Leio algures que Cidadeabertaaomar tem uma luz invulgar ou coisa do género, do género extraordinário, dia sim dia não. Que ontem, que era dia sim, na hora do entardecer a tal cidade era dona absoluta e senhora duma luz laranja não de artificial poste que para si quiseram as hecatombes e os juízos finais com redobre de tímpanos e pífaros, antes resultado do seu magnético engodo (engasgei no vaidosismo) para os fenómenos lumínicos exclusivos. Ai tinha? E então isto que cá havia pelas mesmas horas a me amarelecer nos olhos e nos carvalhos, nos azevinhos (em angular menage à trois de duas por um), nos bordos vários e no desacompanhado magnólio, no zimbro, no sobreiro, na figueira-da-índia-galega, nas ameixeiras e nos mirabéis, nas macieiras e nas pereiras (as autóctonas e a japonesa já também raiana), na cerejeira, na romãzeira (que tem cinco romãs primogénitas amadurecendo), nos liquidâmbares e nas gardénias, nos hibiscos, nos buxos, nas roseiras, em saramagos e noutras muitas e adversas-diversas ervas humílimas (vítimas de anonimato pela minha ignorância aprendiz), no monte da Pena, no do Cervo e no do Meio-Dia, na Cabra Fanada e no Ninho do Corvo e, também, no canto emudecido do melro e nos cagalhões dos cães... isto, pergunto, foi surripiado à supradita? Aiué...
Mágoa da minha imperícia infotográfica ou agora tinha eu aqui alguma para vos mostrar, sem photoshopismos, como é que a luz é do mundo-universo e não património dos urbanizados olhares seduzidos. Mágoa ou aiué...
8 comentários:
Chegou entón a marea vermella?... Tanto colorín me da qué pensar, o Jonas con azuis infante e ti con vermellos utópicos... Cogumelos alucinóxenos? Ai, ai...
Então, Condado, o do Jonas era bola? O meu vai ser dos cogumelos, logo.
Está claro que este texto es para iniciados. Pero gusta como suena a mi nada entender ¿me estoy contagiando?
Será música entón, Ella? :)
(Te estás contagiando y ya no tiene remedio.)
Falta saber qual é essa cidade, banhada pelo mar, e que irradia essa luz mágica, a inspirar poetas. O que eu conheço, é uma cidade , banhada por um grande rio, e cujo largo estuário, com reflexos de prata, a ilumina e a transforma, reflectindo nela um rutilante colorido de irisados cambiantes, o que lhe dá aquela tonalidade mediterrânica, a incendiar os olhares e os desejos. Dela falaram Plínio, O Velho, e Varrão, quando lhe enalteciam a fertilidade das terras em redor, a alargarem-lhe o horizonte pela grande lezíria, e se referiam à velha lenda que dizia que, naqueles campos, até as éguas emprenhavam com o vento, metáfora esta que não seria enjeitada nos dias de hoje pelos nossos afamados poetas pós-modernos, de tão bela que é.
É por esta cidade de feitiços e encantos que eu passeio o meu olhar cansado, levando na bagagem outros olhares tão cansados como o meu, mas que esperam ainda a carícia do Sol e e o embalo da brisa, ao fim da tarde, contemplando a majestade do rio, que se chama Tejo. E será aí que deixarão de dizer que não têm nada para contar.
Se fosse assim tão difícil dizer o nome dessas flores, desses arvoredos como tu dizes, querida Maria, eu me perderia (engasgaria) e deixava de sentir a beleza natural e o aroma, o perfume, o colorido dessa
cidade tão extraordinariamente luminosa como a que tu desenhas...tão diferente. Só não tive dificuldade na tradução "cagalhões dos cães"!
Por onde andas buscando outras luzes?
Ich liebe dich
Cidadeabertaaomar (muito ironicamente chamada) é neste blogue, Alexandre, a cidade que me fez a mim detestar cidades: Vigo.
Mas valeu a pena a descrição que faz da Cidade da Luz. Esse é um comentário que dava uma postagem.
No inferno, Manoel Carlos, no inferno é que ando à procura de luzes.
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