sexta-feira, 21 de março de 2008

Serra d'Arga

A primeira vez levoume Condado. Foramos de pesca ao Âncora, unha mañá que inda recordo, con martiño peixeiro incluído coma unha seta azul sobre a tona da auga. Á volta tróuxome pola Serra d'Arga, daquela aínda sen fender pola autovía a Viana. Desde entón subo de cando en cando a perderme por eses camiños todos que xa non teñen perda porque me saben fundir no silencio deles o meu.
Esta mañá volvín de novo, a lavar os oídos de barullo, deste súpeto barullo de aldea invadida. E mentres gabeaba funme sentindo leve, notando unha suave corrente nas costas, como un alento lixeiro de asas que me crecían. Fun parando, tirando fotos, absorbendo a paisaxe coa mirada, a trote lento, lento, lento, de cabalo altivo. E cando se reproduciu o prodixio da ponte de laxes no medio da nada... apenas tivera vagar para tirar un par de fotos, e sinto un balbordo de voces agromar por detrás dun penedo, excursionistas de chándal e zapatillas brancas, fóra de lugar (será que hoxe estaban fechados os centros comerciais?), zunido monótono de radios prendidas (el non saberían que existen uns trebellos chamados auriculares?), guiris nativos pero alleos, dos que ignoran que as persoas se saúdan nos camiños... que tristura. Fuxín para as Argas de Cima e de Baixo, sen parar a petar nos seus empedrados vellos, deixándome esvarar nas curvas, facendo viaxe.
Xa en Estorãos, decidín que tocaba xantar coma a xente por un día, e perguntei por un sitio onde rillar algo. Mandáronme a unha tasquiña, onde porfiei en sentar ao vento, a compartir leria cun veciño de mesa e as febras (si, sacrilexio, que non había peixe nin que houbese...) cun gato que deixou de miar cando a carne desapareceu da fonte.
Aínda baixei ata a capital do Lima, que non estaba tan ateigada xa de españolitos, e camiñei un anaco de ponte por pisar nas mesmas pedras, e subín polas ruelas a captar momentos de luces e sombras, e os saltos dos rapaces que se lanzaban en bici polas escaleiras impresionando os cativos galegos fuxidos da mesa do restaurante na que os pais andarían dando cabo de bicas e augardentes vellas, que me explicaban emocionados as proezas que presenciaran.
Volvín con máis cafés da conta, polo mesmo camiño, que sempre é diferente, subindo ao alto desde o que se divisa o mar, o mar de Viana a engulir o Lima; pola ermita románica, rodeada de oliveiras, cuxo nome esqueceume anotar; por Cabração e de novo xa na casa, Covas, Sopo, Vila Nova, meu Miño, onde me agardaban o Azul, a Ula e a Cora, sacudindo o rabo, e outras moi furtivas benvidas en dúas palabras inmensas.

19 comentários:

Anónimo disse...

Marabillosa a Serra d´Arga. Mágoa como está a ser engulida por prantas invasoras espiñentas que, cando se extendan, non deixaran nin paso. Aínda sí, as súas chairas altas son como a Valga, pero a lo grande.

Jonas disse...

Ficam tão bonitas e musicais as palavras da vida em galego.
A paisagem melhora e até as pessoas, quando intervenientes nos teus relatos, já me parecem mais reais e mais humanas.
Quando conheci essa Arga, as memórias da minha África fechavam-me os olhos às suas belezas. Mais tarde, alguém quis ensinar-me a vê-las melhor, mas também já tinha outras imagens mais alienantes a anquilosar-me a capacidade para a contemplação de diferentes belezas.
Decididamente, o Minho nunca me concedeu um tempo para me ensinar a querê-lo.
E eu também, de forma vingativa - verdade seja dita - nunca o quis querer, em língua nenhuma.
Já sei que o Minho - tal como o mundo - é património dos olhos e das sensibilidades de todos; o meu problema foram as cataratas do momento, provocadas por coqueiros, palmeiras, estepes e rios violentos que nunca desaguavam.
Talvez um dia, quando regressar aos locais de algumas batalhas, comece também a medir a 'velhice' pelas cataratas que me cegaram...
Até lá, sigo cantarolando em ritmos de samba e merengue, que não jogam com o Minho.
Lamentavelmente.

Jonas disse...

Onde está 'estepes', queria dizer 'savanas'; embora em àfrica também existam algumas estepes, o que eu via eram savanas.
hehehe

kanjas disse...

Se tiraste fotos porque é que elas não estão aqui para a gente ver?

Mau mau...

Sun Iou Miou disse...

Couseliño, ti sempre vendo o lado ecobionegativo da paisaxe. E si, a min recórdanme à Valga, pero precisamente o maior tamanho dálle outra dimensión ao silencio.

Ai, Jonas, certamente há belezas que não se podem comparar, mas isto foi o que a mim me calhou. Digo-te, isso sim, que as cataratas operam-se, e nunca é tarde.

Fausto, não há fotos aqui porque eu acredito que mil palavras valem mais do que uma imagem. (E também porque tendo como tenho um amigo que é um excelente fotógrafo, teria de aguentar umas críticas ferozes se as colocasse aqui para a gente as ver. E eu só quero que me queiram.)

Jonas disse...

Sem dúvida que a experiência ocupa um alto posto na hierarquia da vida:

«Eu só quero que me queiram!», she said.

Sun Iou Miou disse...

Então, Jonas, pensas que vou andar a postar para o pessoal me insultar? Para isso já está a vida, a paralela, a única vida, a de quem move os fios da Sun Iou. Aqui só paz e amor. E álcool (para as feridas).

Teté disse...

Xi, Sun que saudades desses caminhos que já não conheço, muito menos assim em meia estação, que os caminhos eram o das praias, o dos rios e das piscinas naturais em pleno Verão, em piqueniques campestres e algumas, raras, visitas a igrejas e ermidas.

A única vez que passei a Páscoa em Caminha fiquei desiludida, que era tudo invadido de turistas (nacionais e espanhois) para comerem, comprarem bugigangas e, só alguns, assistirem a uma procissão assustadoramente fúnebre - que essa não me deixou saudades! :S

Quanto ao texto ser mais relevante que as imagens, percebo onde queres chegar, mas enfim, cada qual decide o que entende para o seu espaço, não é?

E pronto, aproveita estes dias para bons passeios, motorizados ou não... Com paz, amor e álcool (pró que tu quiseres!) (`_^)

Sun Iou Miou disse...

Teté, não voltes por Caminha, está tudo na mesma: turistas e bugigangas (como adoro estas palavras como que me regalam os ouvidos...), mas cara ao interior o universo é outro, à medida, para quem gostar dele.
No referente às imagens, naturalmente, eu gosto de ver fotografias, vídeos, o que for nos blogues dos outros. Mas isto aqui é um exercício de escritura e se desse em colocar imagens, não faria o esforço de tentar regurgitar as sensações nas que pego a estas páginas. Naturalmente, a relevância de cada coisa é a que entendo eu cá para mim e é o que tenho de bom ou mau que oferecer: palavras.

Jonas disse...

Será muito peso rogar-lhe que traduza o último verso de Lois Perero?
Obrigado.

Sun Iou Miou disse...

Todo peso é leve se eu contribuir a esclarece-lo, Jonas, mas tenho ai uma carência sintáctica que vou ter de arranjar à brava, por mor do pronome "o" (referido a "vivo") que não sei onde deve ir ou sequer se deve ir:

"...sei o que é sentir medo a não estar vivo."

Jonas disse...

Pois, traduzindo com desprezo pela poesia: Sei o que é o medo de morrer...!
Eu também já sei, felizmente.
Obrigado, sun.

Sun Iou Miou disse...

A mandar, Jonas. Está um frio do cacete para andarmos com estas poesias de mortos e vivos sem vida.

Jonas disse...

o problema sintáctico resolvê-lo-ias facilmente dizendo:
«Sei o que é sentir medo AO não estar vivo» sendo que esta contracção 'ao' se refere 'a um' momento...
Não sei...sou analfabeto...mas ainda ninguém teve a bondade de mo dizer. Vê lá se ajudas...

Sun Iou Miou disse...

Se se puder dizer assim, que não sei, diz-me tu, eu diria: "sei o que é sentir medo a não o estar". Em galego eu pessoalmente, tiraria o "o", e diria simplesmente "sei o que é sentir medo a non estar", mas claro, isso, sendo o mais correcto sintacticamente em galego, é ambíguo.

condado disse...

Imprescindible ter lugares onde perderse que non estén tan lonxe que te perdas sen chegar a eles, é por iso que se chaman lugares familiares. Pero temos que organizar unha viaxe ao fin do mundo geográfico, aquí perto, chamase ribeiro de baixo, só teño que conseguir unha moto porque non son iguais tódolos camiños que chegan a un mesmo lugar. ¿Pescar? É un río da vida mesmo!!

Sun Iou Miou disse...

Vai arranxando moto, que eu de paquete xa non vou, e no ribeiro ese, se non hai auga para peixes, ha de haber viño para carne.

kanjas disse...

eu queria era ver essa tal serra :(

Sun Iou Miou disse...

As ondas dessa serra não são de água, mas se tu quiseres ver, ela está ai, não se move do sitio por enquanto, Fausto!