quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Regresso ao passado

Não, não ando com saudades doutros tempos. É só que ontem fixem um experimento científico: fui ao Porto pela EN13 desde Viana do Castelo: 70 quilómetros em duas horas e meia. Prodigioso. O total do percurso, 110 quilómetros em três horas.

Em 31 minutos fiz o trajecto que vai de minha casa a Viana do Castelo, pela A28 (incluídos aqui os caminhos da aldeia, a ponte e uma parte pela EN13 desde Cerveira até à entrada da A28 em Lanhelas, uns quarenta km). Depois, já no lusco-fusco (felizmente sem chuva), trás atravessar o Lima, saí em Darque, mas ao não encontrar indicações para seguir para o Porto (havia uma estrada cortada, talvez era esse o caminho?), voltei para a A28. Passei pelo primeiro arco a sorrir e penteadinha para a fotografia e abandonei a via CCUT na primeira saída. A partir de aí fui tentando não atropelar idosos com carros de mão ou de bicicleta, vestidos de preto rigoroso, quem sabe se prêt-a-porter para o seu futuro enterro, e parando nas passadeiras, tudo como é devido, sem livrar o Estado da carga onerosa dalguma (miserável) pensão de reforma. A velocidade nunca era muita: por três ou quatro segundos e só em duas oportunidades consegui colocar o carro a uns vertiginosos 70km/h, que quase me iam descolocando a queixada. Do resto a velocidade de cruzeiro era, aparentemente, de 50km/h, mas pelo troço que atravessa Póvoa de Varzim e Vila do Conde, sempre em primeira, em arranca-pára, até os sapos iam mais rápido. A última vez que olhei para a velocidade média TOTAL do percurso, pouco antes de passar às vias de acesso ao Porto, era de 50km/h, que com certeza deveu descer, pelo muito que demorei a entrar.

Para mim foi uma aventura que levei com muita paciência e música. Mas há quem tenha de fazer isso cada dia...

É lamentável não existirem comboios com mais frequência, porque visto isto, as duas horas que se demora da estação de Vila Nova de Cerveira à de Campanhã no Porto levam-se muito mais descansadamente.

(Não digam a ninguém, mas voltei pela A28: 1 hora e 10 minutos, desde que arranquei o carro no Porto até à minha casa.)

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Depois de ouvir as notícias, quase é melhor assim: 50 km/h sempre.

10 comentários:

Anónimo disse...

É un paxaro? Un avión? Xuraba que era a Sun, vitaminada e supermineralizada, pero... pasou!

Sun Iou Miou disse...

Era um lixo que lle entrou no ollo, Kaplan. ;)

Dario Silva disse...

Bem-vinda ao Portugal dos pobres

(são muitos, cada vez mais e mais pobres os pobres de Portugal)

Teté disse...

Continuo a achar um crime esta ideia do governo das SCUT (Sem Custos para o UTilizador) passarem a ser pagas. As estradas alternativas estão em mau estado e, pior ainda, passam no meio de aldeias e vilas em que o excesso de trânsito vai significar uma aumento de acidentes, nomeadamente atropelamentos! No Algarve, a EN 125 (a alternativa à Via do Infante) era a estrada com mais acidentes do país. Além do tempo que se perde, obviamente. Por uma vez, é como tudo, mas para quem fizer diariamente... pois! :((

Beijoquitas!

sudexpresso disse...

50 km/h??????? isso e da reuma........

condado disse...

É o que pasa, que acostumados á sociedade do benestar perdemos as referencias, importantísimas, que os nosos amados próceres nos ditan para que siga a festa... Como somos!

(si vas a Porto avisa que quero un bote da tenda rusa, je, je, aínda que sexa pola vella)

Sun Iou Miou disse...

E nada me admira, Dario. Há pouco fui ao Porto de comboio. Foi uma viagem inteiramente de prazer, tranquilamente sentada, sem me preocupar do trânsito, a ler. São apenas 5 linhas que unem Cerveira e o Porto e de noite o serviço suspende-se: não fosse isso, com certeza iria usar mais o comboio, pois não compensa de maneira nenhuma, para uma pessoa só, ir de carro e gastar em combustível, portagens e estacionamento.

Quanto à pobreza, ainda não veio o pior. E não só em Portugal.

Sun Iou Miou disse...

Imagina, Teté, se as estradas estão em mal estado, que houve momentos em que pensei que levava as quatro rodas do carro furadas.

Por não falar dos inúmeros cruzamentos sem rotundas nem semáforos que convertem em desporto de risco o acesso à estrada nacional, as linhas mal pintadas, as casas coladas à estrada, a falta em muitos casos de indicadores antes das rotundas (a gente só sabe qual a saída que tem de tomar uma vez entra na rotunda, o que obriga a deixar de fixar a atenção ao trânsito). E atravessar Póvoa de Varzim e Vila do Conde é um teste para a paciência, à parte da contaminação que sofrem os que moram nessas zonas. Vai haver muitos atropelamentos, vai.

Quanto ao pagamento das SCUT=CCUT, acho que o país no reagiu como deveria. Isso merecia uma revolução em regra. Que vai acontecer com os poucos resistentes que se opõem e se negam a pagar?

Sun Iou Miou disse...

50Km/h, sudexpresso, disse, a última vez que olhei para o marcador. Depois, com a densidade do trânsito para entrar no Porto, esqueci ver. Não é reuma: é paralisia.

Para quando uma rede de comboios decente?

Sun Iou Miou disse...

Que desgraza son, Condado. Pois mira que estiven na zona da tenda rusa. Só que claro, tardei tanto en chegar que me parece que non a ía atopar aberta. O centro do Porto, queda deserto que mete medo á noite, e até me custou encontrar un lugar para beber um café.

Vou tentar non esquecer o recado para a próxima.