A poeta futurista dum século passado atravessa com uma sombra ao lado o vestíbulo do teatro em direcção à sala onde se vai concelebrar um recital poético e um nu integral. No caminho, que nem é tal, antes passagem, um editor pedrês de abrigo azul, com um chocolate em cada mão, detém a poeta e oferece-lhe o chocolate da mão direita e um sorriso. A poeta, que nem gosta de chocolates, hesita, devolve o sorriso, toma o chocolate também na mão direita e dissimuladamente deita-o ao lixo, de onde a sombra com a mão esquerda, num gesto discreto, o resgata, o desembrulha e, antes de introduzi-lo na boca, diz:
―Gracias.
O editor, pedrês e de abrigo azul, a suster uma perna no ar e um chocolate na mão esquerda, lança um remoque à poeta, futurista e dum século passado, que leva uma sombra ao lado:
―E então? Agora falas castelhano?
Ninguém responde. Ensinaram-lhe a não falar de boca cheia e a não dar muito nas vistas.
9 comentários:
Nem todos os que fazem poesia são uma Merda!!!
Suponho que esta história é fantasia, mas nunca se sabe.
Em tempos um famoso escritor português, na Feira do Livro de Lisboa, a dar autógrafos aos seus fãs, virou-se para o lado e falou com o editor em alto e bom som, que era uma grande seca estar ali...
Foi o que o teu "poeta" me fez lembrar... :)
Beijoquitas!
A história é fantástica, Teté. O que não percebi foi a relação que fizeste entre esta historieta e a que referes.
Como também não percebi o comentário do Anónimo.
Do que deduzo que o que escrevi não está a ser percebido. Talvez deva dedicar-me à redigir relatórios da Administração.
Eu gostava de Írás a magyar mas como não sei, tenho que aprender primeiro,mas os convencidos sabem tudo.....
Também eu não sei húngaro, Anónimo, mas se tivesse interesse em aprender, aprendia. Sempre é melhor do que recorrer a tradutores automáticos, que são muito pouco fiáveis.
Eu só acho que este texto nunca poderá ser incluído numa campanha sobre higiene alimentar.
Até que enfim um comentário a condizer com o (disparate do) texto, Rafeiro. ;)
Ainda bem, o chocolate parece que vinha embrulhado.
Pues la verdad, no caigo. Si es poetisa no es Marinetti...y lo del chocolate...por la descripción parece un cuadro.
Mejor que no caigas, Ella. Talvez si le hubiese puesto música... ;)
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