domingo, 26 de outubro de 2008
Quando afinal dizemos tudo...
Se fecho os olhos, que é o que estou para fazer, sinto sossego. Se pudesse, escrever-te-ia de olhos fechados, porque só assim te consigo ver. De maneira que ando em dúvidas entre fechar os olhos para te ver e abri-los para te falar, assim sem dizer nada, dizendo tanto.
Beijo e boa noite
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
O medo é libre
O mundo é así, un paradoxo. Mentres algúns científicos se afanan en encontrar un remedio para o Alzheimer, que vai borrando os recordos ata nos anular —como para demostrar que só en canto que recordamos somos persoas enteiras—, outros, hai que amolarse!, dedícanse a procurar un método de esquecemento selectivo. Así, nuns estudos, ignoro se por xunto se por separado, duns investigadores do Brain and Behavior Discovery Institute, dos Estados Unidos, e do Institute of Brain Functional Genomics (dubido moito que se chame así o sitio este, pero se en inglés non o entenden, imaxinen se llelo alocan en mandarín) de Shànghǎi, na China, concluíron que os ratos sometidos a unha alteración xenética que provocaba aumento de actividade dunha molécula que responde (un dicir) ao sonoro nome de AlfaCaMKII (probade a pronuncialo, veredes que lindo: alfacamcadós) tiñan maiores dificultades para recordar aquilo que lles daba medo ca os ratos, digamos, normais.
Claro, ao mellor a min isto paréceme unha solemne estupidez porque non vivín nada que non queira recordar, nin bo nin malo, non digo eu que si nin que non. O que si que non vou dicir, mesmo que o pense, é que o asunto méteme un medo criminal —que non é para menos—, non vaia ser que un día esperte cunha lixeira alteración xenética e sexa incapaz de lembrar que teño medo de... De que tiña medo eu?
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Evolución
Son corazóns, dixo que eran. E xa eu souben que só podían ser...
Por certo, prestoume o paseo, que está unha mañá quentiña (e eu aquí conxelada na casa, debe de ser a falta de durmir). A ver se á noite ceamos un guisiño de cogomelos, logo.
O cazador empeza a transformarse en recolector. Ou vai vello ou o mundo se acaba.
Não temos tempo de temer a morte...
Porque é preciso estar dentro e forte
Caetano Veloso, Divino Maravilhoso
interpretada por Ney Matogrosso
Sim, sim, eu disse... mas também disse que não ia resistir e de qualquer modo, esta noite foi a despedida, que foi em grande com o grande Ney na Invicta, que nem me decidia -até que me decidi- pela frase que lhe tinha de roubar para o título deste texto.
Ai, veja bem, meu bem, lá estava eu, hora e meia a contemplar o espectáculo em pé, porque me calhou a sorte de não ter ninguém atrás a quem incomodar, pertinho do cenário, com a câmara levantada, que no final já me doíam os braços. E fotos movidas... quantas foram para a lixeira, que não pude parar de abanar as ancas ao ritmo, enquanto dançava com você, sim, com você.
domingo, 19 de outubro de 2008
Um desafio a sério
Traduzir é um prodígio em miniatura, demorado, um processo de alquimia em que o ouro se deve transformar num outro ouro. A vista pega na palavra escrita, os neurónios processam-a e lá eles procuram a palavra-espelho, que os dedos depois colocam enquanto a vista actua mais uma vez para comprovar que fica no seu sítio: cada frase é um quebra-cabeça. Levo anos neste ofício em que o artesão tem de se fazer menos do que nada, pois só é boa tradução aquela em que ninguém pensa na existência duma mão alheia ao do autor primeiro da obra. Mas nem sempre se consegue e por vezes lá fica uma sombra a alterar o ritmo, a estragar a harmonia, a gritar alto: “Olhem, cá estou eu, a merda do tradutor!”
E porquê conto isto tudo hoje? Pois porque receio que vou ter de desaparecer do mapa um tempinho. Eu sei que não vou aguentar sem vir por cá, que não vou resistir a deixar-me cair pelos vossos tascos, pelas vossas quintas e cubatas, onde sempre fui bem recebida, convidada umas vezes a porco morto, outras a malte, cerveja, ou tinto, e sempre a leituras gratas, nem que fossem até disparatadas. Mas aquilo do texto diário não vai poder ser, porque vou ter os dedos colados ao teclado e os olhos pouco mais além vão ver do ecrã do computador. Ainda bem, esta aí a janela da que me saúda a “cabra” de Cerveira —a cabra, sim, é um cervo, mas para o povo da Aldeia das Carrouchas foi e será cabra!
Tenho por diante um desafio profissional de 650 páginas de letra miúda, o trabalho com que sempre sonhei e que a casualidade me pôs nas mãos. Não vai ser fácil, até porque sendo parte a língua que mais me retrai à infância, anda lá perdida no cérebro e vou ter de resgata-la. Salva-me que já vou velha e nestas idades há menos dificuldade em lembrar o que se fez aos cinco anos do que o que se comeu nesse dia ao almoço (nem se se comeu, comi hoje?) ou onde se deixou o raio que o parta do chaveiro.
De maneira que se vêm por cá e descobrem uma teia de aranha, façam favor de não destruir, mas deixem-se caçar por ela, que será o modo eu lembrar que tenho de ir alimentando o monstro insaciável.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Pan a que non ten dentes
Pois, Kaplan, é o primeiro que me veu á cabeza cando me propuxo vostede o desafío: Se eu fose rica, inmensamente rica, en que cinco excentricidades estragaría os cartiños? O asunto francamente non é doado, porque se eu tivese tal cantidade de pasta como para desvariar ata ese punto (quen o teña que querer non o queira), o mellor que podería facer sería ferrarme un tiro e deixarlle a herdanza a quen a soubese gobernar ben -desde logo, non á familia, non fora o demo que acabasen às turras entre eles, mellor que se xuntasen cada Nadal para me maldiciren. E é que por moito que esprema os miolos, e falta de imaxinación non ha ser, non me vexo eu, coma quen di:
1) A lucir un abrigo maxi feito de cascas de escaravello bosteiro, cosidos coa seda dos casulos da bolboreta caveira
2) A reservar billete nun foguete espacial á parte ningunha, porque nesas viaxes o importante, como dicía aquel lema de Tráfico, o importante é volver... eu que boto a pota ata nun carrusel de feira
3) Vivindo nunha quinta de Monção transplantada á sabana africana, cun zoo incluído especializado en pingüíns e osos pardos albinos
4) Rodeada de maromos ben dotados que andarían a babarse seguido à vista dos meus encantos infinitos
5) Indo en calesa aos máis céntricos grandes almacéns que poida haber nunha gran cidade en hora punta para pasearme sobre uns altísimos tacóns por cada planta co brazo dereito case en ángulo recto e o dedo índice estendido dicindo isto si, isto non, isto si, isto non...
En fin, que case vou deixar de xogar á Primitiva, non vaia ser que me toque e a caguemos.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Desafio aceite: Sun Iou Miou descascada
Sun Iou Miou
Estive a duvidar entre escrever com “z”, mas então deveria ser virgem e detesto essa palavra no natural e no sobrenatural, e extra, que é como dizer que vai por fora e eu gosto é de coisas que vão por dentro (Oi, malandros, o que é que estavam a pensar? Isso? Então até pensaram bem: beleeeza)... que vão por dentro, dizia, como estas que há que enumerar agora, por mandato imperativo da Teté, baixo ameaça sorrateira de não me corrigir os erros n'A Velha Polaca. Triste azar o meu! Seis de cada, vejam lá se me descasco, quis dizer, se me safo.
As que me preocupam: fazer facturas, fazer compras, o saldo da conta bancária, a declaração do IRS, o ritmo cardíaco e o crescimento das unhas dos dedos das mãos —que me incomodam ao teclar. (Já viram? Tudo tem relação com números... sou de letras)
As que não me preocupam: se é sexta ou segunda, se é verão ou inverno, se há engarrafamentos ou abrandamentos nos acessos às grandes cidades, os buracos que fazem os meus cães no quintal (até um dia que parta uma perna, claro), se os vidros das janelas estão sujos ou limpos (abrem-se, que entre o ar), o que diga o Rajoy enquanto fique na oposição e o tamanho e a cor dos nabos
As de que gosto: o sol, a chuva, o vento, as trovoadas, a lua, as estrelas (a minha, mais do que nada)
As de que não gosto: a poluição, o barulho, os gritos, espatifar-me a patinar (disto não gosta é o meu corpo), passar o aspirador e o cheiro ao queijo quando não é de queijo propriamente
As que me fazem sorrir: os putos quando me sorriem, os funcionários do que quer que seja quando me sorriem, os amigos quando me surpreendem (sorrir e pôr cara de espanto*, eis dúas das poucas coisas que sei fazer a um tempo), cair quando patino (mesmo sem dentes, só para salvar a cara), as fotografias que o meu cunhado me manda da filha —quer-se dizer, a minha linda sobrinha Ana, que nelas parece Chuckie, o boneco diabólico, e só um pai pode querer tanto uma filha para não reparar no horror de fotografias que me envia—, e um gato que sem ser o de Alice, no País das Maravilhas me transportou até lá
As que me entristecem: as merdas que tenho de traduzir às vezes, as merdas que tenho de corrigir às vezes, as merdas que escrevo às vezes, a tristeza que me invade às vezes, as merdas que piso às vezes (isto é que me entristece especialmente), o merda que me sinto às vezes
As que me definem: tristalegre (O que?! Não há molho agridoce? Pois, pronto, acabou.), insegura, inconsequente, introvertida, sensível para caraças (não disse ‘caralhos’, mas pude) e inte... mperada.
De qualquer maneira o pessoal já sabe o que há quando vem cá. E quem não sabia, vá aprendendo. Mas fiquem tranquilos, eu não passo desafios, gosto é (também, não disse?) de romper cadeias.
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*Aviso para navegantes galegos pouco avisados: o espanto do portugués é a admiración do galego. Non me vaian por aí logo dicindo que este texto foi espantoso, que me babo.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
A velha polaca VII
Lembrava com saudade os tempos em que na casa tinham um belo quintal onde passava horas esquecidas com o senhor, ambos num banco, protegidos do barulho exterior por um muro alto, alto. Era o paraíso privado deles. Naquele então o senhor brincava com ele, encorajava-o perseguir pássaros que nunca conseguia alcançar, lançava-lhe paus, que ele por comprazer lhe trazia de volta... era uma maneira de enganar o tempo. Logo aparecia a dona e chamava-os para beberem o chá, e o senhor olhava para ele, piscava-lhe um olho, entrava na casa e saía com a bandeja cheia de petiscos e aquele líquido quente infame do que tanto gostavam, e a ama vinha atrás dele a rir, e o senhor ria, e o Tisco, que não ria mas era como se risse, corria atrás deles a saltitar, a abanar a cauda, como agora, que finalmente iam ao jardim.
domingo, 12 de outubro de 2008
Pracer
O que máis me gusta dos xelados de cucurucho é o cucurucho. É natural. Que motivos pode ter unha persoa para pedir un xelado de cucurucho, se non lle gusta o cucurucho máis que nada? Por iso, cando como un xelado de cucurucho, o que fago é ir saboreando o xelado, devagariño, moi, moi devagariño, mesturando o chocolate e a framboesa coa culler, levándoo até a boca amodo nunha viaxe demorada para depositalo na punta da lingua, onde primeiro sinto o frío e despois déixoo desfacer con calma, a mestura do doce no centro e do ácido nos bordos, para engulilo coa miña propia saliva, xa formando parte de min. Así é unha culler e outra, todas mínimas, tan pequenas, que o xelado vai derretendo e vira cada vez máis cremoso, fundidos xa o castaño case negro co fucsia escuro. E cada vez que introduzo a culler, observo o cucurucho, impregnado de xelado por dentro, intacto aínda, e deléitome imaxinando o momento en que vou atacar a derradeira cullerada, para logo separalo e miralo por última vez antes de lamber a galleta e trincar o meu primeiro anaco cos dentes, trac, mentres o recollo coa punta da lingua para mastigalo suavemente, ai...
sábado, 11 de outubro de 2008
Destruír despois de ler?
Tiña que ir por entradas para un concerto á Invicta, así que decidín facer un tres por un, sumándolle unha sesión de cine e outra de compra compul-visa de libros. Cando entrei na sala aínda non estaban as luces apagadas, pero foi sentar e empezar a soar unha música que me puxo de mal xorne. Maaaalo, pensei, como isto sexa da banda sonora, non sei se o darei aturado. E non me saía esta da cabeza, a tortura que pasei nunha sesión do cineclub, sen poder fuxir porque alguén me levara ou eu levara a alguén no coche. Se un día me queren extraer algún segredo, non o dubiden, encérrenme nun cuarto sen ventás a escoitar á Bjork. Garántolles que confeso ao primeiro gorgorito. Pero non, houbo sorte coa música. Co que non houbo tanta sorte foi co ar acondicionado, que non sei para que o poñen tan baixo nos cines, sobre todo para sete persoas que estabamos. Foi desas ocasións en que lamentei non ter ninguén ao lado que me abrazase, aínda que tivese que acceder a sentar diante, non atrás como me gusta. E non foi o único malo, que tampouco acabo de entender porque hai que facer un intervalo de 7 minutos no medio das películas. Se aínda puxesen anuncios. En fin, polo menos a duración foi razoable, hora e media, sen que sobrasen minutos nin faltasen risadas. Por certo, na miña vida vin tan feo o Clooney. Que ruíns estes Coen!
Á volta, estaba unha tarde tan boa, que parei na foz do Lima, a ler moi baixiño para que só as augas me sentisen:
Encontraste-me um dia no caminho
em procura de quê, nem eu o sei
-Bom dia, companheiro -te saudei,
que a jornada é maior indo sozinho.
É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei
bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário,
corta os pés como a rocha dum calvário,
e queima como a areia...! Foi no entanto
que chorámos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
tivemos que beber do mesmo pranto.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Dou pena mesmo
Onte, como levo unha vida tremendamente aborrecida e ordinaria, fun patinar outra vez, e pensei, boh, case quito unhas fotos das vistas que me feren na ídem mentres procuro non espatifarme, para que o persoal se compadeza de min, do moito que me sacrifico por chegar algún día a dominar a arte de esvarar sen escorregar.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Estou-de-olho
Sempre há quem vigia cada passo que damos, cada frase que escrevemos, cada gesto que fazemos. Mas só quem nos observa olhos nos olhos sabe o que pensamos, o que sentimos, porquê choramos, o que um sorriso revela.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
A velha polaca VI
O telefone não parava de tocar. Desde que decidira acrescentar um complemento ao ordenado anunciando-se nas páginas de contactos para compensar a miséria que lhe pagavam no banco quase nem fazia mais nada. Às vezes, não negava, excitava-se, mas era um trabalho limpo —limpo, digo?, impoluto— e tentava não se implicar desnecessariamente com a clientela.
—Oláaaa...? —atendia, prolongando a vogal num decrescente interrogante de voz grave e cálida.
Do outro lado a variedade imperava. Também não impusera condições, tanto lhe fazia peixe como carne, enquanto a relação fosse meramente oral. O seu nome de guerra era Aser, que satisfazia todo o mundo, pois o mesmo evocava uma víbora de vertiginosos saltos e decote infinito, um magno general de armas rendido, um sedutor maduro delicado e afável, um tigre bengali de exotismo voraz.
Filho bravo dum banqueiro lisboeta, aproveitou a mensalidade generosa que este lhe depositava a fim de evitar um desagradável —em muitos sentidos— exame de ADN para sufragar os estudos de Económicas sem sobressaltos, e terminou o curso com um currículo nada desprezível. Depois, o próprio pai encarregou-se de lhe procurar o estágio pertinente na sucursal portuense na que despregava todos os seus encantos para seduzir num agora-cedo-agora-puxo deliberado o director, não só porque gozava com aquele lambe-cus tirânico dominado, mas porque era um passo crucial nas referências que lhe procurariam um contrato digno.
—Puta que pariu o cão! —abafou cobrindo por instinto o micro do telefone com os dedos, enquanto trocava um sorriso lúbrico com o doutor Segismundo, que já despossuído de mando mas crédulo convicto no seu papel de chefe e macho, o cominava a livrar o encerado mármore florentino do opróbrio.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Remedio para a saudade
Esta mañá caían chuzos de punta e o vento sacudía violento as pólas dos arces. Como se fose outono por fin, outono no seu sitio. Por iso pensei que era un bo día para ir cumprir unha promesa. Non, non foi a virxe nin santo ningún. A eses non lles prometo nada, que eles a min tambén non me parecen nada prometedores. Foi a un amigo que está no sur a suspirar pola súa terra. E pensaba ofrecerlle un día de outono enmarcado.
Pero xa se sabe que nunca choveu tanto que non escampara. Así que ao final apenas lle trouxen o sol peneirado na Avenida dos Plátanos. E mais un beixo de auga que me deu para el o río.
Sobras
Vale, hai unha pinga que afea a presentación, pero agoando como estaba, nin me decatei cando tirei a foto.
Como domingo non lle aceptei ao Condado o convite para xantar, que andaba eu a non santificar as festas, onte -en lugar de llelas botar aos cans- agasalloume cunha cea de sobras de ensalada temperada de perdiz. E dubido moi moito que o escabeche estivese mellor o día anterior.
En troco, compartín con eles as xemas que me trouxo de La Bañeza (León) un dos meus J para me adozar as penas.
Nada se crea nin se destrúe, aviso, todo se transforma.
Adiviñen de quen é a man que leva a xema que saíu movida.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Mañá (in)tensa
—A outra, doutor?! É que só lavei a mala!
Total que me metín na ducha polo si ou polo non. Enfundei o traxe de moto e saín na brasa. Tirei por Portugal para chegar antes (si, non pregunten, esa explícoa outro día, pero ás veces o camiño máis longo é o máis rápido)... Á porta do hospital hai un amplo aparcadoiro de motos, pero na zona están en obras, co cal, máis da metade tíñano inutilizable. Atopei logo un lugar onde a burra non estorbaba, pero tiven que facer equilibrios (non me paro en explicar, que suei tinta, non sei se chinesa ou de onde) para que non me caese, até que orgullosa que son zafei soíña. Corrín ata o hospital, que nin a quitar os pantalóns de moto parei, chego, ah, ah, ah, ah... entrego os papeis, chámanme, e mentres me furan na vea, cóntolles por que veño tan acelerada ás enfermeiras.
— Muller, por iso, sabes que non facía falla ningunha que foses puntual. Parece mentira en ti.
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Aulas de galego:
almorzo = pequeno-almoço
aparcadoiro = parque (*parque = jardim)
espertar = acordar
mala = má
pantalóns = calças
ñ = nh ll = lh ión/án = ão ións = ões áns = ãos an/on = am
os pronomes, quando pospostos, vão colados ao verbo, sem "-"
domingo, 5 de outubro de 2008
Nin os cans me aturan...
Isto son escavichadas, non as miñas!
Si, si, eu aqui tanto a mirar para o embigo, e cando me dei de conta case nin daba despegado o nariz da barriga... Namentres os meus cans, fartos de aturar estas choradeiras, decidiron acometer un plan de fuga tal, que o d'A grande evasión en comparanza era unha toca de grilo. E esta individua con cara compunxida foi a executora:
Precisarán man/pata de obra especializada para o metro do Porto?
Tamén non me estraña, que de seguir así, lágrima para aquí, laio para acolá, un día destes as poucas visitas que me quedan habíanme perecer afogadas. De maneira que, pronto, de agora en diante non me quero sentir un ai aquí dentro.
E que siga o baile...!
(Até a próxima neura, claro...)
sábado, 4 de outubro de 2008
Maré-cheia, maré baixa
E o final da tarde foi assim, só, porque um amigo (um dos meus J, é claro, o que não aceita nunca um não, menos quinhentos), cheio de ver-me convertida em Penélope que nem tece nem destece, apareceu pela casa com nozes e gemas de León e arrastou-me à força para eu ver...
Quantas lágrimas são precisas para fazer um mar?
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
O abrazo
—Vostede tamén é de ferro —díxome.
Caeu entre nós un silencio. Dentro de min algo rompeu.
—Rompeu algo dentro de min cando dixo iso —dixen, saíranme as palabras sen máis. Non sabía como continuar—. Se fose de ferro, de certo non había romper tan facilmente.
Cando lin a derradeira liña apenas tiña xa folgos. Inspirei fondo, con medo de que xa o osíxeno non dese entrado, tan engruñados sentía os pulmóns no peito, tan secas as entrañas. A cada pouco pousaba o libro boca abaixo para recuperar forzas contemplando o río, o azul do ceo, a terra en que vivo, o meu privilexio. Despois mergullaba no esplendor das palabras que me sacudían as vísceras, que me repugnaban, que me seducían, que doían como labazadas no rostro. E outra vez xurdía á superficie acorando...
Non lembro unha lectura recente na que subliñase tantas frases, o lapis à man na man, as liñas trémulas, o alento entrecortado. E non era a empatía, non, relacionada co cancro interno, que nunca vin no meu sentenza de morte, senón prórroga da vida. Era a voz implacable que describe a podredume dunha sociedade sen conciencia, era a potencia do relato, era a crueza na pel das chagas infectadas.
E na fin, tan previsible, ainda notei o corpo a estremecer —como se o meu fose— naquel abrazo.
Da miña ausencia
Parte do séquito que acompañou os meus restos ao contedor do lixo
Morrín durante uns días, pero non tiven culpa. Ao parecer, foi o cheiro o que alertou os veciños e os ladridos dos meus cans esfameados, que quedaron de porta fóra, o que impediu que se desen unha magra homenaxe cos meus escasos restos. Mas pronto, está todo resolto: viñeron (por sorte non houbo necesidade de que chamasen un cerralleiro, que tiñan copia das chaves para unha eventualidade inevitable destas), saíron de novo a correr para procurar máscaras con que amortecer o fedor, chamaron o forense para o levantamento do meu cadáver —tarefa que non foi en modo ningún pesada—, o seguro dos mortos para se faceren cargo dos custes —dos que eu xa antes me fixera cargo— e celebraron as cerimonias pertinentes, que constaron, basicamente, en prenderme lume e botar as cinzas no primeiro contedor de materia orgánica que encontraron.
Namentres, os culpables da miña morte temporal continúan soltos, unha vez que me devolveron á virtualidade restablecendo a conexión que me mantén con vida despois de tres días durísimos de illamento e unha conversa que prometía, que era, digo, fascinante, interrompida.