quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Os outros mestres

Uma loja de ferragens decente é um naco de paraíso metalizado. (Fosse o mundo uma livraria, uma loja de ferragens e mais um rio de águas bravas, eu pedia para mim a eternidade no aquém.) Desde a porta até ao meio fundo há metros cúbicos de prateleiras que estreitam os corredores. Ainda não alcancei o balcão e já a menina me interpela intuindo a minha insegurança.

―Eu queria ―digo― uma coisa que não sei se têm aqui.
―Temos ―responde e, revelando o caminho à imensidade, manda-me descer as escadas.

Desço e peço pela minha boca o que o funcionário, sem hesitar no labirinto, mostra. Tomamos medidas e ele explica-me qual a maneira de montar a engenhoca, como quem dá uma aula à minha ignorância com a paciência e sabedoria duma escola antiga.

2 comentários:

Teté disse...

Para mim chegava um mundo de livrarias e rios de águas bravas (ou mansas), que de lojas de ferragens não percebo patavina - mesmo com um atendimento tão simpático como esse, com direito a instruções da engenhoca e tudo! :)

Beijoquitas!

Sun Iou Miou disse...

Confessa, Teté, tu trocas a loja de ferragens por uma esplanada com uma boa cerveja. ;)