sábado, 7 de fevereiro de 2009

Galego para todos

Ante o interesse manifestado por alguns dos meus rexoubeiros em dominarem a língua galega, acho que os vou iniciar nos rudimentos da expressão oral e gestual para se safarem em situações quotidianas. Para começar, eis uma série de frases diferentes —com un vocabulário básico ao alcance de qualquer um por muito lerdo que for— , que se devem pronunciar com uma brevíssima pausa entre elas —atacando coa seguinte no momento exacto em que o interlocutor abre a boca para tentar retorquir—, e por essa ordem estrita, caso de nos depararmos com um inútil que nos acaba de causar algum prejuízo (acidentes de trânsito*, colegas de trabalho que entorpecem o desenvolvimento normal da jornada, mistura de roupa de cor e branca na lavadora a uma temperatura 90ºC, etc.). É imprescindível rematarmos a alocução, virando-nos de costas ao sujeito objecto da nossa ira verbal ao tempo que levantamos harmoniosamente o braço esquerdo em ângulo quase recto e, opcional, elevando sobre os outros o dedo médio. Repare-se, aliás, em que o desabafo proferido mediante este recurso linguístico evita consequências nefastas de índole física em ambas as partes dos dois.

(Se por ventura é o leitor o "inútil" aludido em questão, mostro ao final a única frase que vai ter oportunidade de proferir, isso sim, recomenda-se, a uma distância prudente e sem excessiva arrogância nem arrojo.)

—Ai que carallo, ho!**
—Q...
—Pero que carallo fixeches, ho?!
—E...
—Mira, non me toques máis o carallo, ho!
—S...
—Vai ao carallo, ho!
—Vai ti, ho!
________________
* Se houver feridos ou mortos, é aconselhável postergarem a conversa e ligarem para o 112.
**Lembrem que o dígrafo "ll" se lê como "lh".

16 comentários:

La queue bleue disse...

Ai, hó! Como andamos, arre caralho... de preocupaçom didáctica, digo. ;)

Sun Iou Miou disse...

Achas que dá para perceberem que a gente fala o mesmo idioma, LQB? (`_^)

Anónimo disse...

Olha que grande ajuda, sim senhor. Mas esse é o dialecto que, com uma ou outra nuance, se fala na região de Chaves eheheh.
Aliás, do Douro para cima, qualquer falante que se preze não consegue construir uma frase onde não entre (salvo seja eheheh) o respectivo "carallo", "carago" ou "caralho", conforme esteja mais ou menos próximo da fronteira. E mesmo nas regiões mais a sul, embora com um sentido muito mais obsceno do que o povo do norte imprime ao vocábulo, já se vai tornando difícil encontrar alguém que não ande sempre de "carallo" na boca eheheh.
Até mesmo nos autocarros, especialmente naquelas carreiras que passam junto às escolas secundárias, o termo parece ganhar adeptos de ambos os sexos, não sendo raro encontrar adolescentes do sexo feminino que largam "caralladas" pela boca fora como quem cospe pastilha elástica para o passeio eheheh.
Enfim, sinais dos tempos, ou o "carallo"!
Eheheheheh.
Beijinho.

Anónimo disse...

Quando eu estava a cumprir o serviço militar, tinha um camarada que entrava na viatura que nos transportava de Sta. Apolónia até à Ajuda e dizia tantas que um dia alguém se deu ao trabalho de as contar.
125 "caralladas" foi quantas o bicho largou em cerca de 15 minutos de viagem eheheh.
Como é evidente, daí em diante, o alcunha dele passou a ser "o caralhadas" eheheh.

Sun Iou Miou disse...

Hehehe, CãoSarnento! Tu tem calma (amodiño...), que já virão lições mais avançadas. Disse que começava pelo básico. Isto foi assim para que a mudança de língua não fosse muito abrupta. Não quero que o pessoal desista à primeira.

Beijo

Sun Iou Miou disse...

O teu camarada, Cão Sarnento, tens certeza que não era galego? Olha que isso é genético. Espreita cá:

http://www.youtube.com/watch?v=Py8iWOBksLU&feature=related

Também não tentes perceber tudo, com uma frase só chega. (`_^)

Atão, agora não há beijinho, cagho nas estrellas!

Anónimo disse...

E porque não um link para espreita cá?

Até agora ainda não consegui ver nada. O vídeo deve ter ido com o "carallo" eheheh.
Beijão.

Sun Iou Miou disse...

Porque não? Porque não sei fazer isso cá na caixa de comentários, bicho mau! Por isso! Não podias dizer como se faz? Pofavó?

'Tás com a ligação à net fraca? Tenta depois noutro momento, então.

Tens para ali outras jóias antropologicamente interessantes.

Bico (galego)

Tá-se bem! disse...

Quer dizer que carallo se pronúncia da mesma forma quer em português quer em galego, oh! :p

Besooo ;)
muchas gracias pelas dica assim já não me perco...

Anónimo disse...

Pois... não me lembrava que a maior parte das pessoas faz isso no blog utilizando a função "inserir hiperligação" e não sabem inserir a mesma através da tag<'a'>. E o problema é que eu não posso explicar isso aqui porque tudo o que eu escreva é assumido como html e transformado em link. Há um modo de o fazer mas não me lembro. Por isso vai AQUI que eles ensinam como se faz.

Sun Iou Miou disse...

Lembra, Tá-se bem, que afinal o português não é mais do que o galego evoluído (falo de línguas, pá), A única diferença é que vocês fecham mais o "o" ata o converterem em "u". Do resto vem sendo o mesmo, o 'coiso', digo.

Sun Iou Miou disse...

Pois, já sabes, os comuns mortais somos assim ignorantinhos, CãoSarnento. Depois quando/se fizer uma pausa, vou espreitar ali.

Obrigada

Anónimo disse...

á vista deste método foloumi das carrouchas non queira saber o moito que lamento ser galego falante e non poder aprender de novo a lingua. :-(

Sun Iou Miou disse...

Sempre estamos a tempo de aprender cousas novas nunha lingua, Kaplan. (Carago, que me custou entender o de 'fóloumi', faltoulle o til!), sobre todo tendo en conta que o galego parece ser (para algúns?) a lingua máis difícil do mundo, capaz incluso de desatar alerxias, incapacidades na aprendizaxe e perdas de memoria.
Así estou eu, tarada perdida.

Teté disse...

Essa dos dois "ll" se lerem "lh" tinha-me dado jeito aqui há uns anos, num dia que fui comprar pão ralado num supermercado andaluz. Ao pán ainda cheguei, mas as mocinhas pareciam não atinar com o ralado, rálado, raládo, moído, etc. e tal...

Enfim, gente com "ouvido duro" há em todo o lado!

Quanto ao resto, fico a aguardar uma explicação de galego menos rudimentar... (`_^)

Sun Iou Miou disse...

Sabia que não era o teu estilo, Teté.

É curioso, cá o pessoal tem o mesmo problema, pois lê o vosso "lh" como "l", o "ç" como se fosse "c" (Valenca, Moncao...). Só o "nh" é que reconhecem bem, talvez por consciência da singularidade do "ñ".