quarta-feira, 10 de março de 2010

Demencia e desmemoria: o medo

a doença enumera inventaria
necessita de esvaziar completamente a memória
para que se cure o corpo
e o sonho de novo desça e construa
magníficos refúgios luminosos jardins
Al Berto, Vigílias, 4

A historia empeza xa así con acentos de película antiga, voces de macho varudo que mira de esguello o interlocutor, revelándose no pánico con síntomas físicos (a auga, o enxoo); a retranca na afirmación que é pregunta, fala como se a locura fose contaxiosa (e será?); na auga, na auga sempre presente, o terror que escorre polas mans, a forza brutal da auga que crea e destrúe, auga máis poderosa ca o lume. Os ingredientes do medo están aí todos: unha illa, que é a incomunicación; unha treboada, a luz que nos cega e a chuva que nos afoga, a constante humidade; un cemiterio, a morte, naturalmente. E unha palabra soa: FUXA! Fuxir? Fuxir de quen, de que? Pode un fuxir de si? Pode un fuxir do sangue, das vísceras, da capacidade do ser humano para magoar, dos cadáveres conxelados, dos ollos, dos ollos dos mortos, do baleiro dos ollos dos mortos? Encontrar o paciente 67 será recoñecerse perdido? Talvez a resposta estea no faro, o lugar onde se fai a luz, claro. Talvez non. Porque a loucura é iso: non distinguir o real do irreal, a verdade da mentira, se un é louco ou o queren enlouquecer, claridade e tebras. O medo.

Velaí o meu medo: traspasado o intervalo, soa ao fundo da sala, a desmemoria con toda crueza: deberei levar comigo pedras pequeninhas brillantes que me permitan regresar, recoñecer os pasos vellos, a demencia que se instala e da que só hai unha maneira de fuxir?

10 comentários:

Teté disse...

Os medos assustam, é o que é! Ainda por cima quando há poucas maneiras de fugir... ;)

Este também anda aqui próximo, ainda não sei se arranjo coragem para o ir ver! Até porque ando a fugir de outros medos.

Beijoquitas!

Sun Iou Miou disse...

Na verdade, Teté, não posso dizer que me convencesse: acho que tem algum falho, ou se calhar fui eu que deslizei por outras ilhas, mas notei (subjectivamente, insisto) certa falta de consistência. E depois, um exagero no sangue.

Hoje talvez vá à de Alice do Tim Burton. Espero não voltar com dores de cabeça. ;)

Beijoquita

Jonas disse...

Andas a ver filmes a mais!
Assim me disse o Kapikua numa destas situações...

La queue bleue disse...

Ai, eu tb vou ir à Alice o sábado, nom ma destripes antes, porfaplis!! Que depois ando por aí com ideias preconcebidas e a certas cousas prefiro ir limpa e pura :P

E outra cousinha, o Condado privatizou o blogue? Que pena. Di-lho por aí se o vês, o da pena, inda que suponho que terá as suas razons. :)
Biju!

Sun Iou Miou disse...

E eu que pensava, ó Jonas, que andava a ver filmes a menos? ;)

Que faço então com o que vim hoje? Desvejo-o? E depois, LQB, também não quer que eu diga nada...

Sun Iou Miou disse...

Já vi Alice, LQB. Vou tentar não to destripar. Gosto de ti limpa e pura. De qualquer maneira eu nunca destripo filmes. Hihihi!

Dou-lhe ao Condado recado da tua parte. Ainda que imagino que o lera aqui. Ler ainda lê. `_^

Raposo disse...

Téñoa apuntada para ir ver un día destes, ainda que... non sei, con tanta auga e tanto medo...

Sun Iou Miou disse...

Leva roupa de augas para as augas, Raposo, e unha petaquiña de whisky para os medos. ;)

Marreta disse...

Do que gostei mais foi do fim. Ou do princípio?...

Saudações do Marreta.

Sun Iou Miou disse...

Eu gostei mais do meio, Marreta, concretamente da parte do intervalo. ;)