tento imaxinar e non dou feito: ningún dedo me falta ao escribir estas liñas.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Escapada ao Alto Douro (III)







Favaios


Tronkimazín condúcenos a Favaios seguindo a ruta que fixera coa calloa e este punto era especialmente especial: por un lado, iamos probar o afamado favaíto, unha especie de moscatel con xeo picado, que nos fixo cóxegas na gorxa sen subir un grao o nível de alcoholemia (nada que ver co tinto efervescente que lle mandaramos en Amarante); polo outro, íanos arrastrar por camiños inestables até un pazo abandonado, que nos deixou lamentando a ausencia de metálico para mercalo e quedar a vivir alí, á sombra, entre favaíto e favaíto, cuspindo carabuñas de cereixa ao ceo.

Antes de marchar, mandámoslle un grolo na fonte pública, que era desas de cano gordo de antigamente, que non hai boca que conteña o chorro, co que refrescan por dentro e por fóra. Que si, que saín pingando.

A última parada da excursión foi Murça, onde repuxemos forzas cun xantar lixeiro e cargamos as maletas de aceite, do mellor aceite do mundo, quede claro.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Escapada ao Alto Douro (II)










Pêso da Régua


Para contentar ao Tronkimazín, que morría á fame, e ao Condado, que loce corpo lanzal des que deu en facer réxime estrito, houbo que limitarse en Amarante a un xantar austero de presunto con azeitonas e viño verde (tinto), con pan, (vállanos iso!), que a min cando me menos me levou a perderlle o medo ás curvas, a aínda ben: de agora en diante non saio da casa sen un copo que me equilibre a prudencia e o respecto. Logo, entre a posibilidade certa de nos cocermos no propio mollo baixo a roupa ou a probabilidade incerta de nos esfolarmos por un despiste tonto (ao cabo, intención de nos esnafrarmos non tiñamos), relegamos chaquetas e pantalóns protectores ás maletas e os colegas saíronme de chulitos, lucindo ombro macarra: hai foto, pero non lles vou dar o pracer de velas. (En fin, todo ten un prezo.)

En Pêso da Régua, medios deshidratados, paramos a tomar un café e unhas Pedras nas antigas cocheiras do tren e contamos autobuses: máis nada. Logo tiramos a Pinhão, onde houbo que meterlle ao corpo outras Pedras, desta dúas por cabeza, e o Tronkimazín e mais eu cadanseu xelado de plátano e amorodos, slurp, slurp, mentres o Condado resistía, cos ollos chorosos, estoico no seu case xaxún, finxindo desprezo.








Pinhão

Escapada ao Alto Douro (I)







Amarante


Eran as 10.13 da mañá e o timbre do móbil interrompía o que prometía ser un intenso e implacable debate sobre queixos no googletalk en horario laboral. A voz desafinada do Tronkimazín, na que se lle adiviñaban as lagañas sen despegar, soaba indecente na proposta sedutora coa que me tentaba a plantar ipso facto o choio e a saír zoando cara á casa do Condado coa moto entre as pernas. De alí a media hora puñamos rumbo ao Alto Douro, monte a través primeiro até Sapardos para enlazarmos coa A3, e aí xa, sen piedade, (eu freándolles as ansias e as posibilidades de multa, que de 120 km/h non paso, ou corro o risco de saír polo ar) até Fafe, onde caeu o primeiro café luso e onde o Tronkimazín, que nos viña sen almorzar tras unha noite de tolos (e non é metáfora), aínda sen consciencia de que deixara ben atrás a fronteira, se arrimou ao mostrador para pedir un "pincho de tortilla" en impecable español. Cando nos fartamos de mofarnos del, que se tivo que conformar cun taco de friame (sen preguntar pola procedencia do morto, tal era a larica), fomos arrañando asfalto, exercitando a cintura polas curvas da estradiña a Amarante.

domingo, 16 de agosto de 2009

Grande, no mínimo










Íntimo, no auditorio ao ar libre de Vila Nova de Cerveira, o Tiago Bettencourt rematou os segundos bises coa primicia dun poema do David Mourão Ferreira, "Amor difícil", musicado por el para un disco que anda no forno. Xa ao inicio, despois de advertir que non se pode habitar nos ollos dun gato, e malia o papel de incompetente que representaba (mellor dito: a que brincaba), garantiunos que ía ser o mellor concerto das nosas vidas (esta, as pasadas e as futuras, todos gatos setevitalinos de ollos deshabitados, nós, o público sorrinte?) sempre claro, esperaba, que non tivésemos visto moitos concertos. E se non foi tanto, foi case. Non estivo mal nada. El e a súa simpatía, implacables ambos ao piano, e arrincando aplausos á forza, na despedida: "Agora eu vou tocar esta (O jogo). Depois vou para alí para fora esperar que batam palmas. (Por favor, batam palmas.)" E batéronse, batéronse palmas, até doer as mans, en pé, por duas veces. O rapaz merecía, porque sabe chegar... e chega.

sábado, 15 de agosto de 2009

Up ou as festas da Nosa (deles) Señora da Agonía










En xeral, decepcionoume. Unha película para ver en familia? Talvez. Se se deitan todos xuntos logo para amparar na escuridade os pesadelos dos pequenos. O mundo é cruel, quen non o sabe?, pero eles teñen tempo de aprender o terror dun exército de cans doentes ao rabo. O da morte, dicían, era duro. O da morte é o único que está descrito con delicadeza: pois sempre xa morreu o avó ou avoa, tan queridos, e eles entenden. Pero entenden a loucura do heroe convertido en demente perverso, eliminado ao estilo ditadura en mala hora arxentina: caída, mar, baleiro sen fin? E cada vez que encontren de fronte un dobermann ou un rottweiler quen lles vai lamber o medo? Iso si, non teñan reparos, que o sexo aínda non existe: os seres vivos son feitos da substancia das nubes (e se cadra, o máis simpático da historia, sen vir a conto).

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Depois foi a foz do Lima e um meia de leite: calor no corpo, folgos no bestunto.
—Normal ou directo?
—Directo.
—Directo.
—Não, olha, desculpa. Normal.
—Normal. Não faz mal. Normal não faz mal.
E foi-se rindo-rimando, enquanto eu demorava o regresso nos versos do Ondjaki, chãozinhando-me lesma, ele sim, altamente, up, rente da terra:

lágrima
é uma sensação que escorrega.
mundo está seco de coisas e trans-sensações
assim a lágrima presta-se
a desressequir o mundo.

De "Lágrima, gota lágrima
(ou: todas despedidas do mundo)"
Há prendisajens com o xão. Ondjaki

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A simetría, o número dous e o acaso









Ben sei que non te vou encontrar, que non son esas as horas en que mergullas na escuridade da sala, fronte a resplandor hipnotizante da pantalla. Mesmo así, porfío en retar o acaso e utilizando a imaxinación, creo un punto no imposible no que as nosas paralelas se unen, coma os raís do tren... e deseguida, racional e xelidamente, descréoo.

Á vontade, dime o acomodador, e vou para o meu sitio de sempre (un lugar solitario) na sala deserta: a película vai comezar. Un rostro xeométrico dá inicio ao imperio da simetría na repetición de xestos, de silencios e de frases, de encadramentos; no dous omnipresente (dous cafés, dous violíns, dous corpos espidos, dúas cabezas, dúas panorámicas da cidade, dúas maneiras de ligar, dúas gabardinas, dúas caixas de mistos, dúas guitarras, dúas peras, dúas mesas vermellas...), no helicóptero, nas prazas recónditas e nas rúas estreitas, nas ventás que mostran pinturas e nos cadros que se mostran coma ventás, no obxecto e na súa representación, nas notas de papel, na contención do tai-chi, nas varandas, varandas, varandas a marcar límites..., só rota na explosión da fermosa escena de baile flamenco (e conste, diso tamén non entendo, pero aquelas mans móvense coma bolboretas que acabasen de saír do casulo), até o punto de lle arrincar —non, non por azar, senón en consecuencia— ao impertérrito asasino un único sorriso.

Ficción e verdade? Só na imaxinación e na arte existe a orde e a harmonía, fronte ao caos da nota en branco derradeira que reflecte a paisaxe desolada do regreso á arbitraria realidade e do lenzo que representa o baleiro, onde a vida non vale nada. (Respirar.)

Alguén entende de música, por un casual? Ao cabo español tamén non fai falla saber. (Francés, inglés e árabe dan máis xeito... e portugués, para os subtítulos.)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Desde o Patropi...










Até a margem do Minho, dançando ao som da Bahia pela noite fora.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

25 anos!










Pensa no tantão de gente boa, alegre,
solidária e divertida que conheceste,
conheces e que vais conhecer.

Faloume así o Oscar Mourave un día que non estaba sendo día de tan negro, e eu, nin sei por que (sei, ho, sei!) no acto lembreime de vós. Porque a amizade é un camiño que ás veces se me impón intransitable, pero están sempre aí uns poucos a me indicar o rumbo certo. Logo, chega a hora, e as palabras que me veñen á cabeza son sempre escasas e breves (grazas, quérovos, fáciles de pronunciar en aparencia de tan simples, pero que traban a lingua contra o fundo da gorxa) e póñome a pensar no prodixio da música, que todo o mundo comprende e na que vós sodes mestres para felicidade minúscula e inmensa dos outros nós.

Parabéns, María Jesús e David!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mudando fraldas










Ontem foi um dia de experiências novas. Os responsáveis da manutenção deixaram-a en casa em estado de suspensão, de maneira a convencer-me para ficar com ela. Na verdade, eu estava com receios de que fosse avariar ou partir alguma peça numa queda imprevista, mas não foi assim nada. Funcionou em todo o momento tal como me indicaram. Acordou com meia lagriminha que logo virou sorriso e pusemos um vestido lindo, lindo de morrer, cor-de-rosa, sapatinhos a condizer, tomamos a papa de fruta sem sujar um nada o babeiro e saímos a dar um passeio, mas voltamos logo, que estava muita calor e não gostamos nada desse sol danado nos olhos. E mudamos fraldas (cá entre nós, por um instante pensei que a bebé se estragara, o cheiro que desprendia, mas ao parecer, é natural). Limpinhas já, decidimos que estava na hora de descansar, lendo um bocado, nada de ensaios nem filosofia, uma coisa ligeira —um romance de setecentas páginas sobre uma obsessão amorosa, dizes?, até parece interessante.









Depois como nem tudo é cultivar o intelecto, fomos visitar aos vizinhos, que logo nos deixaram um brinquedo de quando o Surfeirante era baixinho: tira móveis da casa, enfia móveis dentro da casa sem descanso, xiça, até tem carro, brrrmmmm... Tantas cores assim, é divertido!










...até que o sol começou a descer e chegou a hora de voltar, mudar fraldas (desta vez sem cheiros) preparar o bibe: seu leitinho com cereais, as pílulas para a dentição, o chocolate...










Mais uma vez a mudar fraldas (com cheiro), até que enfim... a titia conseguiu que ela adormecesse justamente no segundo em que entraram os pais pela porta. Então? Mereço ou não mereço um prémio (ihhh, acho que já recebi!)

domingo, 9 de agosto de 2009

Vamos fazer o que ainda não foi feito









Vem esta noite,
fomos tão longe a vida toda.
Somos o beijo que demora
porque amanhã é sempre tarde demais.
Pedro Abrunhosa


Entre foto e foto, sentada de pura potra na segunda fila, ouvindo o público acompañar o cantante, só pensaba nisto: algún día, cando sexa grande, vou escribir para ti a letra máis linda dunha música que a xente cante como se fose súa, só eu sabendo que tal como eu a letra é unicamente para ti.

(Claro que nin sei se vou ser grande algún día nin quen es ti.)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O príncipe desencantado (V) Desencontro e desenlace

Os príncipes teñen unha habilidade da que carece o resto dos mortais: nunca descompoñen a compostura. Até cando saen de fritir peixe con patacas durante doce horas (menos a media do xantar por convenio) derreados, os pés a rastro, enlamada a alma, van polo mundo adiante como se fosen soberanos... dos ademáns seus, cando menos, e miran por riba do ombro incluso a sombra propia, negra coma todas, que non os desasiste.

Despois de moito quero pero non quero, de tanto non quedar para hoxe que ben podemos quedar para mañá, ao final marcáronse horas e minutos xustos, lugares perfectamente referenciados: en Linlithgow, na tetería do Museo do Canal, ás 19:44 do día seguinte ao día anterior. E para mellor se identificaren, trocaron fotografías: el mandoulle unha en uniforme de gala durante unha recepción en palacio, de cando aínda tiña pelo e disimulaba a graxa con brillantina; ela, a dunha amiga que traballaba de modelo nun catálogo de lencería on-line ou algo polo estilo, vestida, iso si, para o casamento dunha compañeira de instituto.

Once horas tardou o autobús en percorrer os seiscentos sesenta quilómetros do traxecto desde Reading (léndoo ben xa a estas alturas, ho!), arruinándolle a prestancia con que se acomodara no asento, pero é que non atopara medio de transporte máis barato.

Así, pois, às 19:41 en punto, unha fulana corentona, vacafoca e desleixada, cunha camiseta de licra verde fosforito con lunares, cinguida ás dobras que lle burdaban do pantalón de cintura baixa, pola que asomaba a fita superior dun tanga non menos rechamante, abría a porta para entrar na tetería do Museo do Canal, cando o noso príncipe, finchado que non lle collía unha palla no cu, lle pasou por diante, sen nin dar as grazas, mentres ela rosmaba polo baixo en inglés arrabaldeiro un put a keep are you. Colocados ambos en cadanseu lugar estratéxico de cara á entrada, miraban cada tanto para o reloxo, coma quen espera que recoche a infusión, de té vermelho a dela, a del de tila. Logo un cansazo fondo, as horas de autobús cobrando peaxe, foino mergullando nunha fantasía de hora e media con voda e banquete, papel couché, poses e parabéns, e unha noiva escultural, que ao se virar para lle dar o bico de rigor, levantando o veo, descubría o sorriso fanado de bruxa que o tombaba co fedor do alento.

A punta dun dedo tocou levemente, coma para non mancharse, no ombro do príncipe, que berraba coma porco na matanza. Estartelou os ollos, sen atinar ben a saber onde se encontraba, pero aliviado de pór fin ao pesadelo. Pouco e pouco rebobinou e recordou. Percorreu coa vista as mesas do local deserto. El non estivera por alí unha moza rubia ela, alta, de amendoados ollos verdes?, preguntou ansioso ao empregado da tetería que o espertara. Que estivera (aí mentiulle cunha sorna que herdara sen saber do pai, ao que non coñecera, natural de Rebordáns, que nos anos mozos traballara de camareiro na Costa do Sol e tivera un asunto fugaz e precoz cunha escocesa repoluda que fora aló de vacacións e lle cargara un algo no carro), que estivera mesmo e que na vida, xuráballo, vira muller con máis... (e fixo un xesto coas mans de redondeces sinuosas), pero que marchara había ben xa nin se sabe. E que se facía o favor, que fose pagando, que eran horas e el tiña que fechar.

Desencantado o príncipe, foise arrastrando con andares de sapo e papo inchado, sen reparar na muller de camiseta verde fosforito con pintas negras, axustada, que lles botaba de comer ás ras do canal ilusións partidas en anaquiños coma moscas mortas.

(Non hai quen desdiga se ao pasar por ela, involuntariamente, estricou ou non a lingua para atrapar unha no ar.)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

As cicatrices do itinerario (VIII) Aquilo de que non se fala










Entrei en Setúbal coa intención de pasar alí unha noite só e marchar ao día seguinte, por iso decidín que era mellor buscar un hoteliño, onde puidese deixar a moto para pasear tranquilamente sen a casa ao lombo. Na oficina de Turismo, mentres agardaba vez, o empregado cantáballe a uns ingleses as marabillas da zona e aí decidín que quizais pagaba a pena prolongar a estada un día e esperar a que no norte escampase, que polo visto continuaba a chover. Instalada nun residencial xunto ao porto, dediquei o serán a pasear entre carteis que ofrecían choco frito pero preferín atacarlle a un toro de peixe espada acompañado dun Borba —tinto, ollo, que case me dá un ataque cando vin a camareira cun branco na man a piques de chuzarlle o sacarrollas! Pero a quen se lle ocorreu inventar unha bebida que ten cor de mexo de enfermo?

Erguinme moi cedo e fun dar un paseo a pé, até o mercado, as rúas que ían espertando, cafeciño con xornal e mapas. Logo tirei de moto pola Serra da Arrábida, con paradas continuas para tentar reter instantes, unha baixada ao Portiño, o Cabo Espichel, Sesimbra, as dúas vilas de Azeitão..., tan absorta na beleza da paisaxe, que até me esquecín de parar a comer. Xa á tardiña regresei ao hotel e despois dunha ducha fría para espallar, saín a cear algo. Encontrei un barcito un pouco retirado da primeira liña que me chistou e alí mentres esperaba que me trouxesen a xanta, ouvín a noticía do morto que máis ía dar que falar nas semanas seguintes. Tamén a min me ía morrendo algo por dentro —nin tan negro, nin tan branco: de entre medias, arcoirisado— e na tristura con que camiñei na noite, terminei nunha esplanada, fronte a unha infusión de cidreira, sen café por un vez, para escorrentar os espectros que poboan a vixilia.

E pronto, pouco mais hai que contar, fóra de que me encantou a vila e talvez algún día volva, quen sabe?, para probar o que quedou pendente: o choco frito.

25, 26 e 27 de xuño de 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Dedicatória










As minhas revoluções: dizer não, dizer sim,
dizer talvez e nunca ter certeza das coisas.
Oscar Mourave

Nem sei como fiquei tão sem palavras, se bastavam apenas cinco letras para estampar na página em branco do livro que te dei em troca do que me deste. E era tão simples.

Amo-te

(pronunciado com o teu próprio sotaque, esse que evoca a terra onde a maçã é fruta exótica...)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

De santos e relixións










Se algún receo tiña sobre as peregrinacións para render culto a santidades diversas, agora téñoos todos. Non que non gozase (nin que o meu gozo non fose no monte do ídem, senón en plena meseta castelá), porque ao cabo é do xénero tonto non pasalo ben cando se está entre amigos, coa entrada paga (por outros!) e a promesa de ir acompañada por parte do corpo de bombeiros (que ao final, todo sexa dito, resultou un bluff), se o concerto non era máis ca unha escusa para me arrincaren de diante do ordenador, pero que non me cachan noutra de adoracións nocturnas, iso queda aquí escrito.

Alguén me explica cal é a diferenza entre un macroconcerto destes e a romaria do san Campio de Lonxe, por pór un exemplo que me pilla perto, ou a do são João d'Arga? Xente que pasa horas de espera á intemperie (en Pucela na mañá do sábado caían chuzos de punta) por conseguir un lugar de privilexio para lle tocar as pernas ao santo; o arroubo e as lágrimas dos que El toca; ou mesmo, o milagre, só unha entre todas a elixida para aparecer no escenario aupada ao colo do sesentón macizo (o pauto co demo aí non se lle nega); unha criaturiña (diferente, iso si, en cada espectáculo) que sabe a letra nun inglés impecable; as masas entregadas coreando as oracións, os brazos en alto reverentes; as candeas (versión luciñas dos móbiles) prendidas; os postos de venda de reliquias...

Claro que a anécdota non estaba no escenario, senón na figura repoluda dun ancián de traxe azul verán e gravata, que aturou o concerto todo en pé, na pista (nun canto, vállalle iso), cun bolso grande collido da man pola cadea dourada, persoeiro de sobra coñecido, que se quería pasar desapercibido, facía mellor indo de pantalón de coiro, camiseta negra e pano na cabeza. A foto non vale un farrapo de gaita, porque está tirada co móbil, de lonxe e con pouca luz, pero vai, a ver se adiviñan quen é o destemido.










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P.S.: Vale, confeso, todo isto é mala hostia porque non me tocou Philadelphia, a canción, non o queixo.

Nun segundo de lucidez










—Pídecho o corpo, e é fácil —téntame a voz musitando, engaioladora—. Fecha os ollos, que este instante ha ser teu para sempre.
—Deixa andar —retruco, mentres baixo un chisco a fiestra para que entre o ar—. Non me interesa conservar este instante, senón discorrer por outros, moitos, sempre diferentes, de ollos ben abertos. E o que me pide o corpo é tomar un café.