quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Exorcismo
Agora a soidade apégase, disque. Non entendo ben o funcionamento dos mecanismos dese devorar nos outros a temperatura cálida dos corpos. Se cadra é simple: a renuncia á compañía por uns desacompaña no próximo, afastándoo do mundo humano, arrimándoo aos reinos da irracionalidade: trebellos interactivos, animais aglósicos, plantas osixenantes, cogomelos plácidos, microorganismos simbióticos. Pero, francamente, desconfío de que sexa ese o proceso. A soidade, se acaso, reprodúcese no mesmo ser que a alimenta, medra, invade coma un tumor —sen entrarmos en malignidades—, espállase até os dedos e as orellas. E aí detense, que non hai mais carne en que prender. Non creo eu que sexa microbio de transmisión aérea, alado nin leve, a través de espirros, nin de contacto, apalpantemente. Se me preguntasen a min, diría —pero xa digo, só se me preguntasen— solemne: A soidade é un problema corporal interno, que non chouta de cabeza en cabeza como os piollos, moito menos coma os seus curmáns patos das pudibundas partes peludas, ai iso non!, nunca. É máis do estilo bicha solitaria, a propósito, okupa egoparva e cega, tanto que se nutre matando aquilo que a mantén vital e rillante: a miña estrutura sólida. O maxín, porén por iso, ten outros recursos: redacta cartas, ou poemas, ou relatorios filosóficos. Escribe, pronto, ou soña de alto, se vai frío: isto é, prolóngase comunicante expreso, desabafa, cospe monstros e belezas, para quecer un chisco os pés.
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4 comentários:
Ao ler teu texto lembrei-me desse que adoro. Beijos
"Que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a coragem de me enfrentar,que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."
Clarice Lispector
Lembraste-me, Euzita, que ainda não li a Clarice Lispector.
E não sei se fiz bem se mal em te lembrar o esse que tal, mas pelo sim pelo não, um abraço e um beijo para ti.
Se soidade significar solidão (não é palavra que conste no meu dicionário) também tenho algumas dúvidas que se transmita assim como piolhos e afins, contagiando os restantes.
Mas estudos são estudos e valem o que valem! (ou seja, às vezes muito pouco, só para alguém vir fazer outro que o contradiga...)
Enfim, estou a ponderar deitar pela janela o dicionário de espanhol, que as palavras que nele procurei não constam. Assim, não tenho a certeza de ter percebido inteiramente o conteúdo deste texto. (convenhamos que também há dias em que me sinto mais limitada, no que toca a discernimento...)
Beijoquitas!
Não deites pela janela o dicionário, Tetezinha, que ele não tem culpa: isto é galego, que é como dizer um português pouco evolucionado (e aqui não faço piada por mais que me tente o diabo), não espanhol.
Olha, talvez não seja o melhor, mas deve-te servir para alguma coisa. No mínimo "soidade" vem, e sim é solidão.
http://www.edu.xunta.es/diccionarios/index_rag.html
ou este, que tem equivalências em português:
http://www.digalego.com/
E depois, eu escrevo palavros que em nenhum dicionário vêm porque nem existiam. Hihihi!
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