sábado, 17 de janeiro de 2009

E ainda dizem que a cor não é importante...










O mundo, visto pelos olhos duma criança e narrado pela boca dum pai, tem assim estas belezas, que só vou transcrever, porque adorei (e confio em que nem o Manoel Carlos nem o filho se vão zangar comigo...)

Eu iniciei a minha missão de pai já tarde. Tinha 44 anos! Levei tempo a me deixar envolver por esse 'trabalho' e 'preocupação'. Mas depois que nasceu o meu primeiro e único filho, a minha vida tomou outra dimensão. Claro que redobraram as preocupações, os trabalhos e as despesas mas, mediante tanta alegria que uma criança suscita, compensa de sobremaneira! A minha mulher, mais jovem do que eu, se tinha assim tanta alegria ou felicidade, não mostrava. E era eu sempre a estar presente nos momentos mais ou menos dificeis: choro durante a noite, mudanças consecutivas das fraldas, mamadeira a hora certa, corridas para o médico caso algum mosquito resolvesse atacar e outras alergias 'assustadoras' para os primeiros 'navegantes' no assunto.

Sem contar essa convivência fabulosa que tive com o meu filho durante seu crescimento vou apenas referir os momentos em que era obrigado a inventar historinhas onde fossem envolvidos os animais que ele mais gostava. Era já a época em que ele estava descobrindo as cores e a cada passo dizia: "Pai, aquela flor é vermelha!". Olhava em redor e perguntava: "Pai, não existem flores azuis?", e lá tinha eu que recorrer a arquivos de memória para lhe indicar alguma flor azul.

Bom, numa dessas de inventar historinhas, um dia estou lhe contando a do gato e o rato. Era assim:

"Numa casa grande de uns donos ricos vivia um gato bonito, enorme e bem lá no fundo da sala, na esquininha, havia um buraco bem pequeno que dava para um compartimento onde se instalava uma familia de ratos. O gato era muito severo e estava sempre de guarda, evitando a circulação dos ratos e sua visita à cozinha para se abastecerem com algumas coisas que eventualmente encontrassem por cima dos armários ou mesas que servisse para se alimentarem. Um dia o ratinho mais velho adoeceu e não podia se mover. Aí o rato mais novo, sem prática ainda para a 'caça' arriscou ir à cozinha pensando que o gato estava dormindo. E, quando ia a passar pelo bichano, foi agarrado por este que começou a encostar o rato ao focinho e amedrontando-o: agora te peguei, vou-te comer, seu rato ladrão. O ratinho tremendo começou a pedir ao gato que não fizesse isso porque o irmão dele estava doente e precisava de comer. O gato começou a afrouxar as mãos e ratito se mandou a grande velocidade para a toca. A situação para os ratos estava feia. Sem nada para comer, era demais. O rato então vivia espreitando do buraco na esperança que o gato dormisse de novo. Mas quê? Agora o gato começou a brincar com uma gravata do dono, descia, subia a cadeira, pulando e ronronando, deixando o rato muito nervoso. Mas, de repente, numa distração do gato, a gravata se enrolou no pescoço deste que ficou preso à cadeira de tal forma que parecia que ia enforcar-se. Foi então que o rato veio em seu auxílio roendo a gravata e soltando o gato! Aqui sim. O gato também soube reconhecer. Agradeceu ao rato tê-lo salvo e prometeu-lhe nunca mais evitar que ele e seus irmãos circulassem pela casa, ficando assim amigos para sempre."

Estava contando esta história então para o meu filho, que de princípio ao fim prestou a 'melhor' das atenções em total silêncio. Perguntei-lhe o que achou da história e ele apenas me perguntou:

—Oh pai, e de que cor era a gravata?



E nem imaginam o quanto demorei (e continuo nessa) a escolher a cor do texto! Raismepartam!

32 comentários:

condado disse...

Comoera aquel... e qué foi da carpintaria?

Sun Iou Miou disse...

Como se nota que temos un acervo de "chistes" común, Condado! Pensei o mesmo a primeira vez que o lin. He!

Teté disse...

Historinha deliciosa mesmo, Sun! A do pai e a do gato e dos ratos.

Chegaste à conclusão que a gravata era cor de vinho? (`_^)

Beijocas!

Sun Iou Miou disse...

A gravata cor de vinho, Teté? Só se o dono do gato e o pai do filho forem a mesma pessoa! (`_^)

(O problema na cor do texto foi procurar uma da que gostasse e que não resultasse difícil de ler num fundo branco, he!)

Jinho para ti e obrigada pela visita.

Anónimo disse...

o tremendo é o significativo que resulta o relato. Eles sempre terán os seus centros deinterese. Te queda a espereanza en que o subconcinete sirva realmente para algo (a esperanza ou o medo).

Sun Iou Miou disse...

Hai moitas cousas por detrás dese relato, Couselo. Tantas como un 'queira/sexa capaz de' ver.

La queue bleue disse...

:) Que graça.
Mas falando em cor, que se passou aqui que está tudo azul? Submergeste-te? Ou é o céu?

Anónimo disse...

Quando a minha filhota era pequena e passávamos horas a brincar e a aprender, tinha um conjunto de taças de plástico de várias cores e tamanhos que encaixavam umas nas outras.
A partir de um dado momento, achando que estava na altura de lhe ensinar as cores (era essa a finalidade do jogo de taças), comecei a “massacrá-la” todas as tardes num jogo de perguntas e respostas acerca das cores e se ao princípio ela ia acertando uma ou outra, depressa manifestava algum cansaço e começava a trocar as cores todas. Se lhe mostrava a taça azul, dizia-me que era “amaela”, quando lhe mostrava a vermelha dizia que era “vede” e assim por diante, até que me deixava irritado ao ponto da mãe intervir – deixa… ela logo terá tempo de aprender, não a chateies mais que ainda é pior.
Como o passar do tempo e de tentativas falhadas acabei por desistir e até por me esquecer da brincadeira, até que um dia, quando eu já nem imaginava onde parava o jogo das cores, foi ela que me apareceu com ele e sem que lhe perguntasse nada, começou a mostrar-me as taças ao mesmo tempo que ia repetindo as cores correctas para cada taça (“eta é azul”, “eta vede”, “eta é amaela”,” eta é encanada”, “eta é banca”, “eta é peta”…)
Ainda hoje penso que aquela miúda me andou a dar um “bailarico” durante semanas a fio, porque o que ela já devia estar farta era de saber as cores e farta de me aturar sempre a mesma brincadeira eheheh.
Beijinho.

Sun Iou Miou disse...

He, CãoSarnento, a filha demonstrou ser mais inteligente do que o pai, mas isso é bom: que a raça não degenere! Os pais são mesmo chatos às vezes, já tenho observado, (`_^)

Sun Iou Miou disse...

Mudei a cor do fundo, LQB, porque destacam mais as fotos (embora gostasse mais do fundo branco, tão simples). É talvez só por me iludir e pensar que alguma coisa mudou arredor de mim. (*_*)

condado disse...

Pois eu non leo nada ben en vermello

Sun Iou Miou disse...

Ti, Condado, o que non les é a letra tan pequena, pero pódela aumentar ao tamaño que queiras, dándolle aí enriba en "ver" e "mudar tamaño de letra". Vou facer un experimento.

condado disse...

Moito mellor, antes parecían os intermitentes de QB...

Sun Iou Miou disse...

Tantas voltas, Condado, para vir a dar no de sempre. Talmente a vida mesma. (De todos xeitos é que a letra vermella escolléraa antes de mudar o fundo, pero non me parecía tanto que se lese mal, como que estaba moi vermella de máis).

Algún comentario máis de carácter óptico-estético?

Rei da Lã disse...

Não pagaste a conta de electricidade do blogue?

Sun Iou Miou disse...

Não pago nada, Rei. Isso acabou! Agora é só receber! (Não digo é por onde, que sou uma senhora.)

Tá-se bem! disse...

Quem dera ter tido um pai assim, atento a todas as cores que uma criança sonha...

Beijooo nostálgico :)

Sun Iou Miou disse...

Pois, Tá-se bem!, mas o pior é que ao dia de hoje ainda não se desvelou o mistério da cor da gravata...!

Beijo colorido!

Anónimo disse...

hum, vexo que alguém máis descubriu a caixiña das cores de blogger. non está nada mal con esta nova pintura.
(vou ler o relato)

Rei da Lã disse...

Não vejo qualquer inconveniente nisso...
E rexoubas, há?

LM disse...

os pequenos sempre encontram o outro lado!
beijos

La queue bleue disse...

Tudo bem, menina? Há dias que andas desaparecida... (talvez em combate?)

Ana disse...

oh, história linda. Gostei, muito. Também gostei muito da nova roupagem do teu blog :))).

Gato Negro disse...

¿Xa está acostumada a Lima a ti? Supoño que si... ¡Saúdos!

Sun Iou Miou disse...

A caixa de cores, Kaplan, hai moito que está descuberta, desde o dia que abrín o blog. E gustábame así branquiño, cándido e puro. Pero as fotos destacan mellor sobre o fondo escuro e vai quedar así ata que mude a maré.

Sun Iou Miou disse...

Sou eu quem vê o inconveniente, Rei da Lã. De rexoubas há muita seca. Vou experimentar a afoga-las em tinto e acompanha-las de arroz doce com atum.

Sun Iou Miou disse...

Os pequenos têm os olhos dos descobridores, LM.

Sun Iou Miou disse...

'Tamos em combate mesmo, LQB, e com falta de munição. (Obrigada)

Sun Iou Miou disse...

Ainda bem que gostaste, Van (da cor da história e da do blog). (^_^)

Sun Iou Miou disse...

A Lima está acostumada por de máis, Gato Negro: xa é a dona da casa!

Anónimo disse...

É que non hai nada no mundo coma os nenos.
Bicos, Sun Iou Miou.
A Sigrid retornante.

Sun Iou Miou disse...

Sigrid, nin coma os pais... (`_^)