sexta-feira, 30 de abril de 2010

Por pouco não

Nem devia confessar isto mas ontem quase ia sofrendo um acidente terribilíssimo no jogo de hóquei. Levo protectores de pulsos e cotovelos, levo joelheiras, levo caneleiras (o crânio que levo é duro que nem titânio, no problemo!, cuide-se mas é o pessoal de me tentar partir os cornos, não tenho seguro a terceiros*), as botas são de ponteira reforçada, uso dentes amolados, unhas como lâminas e olhar fulminante, gasto língua corrosiva que nem essência de ácido clorídrico... por não falar do poder de pancada que o stick confere. E não foi que num encontrão a alta velocidade por pouco não me arrancaram um mamilo?!

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*Nunca percebi por que é que se diz "a terceiros" quando é, obviamente, a segundos. Com certeza, os donos do invento fizeram a interpretação do Direito tão arrevesada que mais deveria essa arte ser chamada de hermenêutica do Avesso.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O presaxio de algo irremediable










Es que me estou volviendo viejo, le dije. Ya lo estamos, suspiró ella. Lo que pasa es que uno no lo siente por dentro, pero desde fuera todo el mundo lo ve.
Gabriel García Márquez, Memoria de mis putas tristes


Non me vexo.

Mesmo así, coñézome ―a pouco que mergulle polo esófago abaixo, que escaviche nas tripas ou alén do tendón de Aquiles― as miserias, as fraquezas, os olores lúgubres e o desencanto dos cansazos perdurables. Un día sorpréndeme coa garda baixa unha fotografía de hai trinta anos que asoma ao descoido nunha gabeta e arráncame medio suspiro truncado en tose seca de emoción mal abafada ou carraspeira, vulgar, do desgaste impertinente. Outro día, asómbrame o mapa físico arruinado na memoria que me sae ao encontro á volta da esquina e resucita inclemente os adolescentes que fomos, talvez amantes, talvez amigos, se cadra compañeiros de ascensor nun edificio hoxe derreado, derreado coma min sen o saber, e leo entre as dobras da mirada allea a sorpresa da vellez debuxada fenda a fenda na correa do rostro, no frío óseo da man que se xunta á miña, na fortaleza forzada da aperta e nos bicos, dous, concisos e húmidos, sobre a fraxilidade doente dos pómulos.

Vou vella eu tamén, e que luxo!, se aínda hai quen me escriba historias de amores desgraciados con pinturas coloridas e letras como imaxes en rodopío.

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O título do texto é unha frase roubada do mesmo libro de Gabriel García Márquez.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Com um sentido ou dois a menos

Imaginem só que há bocado, enquanto tentava escrever um comentário, esqueci um dos cinco sentidos. Pus mentalmente as mãos nos ouvidos, nos olhos, na língua; juntei fisicamente uns dedos aos outros dedos. Faltava um e eu sabia (ainda bem!) que eram cinco: um sentido por cada dedo. Nem o sexto (o dedo, o sentido) me acudia. Tive-o de ir procurar ao espaço virtual: era o olfacto. Às vezes isto assusta-me, falo a sério, assusta-me ao ponto de perder o sentido... ou o rumo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Os débiles

Dicían os que diso disque entenden e viven que xa só pola actuación del merecía a pena. A min mereceume a pena só por saír da casa e estomballar os ósos e os músculos derrotados sobre a butaca, escoitar as músicas que nunca te deixan ouvir enteiras na escuridade da sala e disolver na boca un caramelo de limón que me transmitía a acidez á mirada. Dicían que o tema xa estaba visto, mas mesmo así... que non había melodrama e tal nin cousa. Que se deixaba ver e que el estaba espléndido.

Isto, como digo, era a opinión dos críticos. A min só me serviu para entreter algunha hora que outra da noite na contemplación dunha historia que non me traspasou as escamas. Quero dicir, mal non me fixo pero ben tampouco. Se callar ando, aviso, algo cínica de percepción... e distante.

Gaiolas sobre gaiolas

Existen innumerables misterios sobre a antiga civilización exipcia que a min e a humanidade en xeral nos gustaría ver resoltos. Por exemplo, por que con aquela calor que disque vai polo día no deserto lles deu pola construción de pirámides, que dan unha sombra cativa, ou por que andaban sempre co pescozo revirado en lugar de mirar para diante a ver onde pisaban, ou para que momificaban os mortos, se total non ían estar presentes para se esmendrellaren de risa coa cara de susto que puxesen séculos máis tarde os necrófilos descubridores. Pero non, había que escavichar, con seriedade científica, nas preferencias e manías en cuestión de caniflais para chegar á solemne conclusión de que nada mudou, ou se non, que llo pregunten á dona Márcia. Xa son ganas de pallas mentais, dígovos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Alimentação integral

Não há muito tempo um amigo enviou-me o curioso cardápio duma casa de comidas, em todo o amplo significado da palavra. Ontem depois de almoçarmos em Arcos de Valdevez, decidimos continuar caminho até Ponte de Lima. Escolhemos uma esplanada à sombra e retirada da barulheira da praça. A surpresa veio quando dirigi o olhar à porta do café à procura de alguém que atendesse à mesa. Foi só pena não termos fome naquele momento...



Cliquem para ampliar, seus pitosgas!

sábado, 24 de abril de 2010

Bestial o musical!

Ha! Não posso deixar de partilhar isto com vocês! O director, esse novíssimo Gato Negro, promete!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Bailas?

Musítame un descoñecido ao ouvido e eu digo non, non, digo un sorriso, digo os pés cangados na timidez que rima con estupidez, nin peixe acuático no rumor da harpa, da palabra poema que acompaña os pasos. É festa e eu quedo no meu luscofusco admirando o esplendor do escenario: a palabra fende o espazo dispersando borbullas de xabón, sementes coloridas, corcheas sen pentagrama, cereixas bicudas dun vermello case negro, plumas de faisán macho, recendo de azar e limón. Entremedias, un estilete gandúxame con fíos de distancia en espiral o eco da túa voz ao peito. Sangro chumbo.

Hoje é que é sexta...

Em declaro vençut
Em declaro vençut. Els anys que em resten
els malviuré em somort. Cada matí
esfullaré una rosa ―la mateixa―
i amb tinta evanescent escriuré un vers
decadent i enyorós a cada pètal.
Us llego la meva ombra en testament:
és el que tinc de més perdurable i sòlid,
i els quatre pams de món sense neguit
que invento cada dia amb la mirada.
Quan em mori, caveu un clot profund
i enterreu-m’hi dempeus, cara a migdia,
que el sol, quand surt, m’encengui el fons dels ulls.
Així la gent que em vegi exclamarà:
―Mireu, un mort amb la mirada viva.

Miquel Marti i Pol, La pell del violí


Declaro-me vencido
Declaro-me vencido. Os anos que me restam
mal vive-los-ei amortecido. Cada manhã
esfolharei uma rosa ―a mesma―
e com tinta evanescente escreverei um verso
decadente e saudoso em cada pétala.
A vocês lego a minha sombra em testamento:
é o mais perdurável e sólido que tenho,
e os quatro palmos de mundo sem aflição
que invento com o olhar cada dia.
Quando eu morrer, cavem um buraco profundo
e soterrem-me em pé, de frente ao meio-dia,
para me acender o sol, quando sair, o fundo dos olhos.
Assim as pessoas que me vierem exclamarão:
―Olhem, um morto com o olhar vivo.

Miquel Marti i Pol, A pele do violino

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Agradecementos









Ando desde a madrugada do domingo ás voltas perseguindo as palabras e as palabras, coma na pita cega, pasan por min rozándome burlonas, inaprehensibles. Bruta que son, co corazón fóra do sitio, que case o perdo ao percorrer o treito tan infinito da mesa ao estrado, desacompasado do lento batucar da sola das botas sobre o piso do salón (estrondo que ninguén percibiu senón eu), coa timidez que me apaga o sorriso e me cega, que me tolle a alegría, non souben máis que dar as grazas, moitas grazas, nun murmurio, a voz de falar tomada e a de calar chamándome nomes. Rescatáronme da vertixe as apertas do Manolo Rivas e o Agustín Fernández Paz, aliviándome do peso dos agasallos e dándome un acougo que nin así me librou do fervillar sen paraxe das mans ―carentes de aconchego onde pousaren, coma pardais agonizantes aos que o chan abrasa e o ar escorrenta― e da cara de parva.

Así que a destempo e fóra de lugar, agradezo à Asociación de Escritores en Lingua Galega o premio á versión ao galego que Bartuk Aykam e eu fixemos da novela O museo da inocencia de Orhan Pamuk e a honra de colocarme ao lado de xentes tan grandísimas.

(E ao Xoán Abeleira, a miña gratitude polo acubillo e a conversa.)

domingo, 18 de abril de 2010

Última hora!

Deram-me o
PRÉMIO
aquele. Amanhã conto.
:)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Manda truco! (por se houver, que haverá, senhoras diante)

Carta ao Pompílio
(que não é assim
que se chama)

É pequena mesmo a blogosfera. Esse vídeo que colocaste do comentarista brasileiro eu já vira noutra parte. Mas não é isso o curioso. O curioso é que remetes para um tal Manuel Azevedo. Nem parece um nome muito invulgar, quer-se dizer, não é, como tu, um Pompílio Levinski de Altares que se diga. Mas a mim fez-me clinc nalgum neurónio dos que me restam em actividade e fui ao Luís Pedro Azevedo indagar. O Luís Pedro Azevedo é um gajo que um dia me pediu no facebook para ser meu amigo. Naquele então, como costumo fazer, primeiro fui ao "perfil" (a página do facebook onde constam os dados que cada um decide colocar para toda a rede ver e que podem ser nenhuns) e ali vi que tinha um blogue. Fui espreitar e soube que era (isso dizia ao menos) advogado, que morava (declarado também por ele) em Évora. Não me pareceu mal, não fosse alguma ligação por ali colocada que me arrepiou, mas me propus despreconceituar-me e passar à segunda fase. Perguntei-lhe em mensagem interna porque é que queria ser meu amigo. E respondeu (já só por isso as minhas normas obrigam-me a aceita-lo... mas no intuito de me proteger redigi-me também uma norma que estabelece que se ao cabo dum tempo não gosto do "amigo", tenho direito a remove-lo impiedosamente com um simples e único dedo) que vira um comentário que eu fiz no mural do facebook dum poeta ―que não vou revelar que seja nem gordo nem careca porque assim, obviamente, já logo o pessoal sabe quem é―, que depois fora aos meus blogues (cujos endereços tenho colocados no perfil visível a todo o público do FB) e gostara. De maneira que o aceitei, porque a mim, que queres?, a vaidadezinha me pode quando os tugas reparam, talvez só pelo exotismo, que sei eu!, na minha escrita.

Toda esta léria para dizer que o Luís Pedro Azevedo tem as ligações dos blogues que visita classificados em grupos e num deles, com o epígrafe de "Parentela", está um dum tal João Azevedo em que encontrei vários comentários dum Manuel Azevedo que casualmente ou não é o mesmo que tu citas hoje. Caso este cujo relato um galego terminaria abanando como que pensativamente a cabeça e dizendo sem levantar muito a voz: "Manda caralho!" (ou "Manda truco!", se houvesse senhoras, roupa estendida, diante).

E sim, como lês/vês, estou melhor. Melhor ânimica do que fisicamente ou talvez ao contrário, mas por momentos. Ou seja, um farrapo. Levantei-me há uma hora da cama para fazer um caldo (almoço tenho ainda do de ontem, que fiz uma carne e estava bem boa, ó incrédulo). E agora, uma vez escrita esta carta, vou inventar qualquer outra coisa para fazer.

E não, o sol hoje não assomou por aqui. Chove e a deus da-la. Mas mesmo assim, repara

beijo
te

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A receita perfecta para escribir novelas

Terminei de ler o Invisible. Ao principio non me parecía nada do outro mundo. Tíveno aparcado e hoxe, na convalescencia gripal, superada a febre e libre da dor de cabeza, remateino dunha sentada. A verdade, a literatura que non me fai encoller non me vale. Esta novela é desas. Ignoro se o texto ten calidades estílisticas ou se se domina nel a técnica narrativa: a min paréceme plano. Pode resultar máis ou menos entretido, recoñezo que cobra forza contra o final ―que é inesperado, si, pero podería ser calquera outro e que?―, a min non me sacude. Que lle vou facer? Ademais tócame a moral, por exemplo, que non haxa cualificativos para o protagonista que fai peras en horas de traballo coma un poseso e se chame obsesa sexual a unha muller porque lle gusta foder de cando en cando, ou que se fale da menopausia coma a fin da feminidade e do marabilloso que é ter o período, como se estívesemos nun anuncio de compresas con asas... entre outras cousas, que non teño pachorra para enumerar, e que non se lle poden achacar ao autor, claro, porque son os personaxes os que falan... con idéntica linguaxe desapaixonada.

E por máis voltas que lle dei, non entendo o que significa o título. Que só vemos o que queremos ver? Pois vale. Sigo con Guerra e paz. A ver se antes de fin de ano dou feito.

Entre nós










A imaxe que vedes aí é fotografía dunha mensaxe que recibín hoxe -por engano?- no móbil. Moito me alegrou saber que os de Tráfico usan o galego nas comunicacións internas. Se encontro nun destes oito días os do radar, heilles de dedicar o meu mellor sorriso galego... para a foto.

(A verdade, estiven para responder que se confundira de número (ou?), pero logo pareceume máis emocionante gardar o segredo aquí entre nós.)

Medo meten algúns

Isto a Gaspar pásalle por non ser xouba ou simple chincho con ácidos graxos omega3. Se fose xouba ou chincho, aínda que non dese a medida, acababa no prato ben fritido acompañado duns pementos do padrón de Murcia. Pero o moi animal, que non é peixe -aínda que a impersona non asinante que perpetra a noticia e o titular así o xulgue-, ten ese tamaño por causa da xenética e non hai quen lle meta o dente. E para que serve un bicho que non se come nin sabe facer acrobacias nunha piscina?

Para a próxima, en lugar de darlle cunha changarallada dun remo, métanlle unha descarga de metralladora, a ver se aprende.

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Esqueci esclarecer: xoubas são sardinhas pequeninhas; chinchos, idem em versão carapauzitos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Segredos ben gardados

Quen non quere que unha cousa se saiba,
nin a si mesmo a debe confiar,
porque non cómpre deixar vestixios.

Giulio Andreotti en Il divo* de Paolo Sorrentino

Era unha película que quixen ver no seu momento, pero non cadrou. Tampouco cadrou o outro día cando a botaron no Poleiro, que ía morrendo de dores e ningunha postura me sabía ben na butaca. Así que onte enchufei o dvd e pasei 113 minutos gloriosos de política italiana contados desde unha óptica cáustica (que lindos os esdrúxulos), cunha banda sonora que sempre se interrompe no mellor coma os amantes crueis e espertos e os encadramentos encadradísimos que contadas veces se inclinan e nin así quebran a simetría e un ruído de efervescencia (que non vos enganar, é das aspirinas) que suaviza o ametrallamento de información, tracatracatrá, e a anteposición de consecuencias, golpes de imaxes brutais que se descolocan do fío temporal lóxico, pero quen sabe cal é a lóxica do pensamento? Unha beleza, dígovos, para ver con calma e o mando, pausa, imprescindiblemente na man. Ai, e prego, en italiano é outra historia.

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* Nun texto anterior coloquei a ligazón ao brutal monólogo sobre o poder, que me parece o máis representativo da personaxe. Agora despois de ver conscientemente o relato de Paolo Sorrentino xa ni sabía cal elixir, tan esencial me parece cada segundo. Déixovos unha canción que podía ser calquera outra das que dan corpo ao corpo.

Espertar

Máis unha noite a dor que me rilla, lateralizada agora (polo menos, unha novidade!), acomódaseme nos dentes, un por un até o centro, polo padal, xusto da boca, no pómulo esquerdo de porcelana branca sensibilísima, no ombro e na cadeira e, unha a unha, coma nos dentes, nas vértebras todas, nas costelas e no cabo do esterno, o punto que sostén a angustia (e o día que nunca é día nunca nunca...), a rótula baixo o fémur, na tibia ou no peroné indefinidamente e no pé, todo de lascas lancinantes... e eu só pensando, bícame, bícame xa e breve, para me transformar en sapo dunha vez e anunciar en tres letras gordas brancas que a vida é soño.... non fose polas eléctricas que sempre pasan factura.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Anda que...

Escribo para me encontrar e só cando me perdo absolutamente perdo tamén a capacidade de amarte, de enlear consonantes, de debuxar adverbios, de sacrificar adxectivos para ti, a quen non coñezo (nin vou coñecer nunca, nótese e anótese á marxe), os versos mais belos que nunca serán ditos, nin por min, que de enmudecido asombro grito e agora pinto, coloreo e machuco o verbo (o substantivo, ai, onde alá vai!), morro um cacho máis, o tamaño non importa, e continuo polo mesmo camiño sen sentido, que é que non aprendo. Velaí o abismo. Eu e a minha sombra núa para ti. Ssst! Cala, muller, cala... Xa che chegou ben.

Vou mercar iogures.

E ele que me cure os ossinhos

Tarde de Traumatologia. Nem tempo tive de atacar o romance. Entro na consulta, olha que gajo bonito (não fiem, são as blusas brancas com estetoscópio ao pescoço que me toldam o juízo), de olhos eu reviravoltados. Apalpa-me nos joelhos até que dói, mas nem foi preciso dizer que doía. Não vai haver nada a fazer, prepara-me. Vais tirar umas radiografias agora, diz-me. E eu, sem um chio, vou. Tem im-pacientes diante. Espero. Sento à distância que o corredor me permite. Leio a custo, está lá no outro extremo uma mulher que exige todos os ouvidos atentos ao seu desagrado, um coro em volta que lhe dá azos nos acenos. Até que enfim chamam por mim. Era eu antes, era eu antes!, grita a tal do mundo inteiro em contra. A técnico de radiologia resmunga comigo na sala, era eu antes, era eu antes, que sabe ela quem é antes de quem... Sorrio e caladinha, como frango ao espeto na maca dura, num kamasutra radiográfico, tento as posturas que me ditam, submetida, o corpo estremecido de dor, já sem tanto sorriso.

Na consulta outra vez, o gajo do estetoscópio ao pescoço me confirma o que já sabíamos, que o meu mal não tem mais remédio que ignora-lo, e aconselha-me uma visita a Reabilitação, que não vai dar em nada seguramente, mas... E explica-me tudo com tanta paixão pelo ofício, ele é a cada frase mais lindo, que saio à rua com vontade de partir as pernas.

domingo, 11 de abril de 2010

E bendita química

O catarro de nada acabou mandándome onte á cama con febre, coitadiña eu, pero tampouco merecía outra cousa por desprezalo: partido de hóquei, sesión nocturna de cine-club (nin aguantei viva até o remate de Il divo*), moto para aquí e para alá, duchas de auga fría... Do único que me privei foi de cortar a herba, que continúa á vida dela, máis forte, máis alta, ríndose de min.

En calquera caso, os meus herdeiros que deixen de botar contas, que desta non vou para a cova: xa movo os dedos.

sábado, 10 de abril de 2010

Medicina alternativa

Entrei na consulta e pedín un remedio para a tristura. O médico, moi profesional el, examinoume para certificar os síntomas:
―Ollos vermellos e brillantes ―anotou con caligrafía esmerada na miña historia por enésima vez―. Abre a boca, por favor. Di: Ahhhhh...
―Ahhhhh... ―ronquei baixo e áspero, sen cursivas.
―Gorxa irritada. A ver...
Retirou as luvas de látex e deixou esvarar a punta dos dedos pola pel quebrada dos pómulos.
―Pel seca a moi seca. Hm.
Abanou a cabeza debruzada sobre o escritorio e levantouna deseguida, revelándome un sorriso minimalista, cosido de delicadezas entre a mirada profunda e os labios entreabertos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Apañei frío en Braga









Xa sei, é un chiste vello e vulgar, unha ordinariez que diría miña nai, ou que me di aínda desde as profundidades da nada.

Sexa como for, o certo é que ando cunha mona no seu sitio, é dicir, cos estragos sintomáticos de amorroamento que delatan a presenza dun virus a mais no meu corpo, por apañar frío domingo pasado tras asistir a unha misa pola resurrección da carne na Bracara Augusta. Quen disto deduza que fun abducida ao rego de sotanas e sagrarios, ollo, está tan enganado como quen creu que andei a plantar verzas nas leiras do feisbu. Son outros os altares ante os que me prosterno e me elevo. E veigas só a que teño en Toledo. Poesía á parte.

(Aleluia!)