segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Um minuto de silêncio
Vinte e cinco anos sobre o mármore estendidos, nenhum tapete a absorver o impacto do corpo que desmaia. Ferraram-lhe um tiro no pescoço, que sangra, esguicho vermelho, fonte de morte. E são oito e meia da manhã apenas. Os olhos mais fechados do que a ferida, talvez ainda encravada na pele a saudade dos lençóis, talvez o sabor do café com muito açúcar ou pão com tomate, azeitonas e sumo de laranja. O derradeiro pequeno-almoço sem apóstolos em volta. Morte em horário laboral. Um minuto institucional de silêncio. Luto doméstico sem horas certas.
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