domingo, 20 de fevereiro de 2011
Pas de quatre
O corpo da espectadora estremécese, ou antes... arrepíase todo na butaca. As imaxes son brutais. É violencia viva o que desde a pantalla se suxire, pesadelos, a crueldade dun cacho de espello roto cravado, encravado, no estómago, a mancha de sangue que devagar abrolla e revela a autodestrución. Non, non é o escenario un cuadrilátero sórdido onde os golpes mazan a cabeza, un, e o corpo, dous, a cabeza, un, e o corpo, dous, un-dous, un-dous, un-dous, un-dous... (un, dous, tres... dez, e o árbitro baixa o brazo), até o ko, o perdedor estendido no chan, a derrota, a humillación que sangra pola boca, a cella sempre partida, o nariz, outrosí, esmagado, o bazo que estoupa, o modelado, mazado torso descuberto e o cheiro ao suor, as manchas de suor na roupa, os puños do campión en alto, o público que vocifera, que xesticula, que insulta, que aclama, a estética cutre do ximnasio e do ambiente familiar, o fondo lúgubre dos rostros destruídos, os tópicos todos que rodean o boxeo, a delincuencia, a droga, o cárcere, a síndrome de abstinencia expresada en destellos, un home que pelexa contra si mesmo, luces e sombras sobre o catre dunha cela, a familia unida e o amor sobre todas as coisas..., os abrazos, os abrazos, a superación que vence a través do esforzo e o sufrimento. Non, o escenario é o palco dun teatro magnífico, pano de veludo, madeira nobre, cándidas criaturas delgadas que se desprazan leves nas puntas dos pés, odio e ambición nos corredores, tules, plumas, saltos harmónicos no ar, sincronía no pas de quatre, a estética límpida e sublime das artes, músculos que se estrican, osos que estalan, dor, sufrimento, o rancor das miradas de esguello, a princesiña destronada estendida no chan, tibias e peronés que escachan baixo as rodas dun automóbil, a elegancia no vestíbulo, abrigos de pel, vestidos de fantasía, a sobriedade do smoking, no-smoking, o brillo turbio das xoias e o carmín nos labios, o perfume, os perfumes, o rumor do diñeiro co que se vende a gloria e se compra a vangloria, as lámpadas penduradas de altísimos teitos, unha muller que loita contra si mesma, as ás negras que se espanden, o monstro negro que devora, a loucura, a violencia de quen procura a perfección, a violencia dun brinde pola beleza, pola beleza, pola beleza, un-deux, un-deux, un-deux, un-deux, o combate á morte entre bastidores e nas alucinacións da mente distorsionada, o estrondo contido do público que aplaude en pé, comodamente alleo ao significado real da perfección.
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8 comentários:
Ao contrário da larga maioria, detestei o filme! E não me parece que nenhum director de companhia de bailado desse um papel tão importante a uma miúda tão alucinada. Opiniões, que valem o que valem... :)
Beijoquitas!
Não vou ao cinema a procurar realismo, Teté. Realismo está na rua e muito mais cru e selvagem. Até na plateia está o realismo: Li que algures (sei onde, não importa o país) um espectador durante o filme matou outro porque fazia muito barulho a comer pipocas. Conste que eu tinha um desses detrás e tive vontade mesmo de esgana-lo, não fosse que sabia que não iria conseguir com estas mãos pequenas. (Talvez também eu comece a ir ao cinema de caçadeira...).
Naturalmente, gostos e opiniões é o que valem, que é muito, sempre que se expressem de palavra. ;)
Concordo com o de ir ao cinema de caçadeira. Eu suportei umas mulheres que riam cada pouco... nervosas, suponho. Gostei do filme, mas... sempre há um "mas" em quase tudo, achei um bocado excessivo, talvez. Preferia maior subtileza ou precisao e menos cena violenta. Mas é mesmo magnífico! Nao se viste o de Shutter Island... lembrei-me dele quando via este, e bom, as comparaçoes sempre sao penosas, mas prefiro o trabalho sobre o espectador.. prefiro pensar e nao que mo pensem. Para opiniao já falei muito. Desculpai.
Não vi nem um nem outro. Talvez o segundo me leve ao cinema, quanto ao primeiro dúvido.
Última hora: aderi ÀS PIPOCAS 1/2 doces, 1/2 salgadas, misturadas, mas como só vou ao cinema à 1/2 noite e ultimamente aos dias de semana, não incomodo ninguém, nem ninguém me incomoda, senão levava uma caçadeira para me matar.
Saudações do Zé Marreta.
non me decatei do nome do blogue cuando o dixeches. agardo poder verte outro día e falar con máis calma. unha aperta.
Andas a traduzir-me os textos póstumos?
Hum?
E não sais mais desse quatro?
Não tem cinco, na tua vida?
Hum?
;)
Boa interpretación violenta, inquedante o mesmo tempo!
Ando dessincronizada?! ;)
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