sábado, 16 de maio de 2009

Cidade, a cidade (a mañá)










Vendo hoxe as follas dos arces xaponeses a se estremeceren coas pingas de mormallo acumulado que se desprende das pólas máis altas, desatando arreguizos vexetais de frío no pescozo, e tanta mansedume cincenta, ninguén diría que onte foi un paréntese de luz na única cidade en que as persoas me sorrín —ou son eu que me espello nos seus rostros coma nun eco?— nin me expulsa o estertor dos seus pulmóns decrépitos nun rouco constante alento de vida.

Dicir o nome dela é moito camiñar, sempre recunchos novos e mais os recunchos vellos de sempre, as ruínas que choran beleza a pedir socorro; é dicir xornal e café e torradas e calma, moita calma; é dicir café e cofres de tesouros que encontro nas librerías e que abro deixando que me ceguen iluminada, como agora que me encontro cara a cara con quen noutrora me agasallou poemas a me ofrecer prosa, prosa coma aquela de cando din nas Carrouchas:

—Ai, é que tes unha prosa...

E están querendo dicir que tes leria de poeta que engaiola. E quedo tan apampada a ler, que é como navegar polas liñas cun vento suave que máis ca empurrar, agarima e sustenta, convertida en folla de amieiro que por un instante se sonha asa de bolboreta. Ou como cando me sorprende nun escaparate un morto de segunda man, de tanto peso, a prezo de crise existencial, que non o podo crer e frego os ollos, porque aínda renunciara pasos atrás a el, e hai días que só por iso xa mereceron tanto ser días, e pódense celebrar con mais un café e unha Pedras, entón?, coxeguiñas na gorxa, para brindar en solitario.

4 comentários:

Teté disse...

As fotografias da Invicta estão espectaculares, Sun! Não percebo é o porquê de ser a única cidade em que as pessoas te sorriem, mas isso explicas um dia se para aí estiveres virada... (`_^)

Além de que ruínas que choram beleza a pedir socorro existem pelo país inteiro!

Não li nenhum dos livros!

Beijinhos e bom Domingo para ti!

Sun Iou Miou disse...

Vou tentar explicar, Teté, mas é complicado. Por uma parte, não gosto de cidades, nem sequer aquela em que nasci e morei até os 17 anos provoca em mim emoção nenhuma. Há cidades belíssimas, certamente, que podem seduzir desde o ponto de vista estético, mas só no Porto me sinto à vontade para a palmilhar, para me deter a contemplar qualquer detalhe e estremece-me particularmente (e entristece também) a beleza dos seus edifícios em ruínas, ao tempo que me alegra enormemente ver que algum vai sendo restaurado. Muitas vezes a timidez vira a gente soturna e inacessível num círculo difícil de quebrar e só, quando se vence é que o sorriso se abre: se eu sorrio, não deve ser estranho que em troca me devolvam um sorriso (como num espelho...?). Não achas? Enfim, talvez os vizinhos do Porto tenham aí também alguma influência, que sempre me receberam bem.(`_^)

Quanto aos livros, ou muito me engano ou não devem fazer o teu género, sobretudo o de poemas (O medo), mas já sabes que sou um bocado "esquisita" (^_^).

O bom domingo está cá mesmo passado por água mas vai-se aproveitar dalguma maneira.

Beijoquita

Tá-se bem! disse...

Eu também não gosto de cidades... :| aqui passo o dia a sorrir.. ao ti Manel; à ti maria; ao joãozinho; ao carteiro, e tal e tal.. tenho dois livros para ler.. (que não esses) e que falta de tempo.. :( e vontade!

Beijossss ainda stressados :)

Sun Iou Miou disse...

Mas aquilo que foi Tá-se bem, um aniversário ou um casamento, tanta tensão? (repare-se, foi escrito com "n" no meio!)

Beijitos!