Ao Jonas e ao seu Desassossego, sempre
Este textinho é apenas parte dum comentário escrito em blogue alheio, mas como desconfio que o tal vá desaparecer um dia destes nem que me rebente em súplicas, não me atrevo a fazer a ligação muito mais que pertinente. Afinal mais triste do que a ausência de ligações é o clic que não conduz a nenhures, como via morta, como muro insalvável a esconder as maravilhas que trás ele se desenvolvem... Era aquilo a propósito da dificuldade (qual quê?!) da escrita, dos silêncios que também são texto, das estórias que acodem ao bestunto sem licença enquanto a gente dorme, e como era bom (ou mau) ter uma secretária ao lado de gravadora pronta (e aí citava-se algum autor con-sagrado), no possível, de ideias próprias poucas.(É curioso, nestes dias passados —e quando não?— de cavalgar estradinhas e cabeça desocupada, andei eu muito a matutar nisso, nos silêncios que (d)escrevem, e tanto, quanto não se quer dizer, nas palavras que fogem enquanto as mãos se entretêm nos pormenores insossos da vida e nos sonhos que só se lembram —isto para chatear— durante um segundo depois de acordarmos.)
Também pudera julgar que nem todo Saramago é tão Saramago, mas duvidar afinal porquê? Acaso Sun Iou Miou (salvando as distâncias incomensuráveis) escreve sempre como deve e o que lhe é devido? Acaso não fala alto quando devera falar calando? E acaso não se silencia quando devera escrever tanto?
Isto, eu bem sei, faz pouco sentido ou nada, quando não se tem (ou se deixa fugir) a oportunidade de ler as palavras magníficas de quem sabe escrever como escreveria o demo se existisse, anjo desherdado dos céus africanos, com conhecimento de séculos. Mas é assim sempre: a Sun Iou Miou tem o seu toque shakespeariano nos muitos acasos remoendo.
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P.S.: Por enquanto, ao que parece, lá está, indo e vindo. Aproveitem a espreitar, que merece o clic.
8 comentários:
Uma das distâncias incomensuráveis que distinguem Saramago da Sun Iou Miou é que eu leio-te... (*_*)
Mas sim, todos calamos algumas coisas que devíamos contar, e falamos coisas que seria preferível silenciar!
E estou mesmo a ver a quem te estás a referir, com essa de abre blogue, fecha blogue, troca o nome, etc. e tal...
Beijocas!
Aí, Teté, isso é que o Saramago perde e eu ganho! Hehehe! (Mas há outras distâncias, há.)
Do resto, estou a ver que nem falando críptico consigo que não me entendas. (`_^)
A Teté disse tudo, basta colocares umas virgulas e uns pontos finais num texto e ficas logo muito superior ao Saramago. Além de que ele é feio...
Abracinho!
Eu também não sou bonita, Rafeiro: nisso é no único que entre ele e eu não há distâncias, hehehe!, e nos óculos.
E agora estava a pensar, isso dos pontos e as vírgulas... não será problema da gravadora? Se o escritor não os dita, quem é a secretária para os colocar?
Jonas, Saramago, Sun Iou Miou?! Que grande caldo de vírgulas e saramagos!
A propósito, o Jonas não é o tal que fechou a sanzala ao turismo?
Saudações do Marreta.
Saramagos os que me crescem no quintal a mim só de abandonar uns dias o forte, Marreta!
E a propósito, sim, é o tal. Quem se não? Mais um dia com menos a aprender.
Sun, estou como a Tete e o Rafa...aqui está mais uma que não lê o Saramago, méeeeeeeh! :D Por estas bandas, o saramago é uma erva daninha (o saramago, não o Saramago...e vai daí; acho q tb lhe chamam sumagre). Comparo-o por demais ao Umberto Eco, cuja arrogância literária não me cativa nem um pouco.
A sun iou miou, pelo contrário, cativa sempre. E tem de ser lida, ou melhor, merece ser lida quando toda a nossa atenção está focada nisso mesmo: em lê-la. :))))
Sunita, és uma escritora. Ainda por cima, poliglota. Escreves em português muito melhor que muitos escritores portugueses, com um linguajar tão próprio que se acaso desses à luz um livro e o escondesses sob outro nome (e se ele me viesse parar às mãos, claro), eu não teria dúvidas em afirmar: és sun iou miou. :D
Sim, a sun iou miou tem o seu toque. O toque da sun iou miou, tal shakespeare reencarnado :D.
E, mais uma voz se junta ao resmungo de nunca ter um PC ou um bloco à mão quando os melhores ditos do mundo (pelo menos assim nos parece na altura) passam por nós como revelações.
Xiça, Vani, se eu sei que este texto coxo se ia converter numa diatribe contra o Saramago (não a erva, que por cá também se chama assim, mas eu não a considero daninha, que nunca me mordeu..., só feia, como o cujo dito, hehehe!), nem o escrevia. Confesso que há tempo que não leio nada dele e também não gosto de ler sem pontuação. Uma página pode-se ler sem respirar; um romance, não; e como novidade já foram outros antes a fazer a gracinha. Do S, o último que tentei ler, O ensaio sobre a lucidez (o anterior da cegueira também não o li), ficou para adornar a prateleira. Mas gostei muito do primeiro Saramago e foi ele o que me descobriu a literatura portuguesa já onde lá vai: A Jangada de pedra, por exemplo, pareceu-me uma maravilha.
Do resto, cá a Sun Iou Miou agradece os elogios, ainda que não possa compensar elogiando os gostos de vocês. (`_^) Escrevinhar umas linhas não é ser escritor.
E, sim, cada quem tem o seu selo pessoal na escrita (sempre ficam as impressões digitais, hihihi!) e nem mudando de blogue em blogue cada três meses se pode dissimular isso.
Beijoca para ti e obrigada pelo carinho
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