terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A rodar sorrisos

Voabamos polos corredores do hospital, a xente apartando ao noso paso, pálida eu co sorriso pintado naquela vertixe de velocidade e abandono, a xente a devolverme o sorriso, a nos abrir as portas, a exclamar ai, ai, e a sorrir máis. Sorría a moza altísima morena (desde unha cadeira de rodas todo o mundo parece altísimo altísimo) que aínda había nada encontrara de ollos chorosos á porta da consulta e nos acompañaba para facer tamén unha eco. Na reviravolta, freamos en seco: ihhhhhh, case me vén outro anxo enriba.

—Vinche a sombra! -gritoulle o meu anxo.

O outro, sorprendido, sorriu. Vireime para o meu e díxenlle:

—Se me cae enriba, esmágame.
—Esmágate mesmo, pero eu xa o vira vir, por algo son un anxo.

Aparcoume á porta e pediunos, á moza que xa non tiña húmida a mirada e a min, para agardarmos.

—Ti non te movas de aí, oíches? —advertiume pousándome a man no ombro.

Quedei a agarimar os aros fríos, cromados, con que se xiran as rodas, para adiante e para atrás, en sacudidas breves, coma quen pisa o acelerador, brrm, brrm, ante o semáforo. Que macarrita son!

11 comentários:

Teté disse...

Estás a falar de uma história antiga, certo?

De qualquer das formas, detesto médicos, hospitais, exames, TACs, ecos, RXs e por aí adiante. Nem vejo o House e afins, que a má disposição vem logo ao de cima.

Para me distrair, quando tem mesmo de ser, fico a reparar em pormenores. Nunca me sentei numa cadeira de rodas, mas a sensação de estar numa maca, conduzida por outros, é absolutamente assustadora! rsrsrs

Beijoquitas!

Sun Iou Miou disse...

Pronto, Teté, devo assinalar que não é o mesmo a gente estar temporariamente numa cadeira de rodas, do que estar presa a ela para sempre. Eu adoro, quando estou assim débil, deixar-me levar... Na maca, enfim, o nível de gravidade já se supõe superior, mas alguma vez até foi bom, sobre tudo ao regresso da sala de cirurgia, viva!, hehehe! E depois, eu devi nascer com rodas nos pés...

Quanto ao de detestar médicos e afins, se fosse assim, passava meia vida amargurada. É preciso leva-lo da melhor maneira possível. Mas nem sempre é divertido, não.

Kapikua disse...

Eu tb me gosto de deixar levar pelas tuas palavras!
Gosto muito da forma visual com que escreves:
"Desde unha cadeira de rodas todo o mundo parece altíssimo,altíssimo"

Nunca me lembraria de fazer uma observação dessas.

Beijo GIGANTESCO!

Sun Iou Miou disse...

É verdade, Kapik, é uma sensação de estar nas mãos dos outros, que se transformam em anjos terrestres e corpóreos (com sexo também, mas isso não faz ao caso) e a gente fica aí, pequenita, frágil, e sorri, porque é a maneira de que os olhos de quem se cruza no seu caminho lhe devolvam o sorriso e lho alarguem. É tudo em volta um mundo de gigantes. E como é bom ver sorrir os gigantes. :)

Beijitozinho diminutitozinho :)*

(Ih, que estou piegas!)

Kapikua disse...

Claro que vem ao caso esses anjos não serem assexuados! Se o fossem não teriam metade da piada!

Beijo pecaminoso

Sun Iou Miou disse...

Se calhar tens razão, Kapik. Num dos deslocamentos levou-me uma moça e a viagem não teve nem metade da piada, digo mais: não teve piada nenhuma. :( São prudentes a mais!

(Mas eu não estava para pensamentos pecaminosos. É preferível não estar quando se vai entrar na consulta do ginecologista. Mas tu que entendes disso? Hihihi!)

Sun Iou Miou disse...

Esqueci o beijo, Kapik, e agora vou ter de mandar dois, um pelo anterior e outro por este.

Dois beijos (adjectivos à escolha do receptor)

Tá-se bem! disse...

Uma vez sentaram-me numa coisa dessas e eu estava sempre a levantar-me tal era o mau jeito... gabo-te o bom feitio!

Beijo a migalhas (não me falte o teu canto) ;))

Sun Iou Miou disse...

Isso então, Tá-se benzinho!, era porque tinhas forças bastantes para te levantares e em consequência nenhuma necessidade de estar sentada ali, menos de que te levasse um anjo. `_^

Beijo melodioso, chirp piripi pipi!

Anónimo disse...

Ides coma tolas !! (e polos hospitáis... !!!)

;)))

Sun Iou Miou disse...

Faise o que se pode, setesoles. Eu con rodas debaixo perdo sentidiño todo.