Ao Paco, que di que anda cunha perna no aquén e outra no alén,
como se non camiñásemos todos no arame...
como se non camiñásemos todos no arame...
Ao Paco, que diz que está com uma perna no aquém e outra no além,
como se não caminhássemos todos na corda bamba...
como se não caminhássemos todos na corda bamba...
Agora ninguén diría, pero o tío Paco tamén foi cativo no seu tempo, chegando a ter coma mínimo sete anos, que se saiba. E nesas dos sete anos andaba cando aconteceu o que se relata na trola que me alocou logo de me recomendar que arrendase un par de ovellas para librar de herba o eido. Porque unha cousa sempre leva a outra.
Agora ninguém diria, mas o tio Paco também foi criança no seu tempo, chegando a ter no mínimo sete anos, que se saiba. E nessas dos sete anos andava quando aconteceu o que se relata na patranha que me enfiou logo de me recomendar que alugasse um par de ovelhas para livrar de relva o quintal. Porque uma coisa sempre leva a outra.
Daquela o tío Paco —que aínda non ostentaba o título de respecto prefixado senón das mesmas letras en reviritado sufixo diminuínte— vivía en San Roque de Abaixo, desde onde subía a miúdo para o campo grande do Barrio da Rola, onde hoxe está o “Colegio Hogar”, pero que antes foi prado onde pastaban as ovellas alleas ao destino máis ilustrado do predio.
Naquel então o tio Paco —que ainda não ostentava o título de respeito prefixado mas das mesmas letras em reviravoltado sufixo diminuinte— morava
O tío Paco —divagacións á parte das que o tiven que chamar á orde non lle eu fose perder o fío ao nobelo— contoume, apelando á inocencia da infancia, que había un vendedor de olivas que ás veces aparecía polo campo a ciscar as que se estragaban, advertíndolle á criallada que se achegaba a zoar coma vareixas que non as comesen por nada, que ben se vía na falta de lustre que estaban podres. Ao Paquito —ninguén di que non fose a fame da posguerra— as olivas privávanlle, foran verdes ou negras, enteiras ou estrulladas. E a visión dun campo estrado de olivas relucentes cegábao.
O tio Paco —divagações aparte das que o tive de chamar à orde não lhe eu fosse perder o fio à meada— contou-me, apelando à inocência da infância, que havia um vendedor de azeitonas que às vezes aparecia no campo a jogar as que se estragavam, advertindo à miudagem que se achegava a zumbir como moscas varejeiras que não as comessem por nada, que logo se via na falta de lustro que estavam podres. O Paquito —ninguém diz que não fose a fome da posguerra— adorava azeitonas, fossem verdes ou pretas, inteiras ou esmagadas. E a visão dum campo inçado de azeitonas reluzentes cegava-o.
Era, ao que parece, un día de maio contra o lusco-fusco, a merenda dixerida, a partida de bólas concluída e os amigos a fuxir en desbandada, cadaquén coas bólas que gañara ou perdera. O Paquito botou a andar campo a través, cando uns puntos brillantes entre a herba lle chamaron a atención. “Olivas!”, exclamou para dentro, cobizoso, con medo de que os outros o ouviran. Mirou para atrás, non quedaba ninguén. Tragou cuspe, agachou, atacou os petos do pantalón e saíu escopeteado para a casa.
Era, ao que parece, um dia de Maio quase ao lusco-fusco, a merenda digerida, o jogo de berlinde concluído e os amigos a fugirem em desbandada, cada um com as bolas que ganhara ou perdera. O Paquito ia atravessando o campo, quando uns pontos brilhantes entre a relva chamaram a sua atenção. “Azeitonas!”, exclamou para os seus botões, cobiçoso, receando que os outros ouvissem. Olhou para trás, não ficava ninguém. Engoliu saliva, agachou, entulhou os bolsos das calças e despencou-se para a casa.
—Mamá! Mamá! Mira o que traio! Mira cantas!—gritou ao entrar pola porta da cociña, onde a nai picaba as patacas para a tortilla sen ovo, mentres baleiraba os petos do tesouro sobre o mármore da meseta.
—Mamãe! Mamãe! Olha o que trago! Olha quantas!—gritou ao entrar pela porta da cozinha, onde a mãe cortava batata para a tortilha sem ovo, enquanto ia despejando os bolsos do tesouro sobre o mármore da bancada.
O berro que deu a mamá foi de tal calibre, que ata as ovellas do tío Pepe que pasaban nese momento pola rúa camiño da corte levantaron a cabeza como dicindo “E eu que fixen?"
O brado que deu a mamãe foi de tal calibre, que até as ovelhas do senhor Pepe que passavam nesse momento na rua caminho da corte levantaram a cabeça como dizendo “E eu que fiz?"
18 comentários:
Estou enganada, ou não eram exactamente azeitonas (olivas) que o Paco levava à sua nai??? (^_^)
Beijocas!
Será que a Teté tem razão? O que seria então? tradução por favor... ehehehe :p
Beijooo desconfiado :)
Compra ovelhas que ficas com a erva "cortada" e ainda ganhas "azeitonas". eheheh
A minha cadela é como o Paquito. Não pode ver caganitas de ovelha (ou de coelho) que pensa logo que são para comer eheheh.
...levantaron a cabeza como dicindo “E eu que fixen?"...
Muito bem observado e melhor ilustrado.
Há coisas que só a "alma de poeta" consegue ver.
Beijinho.
Até tinha "fotografia" para ilustrar melhor, Teté, mais ao final decidi deixar a trabalhar a fértil imaginação dos leitores, hehehe!, com bons resultados.
Tenho a tradução quase amanhada, Tá-se bem! Mas já te digo que a Teté tem razão. Vou ver se consigo terminar ao longo da manhã.
Beeeeijo!
Como vês, Cão, não foste o único a sugerir a utilização das ovelhas para terminar com a erva. E depois, para terminar com as caganitas sempre me podias alugar a Nina! (Nem que eu não tivesse aqui "família" bastante para dar conta do recado...)
Somos os poetas da blogosfera tu e eu, rapaz!
Acho que o tal Tio Paco confundiu azeitonas com "conguitos"! ;)
Deliciosa a frase "teve no mínimo sete anos"
Abracinho!
Acredita, Rafeirito, que até comprei uns Conguitos para tirar uma foto e colocar aí (fora dos outros "conguitos" que também fotografei, mas esses no campo...). Mas isso é mais do meu tempo. Na época do Paco os conguitos não se inventaram ainda: todos os amendoins eram brancos!
Abração
O perigo das ovellas. Que vén sendo o mesmo perigo que temos os humanos.
Sei que teño unha débeda con vostede, R.R., que nin lin "aquilo" aínda. Supoño que xa é tarde, pero hei de lelo de todas todas, non sei é cando.
E si, os humanos cagámola con frecuencia.
Esse Paco era mesmo azeiteiro! Ou será azeitoneiro?...
Coitadinhas é das ovelhas que a partir daí devem ter começado a dar leite azedo, pelo menos aquelas que para isso o destino as havia preparado.
Saudações do Marreta.
Azeitoneiro com certeza, Marreta. Essas ovelhas já há tempo que deixaram de dar nem leite nem lã nem azeitonas..., que o conto, de ser, foi há mais de 60 anos. (`_^)
Eu, que coñecín ao tal Paco ese do que aquí se fala, aseguro que o conto é certo, sempre foi un pouco parvo... :)
Non me digas que tamén che contou a trola a ti, Condado. En fin, só se foi no verán e as cagarruchas estaban ben secas e duras. (^_^)
(Talvez haxa algunha imprecisión nos detalles, pero a miña memoria, xa sabes, non é moi alá. Ti que es do barrio ese saberás perdoarme a licenza prosaica.)
Parabéns pelo blogue, que é curiosíssimo e de muito bom gosto! A Galiza é um fraquinho meu também, até porque é de lá que vem o meu nome. Mas não sei falar, e fico fascinada quando ouço ou leio.
Obrigada, Ana V. Vou tentando traduzir os textos ao português porque os leitores da margem de lá me pedem, mas por vezes é difícil para mim e confio em não fazer muitos destroços na língua. Sempre agradeço as correcções que me quiserem fazer.
Depois com mais vagar dou uma espreitadela nos seus cantos.
parece que é facil trabucarse.
estabamos uns cuantos a facer unha sardiñada, nun campo, alguén filmou e quitou fotografías.
o domingo xuntámonos a comer e ver os videos. a nena do dono da casa, salía no video, alá o fondo... apaña e come, apaña e come... tres aniños escasos.
quedamos abraiados.
mais a nena xogaba no pasillo, sana coma unha leituga
ninguén ousamos preguntarlle se estaban ricos "os conguitos que medran entre a herba"
Benvida, Zelta. O de rillar cagarruchos é un clásico. Antes eran olivas, agora conguitos... Aínda que con tres anos tampouco fai falla procurar semellanzas: os nenos levan á boca todo que o apañan e se está bo non hai prexuízos para seguir comendo. (`_^)
Enviar um comentário