Estacionado o coche, enfiei dereita ao CC, esquecida do café e do pastel na Natário, cunha ansia propia de junkie, as mans trementes e a carteira despavorida. Só un, rogábame, só un, refreándome ante o expositor que vomitaba exemplares do último futuro best-seller que nin vía, o corazón galopándome, antes de cruzar o limiar, non me deixes caer na tentación. Paseei con indolencia cínica polas mesas de novidades, papel reciclado de aquí a un mes, levantando con agarimo candidatos a compañeiros nocturnos, meus amores onánicos de pracer resolto en bágoas, que pousaba de novo, sometida á orde da razón, só un, só un.
Logo, xa fronte ao andel, obxectivo senlleiro, percorrino alfabeticamente até acadar o m minúsculo, titánico. E ollei o prezo, atacada de remorsos, calculando a cantas comidas decentes equivalía. E acariñei o papel da capa, as pastas duras, a lonxitude do título. Abrino, finalmente, e lin, mergullei no canastrel, pegañento, das súas missangas-palabras:
desejei que ela se calasse, que parasse de me chamar meu amor, como antes o fazia sem que me irritasse. disse-lhe vezes sem conta que só continuaria se fizesse silêncio das palavras, ao que se ria e espantava os olhos esbugalhados para me incomodar ainda mais. estava feliz por me reaver, como feliz ficaria uma mulher que fosse minha, se de viagem para que eu fosse voltasse.*
Aconchegueino no peito, decidida, desouvíndome. E as voces. Unha volta mais só, só para ver, só sen tocar, sen levar. E eu non. E as voces si. Como se os libros fosen acabar. E dei a volta toda en volta, esvarando a mirada polas seccións técnica, informática, arquitectura, psicoloxía, que sei o qué en que os meus ollos non reparaban, vagacento o paso do espírito impaciente, até que xa ao pé del, estrangulando os remorsos (cantas comidas etc.) multiplicados, e as mans coma gadoupas feroces arrincándoo da orfandade, sen o abrir sequera, pagando rápido na caixa, non quero saquiño, e fuxindo, fuxindo, derrotada.
"Peço desculpa", respondi, olhando para o chão. "Não volta a acontecer."**
_______________* o remorso de baltazar serapião. valter hugo mãe
** As três vidas. João Tordo
6 comentários:
Boa descrição de uma ida à livraria! Uma vez dei com uma velhota a olhar para mim, com ar de espanto, porque eu estava a cheirar um livro... (*_*)
Mas sim, fica-se com essa sensação de meio remorso, até porque ainda temos muitos outros para ler na nossa estante (ou falta dela, que antes de mandar fazer esta de parede a parede, os meus também estavam assim empilhados, num armário, à beira da derrocada, em cadeiras, no chão...), não sendo a compra de primeira necessidade. Mas vale, pelo bem que sabe! :)))
Beijoquitas!
¡Ionki!
Sabe bem, Teté, mas começa a preocupar-me seriamente, isso não é normal. Tenho de poupar porque estou sem trabalho praticamente e gasto assim o dinheiro em livros que podiam esperar perfeitamente melhor oportunidade, sobretudo, porque como dizes ainda tenho muita coisa e boa para ler.
E ainda não contei que quando saí do cinema estive para entrar mais uma vez porque vi na montra um livro de poemas dum autor de que gosto muito, e quase saí de ali com lágrimas nos olhos, chamando-me nomes. Poça, que vida!
Non o sabe vostede ben, Rubichiño. Calquera dia monto un atraco a man armada. Ai, non estou para rir.
Conheço um bom "dealer" que, se quiseres, leva-te os manuscritos do ainda não terminado último livro do ALA? Diz que é coisa de primeira :-)
Onde? Onde, Oscar? —tremor de mãos, água na boca, suor frio a cair pelas costas, pupilas dilatadas—, dize-me onde! Não vais dormir tranquilo até que não digas, aviso-te!
(Mas quem quer ler o último livro não terminado do ALA, que ele corrige e muda impenitentemente, como certo poeta que eu sei?)
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