sábado, 11 de outubro de 2008

Destruír despois de ler?










Tiña que ir por entradas para un concerto á Invicta, así que decidín facer un tres por un, sumándolle unha sesión de cine e outra de compra compul-visa de libros. Cando entrei na sala aínda non estaban as luces apagadas, pero foi sentar e empezar a soar unha música que me puxo de mal xorne. Maaaalo, pensei, como isto sexa da banda sonora, non sei se o darei aturado. E non me saía esta da cabeza, a tortura que pasei nunha sesión do cineclub, sen poder fuxir porque alguén me levara ou eu levara a alguén no coche. Se un día me queren extraer algún segredo, non o dubiden, encérrenme nun cuarto sen ventás a escoitar á Bjork. Garántolles que confeso ao primeiro gorgorito. Pero non, houbo sorte coa música. Co que non houbo tanta sorte foi co ar acondicionado, que non sei para que o poñen tan baixo nos cines, sobre todo para sete persoas que estabamos. Foi desas ocasións en que lamentei non ter ninguén ao lado que me abrazase, aínda que tivese que acceder a sentar diante, non atrás como me gusta. E non foi o único malo, que tampouco acabo de entender porque hai que facer un intervalo de 7 minutos no medio das películas. Se aínda puxesen anuncios. En fin, polo menos a duración foi razoable, hora e media, sen que sobrasen minutos nin faltasen risadas. Por certo, na miña vida vin tan feo o Clooney. Que ruíns estes Coen!










Á volta, estaba unha tarde tan boa, que parei na foz do Lima, a ler moi baixiño para que só as augas me sentisen:

Encontraste-me um dia no caminho
em procura de quê, nem eu o sei
-Bom dia, companheiro -te saudei,
que a jornada é maior indo sozinho.

É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei
bebemos cada um do mesmo vinho.

É no monte escabroso, solitário,
corta os pés como a rocha dum calvário,
e queima como a areia...! Foi no entanto

que chorámos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
tivemos que beber do mesmo pranto.

Camilo Pessanha, "Caminho II", Clepsidra

Calma, meus, que non o destruín despois.

8 comentários:

Teté disse...

Ah, também foste ver o filme... (`_^)

Extraordinária a música do Ney, mas sou suspeita porque gosto muito dele!

Já em relação à poesia do Pessanha sou uma quase total desconhecedora, mas gostei deste!

Jinhos!

Tá-se bem! disse...

É um caminho tortuoso, este caminho! Quanto mais fazê-lo sozinho... :)

E Beijinho de Domingo já?? :| Upsss ;)

Sun Iou Miou disse...

Já te disse, Teté, Brad para ti, Geooorge para mim. E se o meu estava feio, o teu também não estava para atirar foguetes! E passei uns bons momentos no filme, que era do que se tratava.

Recomendo-te a leitura do C. Pessanha, se gostas de poesia. Os livros de poemas são excelentes companheiros para levar na bolsa ou na mochila, como os de contos breves.

Fiquei feliz, porque pensei que já não ia encontrar bilhetes para o concerto.

Beijo para ti

Sun Iou Miou disse...

Tá-se bem!, viraste poeta? Fizeste um poema pateta.

Sim, sim, eu também sou da escola do Quim Barreiros.

Beijinho de domingo lindo nublado e vou passear com os cães pela margem do riooooooo!

Anónimo disse...

Sun,
Não eram sete pessoas que estavam na sala do cinema. Eu cheguei depois do teu desespero e me instalei bem lá na primeira fila e vi tudo como tu. Até o ar condicionado estava contaminado! Quando resolvi me aproximar, olhei para trás, mas já não estavas...
Porque eu te queria nos meus braços bem no luscofusco da sala e poder murmurar-te o que a tarde me pediu para dizer-te suavemente ao ouvido...
Viajei um pouco à beira rio e como num cântigo, ouvi a tua voz declamando Camilo Pessanha!
Parei mas não tive coragem de te falar. Por isso o faço agora.
Beijos

Sun Iou Miou disse...

Meu Anónimo... pensavas que não te pressenti? Mas eu também não tive coragem, por isso fugi antes de acabarem de passar os rótulos, porque é no lusco-fusco onde habito, nas sombras e a luz dissolve-me igual que os sonhos acabam como o toque do alarme.
Beijinho para ti

Abrenúncio disse...

Então e a película, vale a pena, ou não? Ainda no outro dia estive para o ir ver, mas no fim optei por outro. Apesar do elenco, comédias...
Saudações do Marreta.

Sun Iou Miou disse...

Olha, Marreta, isso é muito compromisso. É uma comédia, e não sou de gargalhada fácil, mas podes crer que ri, alguma vez até de alto, para surpresa minha. Imagino que haverá coisas mais interessantes para ver, mas eu neste momento era o que precisava. Os Coen, já sabes como é. Nem de tudo o que eles fazem gosto: O de Não é país para velhos, francamente, detestei, não tanto pela violência gratuita, mas porque não entendi como lhe deram ao Bardem o Oscar por passar o filme com cara de batata, absolutamente inexpressivo. Vale a pena o filme? Tudo depende do que se procure, meu.