sábado, 20 de fevereiro de 2010
Acosado, case querido (9)
Xoán Lobo Vieira sentou no banco da alameda, non por cansazo, pois é sabido que os mortos se algún privilexio teñen sobre os vivos é o do descanso eterno, máis ou menos pacífico. Sentou porque lle petou, porque era sábado e de sempre soñara con sentar nun xardín, sábado de mañá, sen máis perspectiva nin expectativa ca a da contemplación minuciosa dun vasto mundo-acuario en calma que o circundase a el, o espectador visitante, involuntariamente alleado.
Non lle tardaron en pousar sobre os ombros as pombas, a petiscar na foula que lle punteaba de faíscas apagadas a negrume lampa do traxe. Aturoulles, inadvertido, os bicos ansiosos a peteirar polo pano, o batucar rengo e desacompasado de pata enteira e mais toco que os seguía, o bafío acedo que expandía o bater de ás, tarabelear sucinto. Estaba ben a gusto e deixábase conquistar, abdicado como estatua de bronce, idoliforme. Pareceulle mesmo gorentoso verse así acosado, case querido, non fose polas cagadas.
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2 comentários:
Xi, Sun, mal vai a morte do Xoán, se em vida nunca teve tempo para se sentar num jardim, a um Sábado de manhã. (mas estava mais que visto que não havia de escapar às cagadas dos pombos, mesmo que parecesse quase querido... :)))
Que mais irá ele experimentar, nessa outra dimensão?
Beijoquitas!
Na verdade, Teté, a que foi vida triste do XLV lembra-me um bocado a minha. Não me apetecia outra coisa que sentar num banco de jardim no sábado, sobretudo a pensar que este nosso querido governo anda a tentar adiar a reforma para os 67 anos... Mas, contradições!, é muito provável, que se tivesse assim esse tempo livre não fosse capaz de estar mais de cinco minutos no banco, menos ainda com as pombas a me cagar em cima. ;)
Nem sei que te diga o que mais vai experimentar. Se calhar não experimenta nada. A morte deve ser isso, nada experimentar. ;)
Beijoquita e boa semana!
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