Ou de como uma conversa privada virou pública
Depois estava o Adolfo Luxúria Canibal, que disse quatro ou cinco (ele disse que diria quatro, mas eu contei cinco, só que não contei pelos dedos e eu na aritmética perco-me) estilhaços-poemas do Cesariny (Mário), com piano (que teclava o António Rafael) e contrabaixo (a dedilhar, acarinhar, pelo Henrique Fernandes), mas a música, que era para ser fundo, passou a primeiro plano, abafando a voz. Aliás, estava lá muito público, e a menina Sun Iou Miou, que é meio metro e uma polegada de gente, deixou-se ficar para atrás: gosta de se encostar numa parede, pelo menos uma zona do corpo protegida de alentos e contactos afísicos indesejados, península.
Mas finalmente estive a departir com um casal de amigos (de amigos meus, ambos, digo, que enquanto casal ela é a mulher dele e ele, o homem dela) e apresentaram-me inúmeras pessoas ―a que dei a mão ou beijei, consoante a nada―, que nem irei lembrar a próxima vez que as vir, nem elas, seguramente, a mim. E convidaram-me para ir a Braga, ao Museu de Arqueologia, que haverá lá um recital no sábado vindouro. E eu irei, mesmo que me pese na lembrança demasiado o café que bebi ali, no dia da consagração, quase a correr (acabaste?), porque não se podia fumar dentro.
E foi bom, contudo, com tudo. As palavras afinal ninguém as prende.
7 comentários:
Para mim é um honor ser roubada por ti, Rosa, mas agora que fiz testamento, talvez os meus herdeiros decidam processar-te sobre o meu cadáver.
Mas fiquem sabendo os sacanas dos meus ricos herdeiros que subscrevo ponto por ponto a dor (muita) da Rosa Oliveira aqui descrita.
não consigo soprar nadinha. estou sem fôlego.
Em postagens próximas, Rosa, se calhar, incorporarei um sistema de ventilação assistida.
Gosto da forma como a tua alma fica marcada de cada evento que lhe dás a assistir!
Beijo grande
Eventos não, peloamordedeus, Kapik, eventos não! ;)
não tem de ter conotação social!
tu é que lha deste, sua preconceituosa
Não dei conotações nenhumas, Kapik. Eu é que detesto a palavra "evento". (De aí, confesso-me preconceituosa.)
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