Há trinta anos quase (fogo!) um médico, após diagnosticar-me osteocondrite (peço desculpas pelo palavrão, mas ciência é ciência ou então perguntem pela necessidade da existência dum deus qualquer no desenho disto aqui), disse-me que se eu levasse vida normal (!), não teria mais nenhum problema com os meus joelhos doridos. "O que é que é vida normal?", inquiri, já suspeitando que a que eu até então levara não era. "Não correr, naturalmente; não subir escadas, menos ainda desce-las; não andar de bicicleta; não ajoelhar", respondeu impávido. Saí da consulta convencida de que a vida normal não era feita para mim. De correr tive de deixar mesmo pois que a dor física era (é!) terebrante, maior do que a aflição de ficar quieta a ver o mundo passar. Das restantes recomendações apenas cumpri uma e de bom grado, até porque já naquele então não acreditava em transcendências nem tinha aspirações de ser arqueóloga...
(Este texto foi reciclado dum comentário feito algures a um arqueólogo de joelhos doridos.)
12 comentários:
O tipo considera vida normal não subir nem descer escadas?!? Será que ele é dono de alguma empresa de elevadores?
Eram outros tempos, Rafeiro, repara que falo de há quase trinta anos e eu era uma tola que corria pela rua da cidade e ia à escola de bicicleta numa cidade erigida no sopé dum monte, uma das muito poucas mulheres que o faziam então. Hoje, esse médico estará já reformado ou..., mas se estivesse ainda em activo não lhe ocorreria fazer tais recomendações. De facto, não segui quase nenhuma delas: vida normal qual quê?!
Não ajoelhar é normal?
então e onde fica o mandamento de São Gabriel o Pensador? : "Ajoelhou, vai ter que rezar"
Beijo fisioterapeutico
Eu estava a espera deste teu comentário, Kapik, só para dizer que se for preciso por exigências dum guião que o mereça posso ficar de cócoras... ajoelhar é que não nem para essas rezas.
Beijo-te em pé!
tb te podes sentar... :)
a previsibilidade é uma das minhas imagens de marca, foda-se!!!
beijo previsível :)
Com certeza, Kapik, relativamente a sentar-se (e deitar-se!) não houve interdições.
O dia em que deixares de ser previsível desiludir-me-as!
Beijo-te sentada.
Voulle contar, xa que de médicos de ósos falamos, que cando rompín o calcaño e lle preguntei ao médico se voltaría andar e podería levar unha vida normal, o galeno díxome que si, que a natureza era sabia, pero que se el fose o dono dun circo desde logo a min non me contrataba.
Vaia, engadiu, a menos que fose como xefe de pista ou para a contabilidade.
De pallaso non dixo nada... polo menos. Que lle parece, Sun?
Niso é no que consiste a sabedoría da natureza, Kaplan, em deixar o circo para os funambulistas. Se eu tivese que traballar de contable nun circo (ou onde fose), coitada empresa.
Habería que averiguar quen é o que garda o baremo do "normal" e anormal.Espero que a miña vida sexa do máis anormal posíbel de aquí en diante...
Sábese de sobra cal é o baremo do normal, Xenevra. Cómpre estar sempre fóra del. ;)
¡Cantas cousas che cambiaron por aquí, Sun Iou Miou! Son a Sigrid, que me reincorporo coma sempre e abraiadiña estou ante tantas mudanzas. Empezo a ler de adiante a atrás, a ver se non me perdo entre as reviravoltas.
Un beijo.
Aínda tes sorte que non escribo moito ultimamente, Sigrid. Ánimo na recuada.
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