segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A velha polaca VII

Enquanto a menina Jennifer, ou o que fosse, entrava na despensa a pegar na esfregona, a dona Ludmila despedia-se displicente do director, quem ainda não conseguira assimilar o baque económico que lhe acabava de desmoronar o feudo. O Tisco, aliviado e contente, abanava a cauda ao saírem de novo à rua, agora, sim, esperava, finalmente rumo ao jardim.
Lembrava com saudade os tempos em que na casa tinham um belo quintal onde passava horas esquecidas com o senhor, ambos num banco, protegidos do barulho exterior por um muro alto, alto. Era o paraíso privado deles. Naquele então o senhor brincava com ele, encorajava-o perseguir pássaros que nunca conseguia alcançar, lançava-lhe paus, que ele por comprazer lhe trazia de volta... era uma maneira de enganar o tempo. Logo aparecia a dona e chamava-os para beberem o chá, e o senhor olhava para ele, piscava-lhe um olho, entrava na casa e saía com a bandeja cheia de petiscos e aquele líquido quente infame do que tanto gostavam, e a ama vinha atrás dele a rir, e o senhor ria, e o Tisco, que não ria mas era como se risse, corria atrás deles a saltitar, a abanar a cauda, como agora, que finalmente iam ao jardim.

10 comentários:

Anónimo disse...

espera por vde unha encomenda en ithaca (espero que desta non se me resista tanto como da outra) :-)

Sun Iou Miou disse...

Ai, Kaplan, non me diga que me vai pedir que lle faga a cama?

Anónimo disse...

mala idea non era... (pero non, xa viu que non era tal) :-)

Sun Iou Miou disse...

Vin, si, Kaplan, que desilusión. Déame tempo, que lle prometo algo de xeito (e igual me toca a primitiva namentres o penso).

Teté disse...

Li, sim, Sun, mas estou à espera de novo post, para avançar com as ligeiras alterações que faria ao texto... (`_^)

Está claro, se ainda estiveres interessada, OK?

Jinhos!

Sun Iou Miou disse...

Ah, Teté, ligeiras..., uf! Claro que estou interessada, mas estás à espera de novo post porquê? E se eu nunca mais fizer um? Ah, tenho de fazer, sim, agora lembrei, o prometido é devido: ao menos, um para ti, outro para o Kaplan. Trabalheira me dão, ó malta!

Teté disse...

"... saudade os tempos em que na casa tinham um belo quintal onde passava..."

"... encorajava-o a perseguir pássaros que nunca..."

Ama também não é uma palavra que se use muito na relação com um cão ou com um homem, mas percebi que tinha ligação com um link que puseste para o Jonas, na altura.

Quarto de despejo parece-me terminologia nortenha, aqui usa-se mais despensa (onde se guardam mercearias, tábua de engomar, vassouras e tralha, de um modo geral).

E pronto, como vês não é muita coisa, sendo que as duas últimas são apenas adendas e não erros, propriamente ditos...

Beijocas!| (`_´)

Sun Iou Miou disse...

Primeiro, muito obrigada, Teté, sinceramente. Depois, é verdade, os links para o Jonas tive de tirar. Podia colocar ai os textos do Guerra aberta também, mas sem licença dele não quero.
Que palavra usarias em vez de "ama"? "Dona" talvez?

Beijocas

Teté disse...

Sim, dona do cão, é como se costuma designar a proprietária de um bicho. Sendo que nunca se sabe bem, quem é "dono" de quem... (`_^)

Sun Iou Miou disse...

A mim, Tete, vais-me contar quem manda cá na casa? Com certeza eu não sou, e eles lá têm as suas jerarquias.

Beijo e obrigada outra vez