O doutor Segismundo estava no gabinete com a porta entreaberta, a fazer de conta como era costume que despachava assuntos de vital importância. Na verdade, ultimamente apenas havia movimento, por mor das estritas ordens da chefia de só conceder empréstimos a pessoas de reconhecida solvência, e essas onde estavam? O bairro já não era o que era. Suspirou. Tinha desde ali um ângulo perfeito para controlar os funcionários e não tirava os olhos da menina Jennifer. Estava visto que ia ter de ser ele a dar o passo.
Pegou no auscultador do telefone e marcou quatro cifras da linha interna.
—‘Tou, sim?
Foi ouvir a voz cálida e grave e desatarem-se nele os mais baixos instintos, quer-se dizer, um calorão à altura do ventre, mais ou menos.
—Ehem, sim, menina Jennifer. Faça o favor de passar pelo meu gabinete.
—Ai, xôtor, vou sim! —Não demorou meio segundo a assomar pela porta— Dá licença, xôtor?
—Passe, passe. À vontade. Queria-lhe comentar um assunto. Mas sente, tenha a bondade, menina.
—Então diga lá, xôtor.
Ela debruçou-se deliberadamente sobre a secretária, colocando-lhe ao nível dos olhos o decote libérrimo que exibia aquela manhã. O director sofreu uma breve crise de estrabismo, que cedeu ao tempo que a menina Jennifer pousava com uma lentidão pasmosa o cu, a sacudi-lo como se quisesse varrer o pó da cadeira.
—Fogo! —exclamou calado o doutor Segismundo sem que se vissem labaredas por parte nenhuma—. Eu arder hei arder, mas a ti há-te ferver, rapariga!
10 comentários:
Excelente texto para ser lido às 10 da manhã!
Saudações inflamáveis do Marreta.
Tenho de avisar os bombeiros voluntários ou arranjas tu para aí (deixo o substantivo em género e número à tua escolha) quem apague essa inflamação, Marreta?
Segismundo??? Jennifer??? Até voltei à velha polaca, para ver se era um seguimento ou um capítulo, do qual entretanto me tivesse esquecido e a etiqueta estivesse errada... (`_´)
Mas quê? Não é conto? A história é verídica?!
Beijoca! (fico a aguardar...)
É seguimento (mais ou menos), Teté, mas como a Velha Polaca foi embora com o Jonas para Itaparica, o conto perdeu os protagonistas principais e tive de recorrer aos secundários (e ainda não sei o título que lhe hei de pôr ao conto que não, he!)
A/O Jennifer e o doutor Segismundo saiam pela primeira vez no capítulo III.
Vamos ver que sai de aqui.
Xiiiiii, eu bem que preconizei o que aí vinha, ai preconizei, preconizei...(apetecia-me só preconizar...)!
Atão e esse xôtor era alguma coisa q se visse, para deixar a menina jennifer a ferver?...
Já agora, o xôtor era mesmo doutor? Ou era um engenheiro daqueles que compram o canudo ao domingo?...
Moral da história: um stôr sem pedalada, com mais olhos que barriga!
Tu é que sabes o que por cá há, Van. Mas já te digo: fume de biqueira, chama-se isto cá. (`_^)
Nem imagina, Carlos! Quem já leu a Velha Polaca deveria saber o que a menina Jennifer tem entre mãos... ou deveria dizer entre pernas?
"pousava com uma lentidão pasmosa o cu"??? ehehehe
Não me digas que isto não é um conto, pois começa a ficar interessante! ;))
o que tenho perdido por estes lados tssssss :D
Besooooo
Pasmava era o xôtor Segismundo, Tá-se bem! E não é nada conto, não, cá só se narram factos verídicos muito verdadeiros realmente acontecidos e por acontecer.
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