Voabamos polos corredores do hospital, a xente apartando ao noso paso, pálida eu co sorriso pintado naquela vertixe de velocidade e abandono, a xente a devolverme o sorriso, a nos abrir as portas, a exclamar ai, ai, e a sorrir máis. Sorría a moza altísima morena (desde unha cadeira de rodas todo o mundo parece altísimo altísimo) que aínda había nada encontrara de ollos chorosos á porta da consulta e nos acompañaba para facer tamén unha eco. Na reviravolta, freamos en seco: ihhhhhh, case me vén outro anxo enriba.
—Vinche a sombra! -gritoulle o meu anxo.
O outro, sorprendido, sorriu. Vireime para o meu e díxenlle:
—Se me cae enriba, esmágame.
—Esmágate mesmo, pero eu xa o vira vir, por algo son un anxo.
Aparcoume á porta e pediunos, á moza que xa non tiña húmida a mirada e a min, para agardarmos.
—Ti non te movas de aí, oíches? —advertiume pousándome a man no ombro.
Quedei a agarimar os aros fríos, cromados, con que se xiran as rodas, para adiante e para atrás, en sacudidas breves, coma quen pisa o acelerador, brrm, brrm, ante o semáforo. Que macarrita son!
11 comentários:
Estás a falar de uma história antiga, certo?
De qualquer das formas, detesto médicos, hospitais, exames, TACs, ecos, RXs e por aí adiante. Nem vejo o House e afins, que a má disposição vem logo ao de cima.
Para me distrair, quando tem mesmo de ser, fico a reparar em pormenores. Nunca me sentei numa cadeira de rodas, mas a sensação de estar numa maca, conduzida por outros, é absolutamente assustadora! rsrsrs
Beijoquitas!
Pronto, Teté, devo assinalar que não é o mesmo a gente estar temporariamente numa cadeira de rodas, do que estar presa a ela para sempre. Eu adoro, quando estou assim débil, deixar-me levar... Na maca, enfim, o nível de gravidade já se supõe superior, mas alguma vez até foi bom, sobre tudo ao regresso da sala de cirurgia, viva!, hehehe! E depois, eu devi nascer com rodas nos pés...
Quanto ao de detestar médicos e afins, se fosse assim, passava meia vida amargurada. É preciso leva-lo da melhor maneira possível. Mas nem sempre é divertido, não.
Eu tb me gosto de deixar levar pelas tuas palavras!
Gosto muito da forma visual com que escreves:
"Desde unha cadeira de rodas todo o mundo parece altíssimo,altíssimo"
Nunca me lembraria de fazer uma observação dessas.
Beijo GIGANTESCO!
É verdade, Kapik, é uma sensação de estar nas mãos dos outros, que se transformam em anjos terrestres e corpóreos (com sexo também, mas isso não faz ao caso) e a gente fica aí, pequenita, frágil, e sorri, porque é a maneira de que os olhos de quem se cruza no seu caminho lhe devolvam o sorriso e lho alarguem. É tudo em volta um mundo de gigantes. E como é bom ver sorrir os gigantes. :)
Beijitozinho diminutitozinho :)*
(Ih, que estou piegas!)
Claro que vem ao caso esses anjos não serem assexuados! Se o fossem não teriam metade da piada!
Beijo pecaminoso
Se calhar tens razão, Kapik. Num dos deslocamentos levou-me uma moça e a viagem não teve nem metade da piada, digo mais: não teve piada nenhuma. :( São prudentes a mais!
(Mas eu não estava para pensamentos pecaminosos. É preferível não estar quando se vai entrar na consulta do ginecologista. Mas tu que entendes disso? Hihihi!)
Esqueci o beijo, Kapik, e agora vou ter de mandar dois, um pelo anterior e outro por este.
Dois beijos (adjectivos à escolha do receptor)
Uma vez sentaram-me numa coisa dessas e eu estava sempre a levantar-me tal era o mau jeito... gabo-te o bom feitio!
Beijo a migalhas (não me falte o teu canto) ;))
Isso então, Tá-se benzinho!, era porque tinhas forças bastantes para te levantares e em consequência nenhuma necessidade de estar sentada ali, menos de que te levasse um anjo. `_^
Beijo melodioso, chirp piripi pipi!
Ides coma tolas !! (e polos hospitáis... !!!)
;)))
Faise o que se pode, setesoles. Eu con rodas debaixo perdo sentidiño todo.
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