sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

De pouco durmir e moito respirar










(avanzar)
Son as dúas menos dez da madrugada cando sae de min a cidade. Na radio fálase do regreso de Aminetu Haidar a El-Aaiún, de que ao día seguinte se vai debater no Parlamento catalán sobre a prohibición das corridas de touros. Quedo por aí, coas boas noticias, e poño o disco de Tótrips, Guitarra 66, que veño de escoitar, en directo, plugged e unplugged, pola brava, na sesión de Quintas de Leitura. Canto, ás veces, diva soprano, para me manter esperta. Total, ninguén me ouve.

(rebobinar)
Non pensei que poesía fose inmateria de atraer masas e funo deixando para o final, até que entrei en pánico de berbequí motorizado. E se chego e non hai entradas? 100 quilómetros ilusionados máis 100 quilómetros desilusionados suman nada. Por iso, as nocas, tímidas, petaron na porta e a voz pola punta dos dedos gritou, maxia das mans completa: Hai alguén aí?!

  • Não há alguma maneira de reservar bilhete? É que eu queria assistir, mas tenho de fazer 100 km (de ida e outros tantos de regresso, obviamente) e vou com o tempo justo. Se depois chego aí e está a lotação esgotada, morro mesmo no sítio (sempre é uma chatice morrer às portas dum teatro).

E do outro lado responderon a Patrícia e o João (e eu tan-tan obrigadísima desde aquí a eles), que non, que non se podía consentir tal drama perralleiro en local nobre, calculando o desastre, imaxino, que ía causar certamente incomodidade aos asistentes e, quen sabe?, incluso un atraso na impreterible hora marcada de inicio da sesión, eu xa imaxinando os efectos pésimos do óbito, sobre min principalmente, que ao cabo é case inverno e a putrefacción é lenta.

(deter)
Silenciada a guitarra, entrei na casa, cos libros flamantes a cubrir o baleiro da noite pouca que me restaba, e ti, nin caso, negándome, negándome.

Custa-nos respirar,
a paixão exige-nos que nos
abandonemos à ideia de uma asfixia:
eu sem ti não posso assinar
o tempo,
preciso dos teus
olhos
de cidade devassada.*

E un plus inesperado, agasallo de minutos versos como estrondosas plumas de guacamaio (ai, ai, o Oscar Mourave musitándome...)

agora eu era linda outra vez
e tu existias e merecíamos
noite inteira um tão grande
amor

agora tu eras como o tempo
despido dos dias, por fim
vulnerável e nu, e eu
era por ti adentro eternamente

lentamente
como só lentamente
se deve morrer de amor.**

________________
*Cerco voluntário. Vasco Gato. Cadernos de Campo Alegre / 13
**o resto da minha alegria. valter hugo mãe. Cadernos de Campo Alegre / 7

8 comentários:

Teté disse...

Que postagem tão completa: música (esse Tó Trips é muito bom, ouvi várias), poesia, cinema, viagens...

E a veia dramática de uma morte anunciada à porta de um teatro, pelo motivo óbvio de falta de bilhetes! Mas eis que os salvadores solucionaram o problema, quiçá pelo tal incómodo de um corpo sem vida no hall da entrada, mas o importante é que a respiração voltou ao normal.

Morrer, agora, só de sono! :)))

Beijoquitas e bom fimde!

Sun Iou Miou disse...

Pois, isso mesmo, Teté, não chegou com o sono atrasado de ontem e tive de juntar o de esta noite. E toca trabalhar no fim-de-semana e devo dizer ainda bem. Ai, mundo cruel!

Não foi o texto completo, mas a sessão das Quintas, brilhante: música, performance, poemas... Mereceu a pena ir à Invicta.

Muito bom fim-de pre-Natal para ti!

Kapikua disse...

eu curto a intensidade que dás a tudo o que vivencias!

Beijo

Sun Iou Miou disse...

Curto que curtas, Kapikua, e sobretudo que me digas que curtiste, mas não dou intensidade a tudo o que vivo. Tomara eu! De facto, unicamente quando vivo (ou imagino que vivo) alguma coisa com intensidade consigo escrever sobre ela.

Beijo (dado com intensidade, uf!, para curtires, `_^)

Tá-se bem! disse...

Ainda bem que tudo correu pelo melhor.. És uma mulher de garra! E por isso te admiro!

Venho avisar que vou de viagem para terras geladas! :( espero divertir-me! :| por isso não estranhes a minha ausência... que depois vou compensar! ;))

Besosssss muchosss :)

Sun Iou Miou disse...

Terras geladas, Tá-se bem? Não esqueças levar a garrafa de malte para acompanhar o gelo! E traz para os amigos no regresso!

Mulher de garra eu? Ui, por isso é que os homens fogem de mim. Vou cortar as unhas.

Beijos calorosos para a viagem!

Tá-se bem! disse...

ahahahah e quem disse que isso era mau!?? Os homens que fugirem de ti são uns tolos, logo não interessam!

Já voltei, como se nota :p, beijosss de frio mais ameno de sábado que nem parece sábado ;))


p.s. não fosse o malte, tinha congelado...

Sun Iou Miou disse...

Pois, mas é de tolos que eu gosto, Tá-se bem!

Frio, onde é que está frio? Cá está-se quentinho, está-se muito bem!

Beijo de sábado depois de feriado e antes de domingo!