Mostrar mensagens com a etiqueta non é conto. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta non é conto. Mostrar todas as mensagens
sexta-feira, 22 de abril de 2011
O po sobre os libros
Pasaba o furabolos polo po que cubría os libros e admirábao non arrepiarse ao contacto, admirábao sobre todo comprobar que o dedo non deixara marca ningunha na pátina apagada que se depositara en todos os obxectos do cuarto... e nin así arrepiarse. Foi á cociña e do caixón máis próximo ao fogón quitou un farrapo branco limpo, que sacudiu para domealo, para que adquirise algunha elasticidade. Nas raiolas oblícuas do sol matinal que se filtraban a través das físgoas da persiana navegaban estrelas diminutas que escaparan doutras galaxias, creadas á medida de seres invisbles. Volveu ao cuarto, tentou retirar o po dos libros co pano. Foi en balde. O po persistía nos libros e o pano persistía na brancura. Xoán Lobo Vieira levantou a persiana, abriu a fiestra e só viu noite fóra. Mirou para as súas mans e o pano era unha labareda azul que non queimaba. Pousouno no beiril à espera de que unha picaraza se achegase a namorar con el. Despois notou terra entre a lingua e os dentes e decidiu dar un paseo.
domingo, 10 de abril de 2011
O ogro mascarado de plácida leitora de poesia (3)
E não, não morreu ninguém. É melhor já saberem que o final da estória não foi nada uma carnificina, não passarem a agonia de a lerem para depois vir o desengano coma uma lâmina fria que decepa cabeças de olhar perplexo... Era, dizia, domingo de entrudo.
Numa crise de fastio, cheia daquela merda que nem para quincalha dava, a Fada Cor-de-Rosa (ou era uma princesa?!) renega de pedras e tesouros que não aparecem e enfia para a varanda que dá ao jardim da Biblioteca proclamando que vai fazer arcosiris com as serpentinas que ficaram lá enredadas, tentando persuadir os primos para se unirem a ela. Desprezada por estes, que preferem o amparo do muro... (não penseis mal, ó tarados!, estavam a brincar mesmo a encontrar tesouros, a abrir buracos entre as pedras), sem mais nem mais a Fada Cor-de-Rosa Helena perde subitamente a condição de ser sobrenatural.
―Ó mãe! ―diz ela― Quero fazer chichi!
E saltita nos bicos dos pés, as pernas muito, mas muito mesmo, juntas, enquanto a Minnie Marianna reclama que vá ali para onde eles estão fazer chichi...
―Ó Helena, anda cá fazeres chichi!
Eu abafo um brado num silêncio que me rasga, era já só o que (me) faltava. Mas a mãe reage, levanta-se rápido, arrasta a fada à casa de banho coma se fosse o mais comum dos mortais e quando regressam, as pernas já mais desembaraçadas de urgências, a família levanta-se da mesa e sai da esplanada, em direcção ao terreiro, deixando as serpentinas partidas em pedaços pelo chão, pelas cadeiras, pelas mesas, pela varanda... e o trabalho de apanha-las ao empregado, que não perde a pachorra nem o sorriso. Até que em fim tenho paz para continuar a ler... só que, hélas!, fiquei sem vontade. Pago o que devo e vou também embora, assanhando-me com os pneus ardentes da mota sobre uma esteira de arcosiris que agonizam no empedrado do terreiro.
Numa crise de fastio, cheia daquela merda que nem para quincalha dava, a Fada Cor-de-Rosa (ou era uma princesa?!) renega de pedras e tesouros que não aparecem e enfia para a varanda que dá ao jardim da Biblioteca proclamando que vai fazer arcosiris com as serpentinas que ficaram lá enredadas, tentando persuadir os primos para se unirem a ela. Desprezada por estes, que preferem o amparo do muro... (não penseis mal, ó tarados!, estavam a brincar mesmo a encontrar tesouros, a abrir buracos entre as pedras), sem mais nem mais a Fada Cor-de-Rosa Helena perde subitamente a condição de ser sobrenatural.
―Ó mãe! ―diz ela― Quero fazer chichi!
E saltita nos bicos dos pés, as pernas muito, mas muito mesmo, juntas, enquanto a Minnie Marianna reclama que vá ali para onde eles estão fazer chichi...
―Ó Helena, anda cá fazeres chichi!
Eu abafo um brado num silêncio que me rasga, era já só o que (me) faltava. Mas a mãe reage, levanta-se rápido, arrasta a fada à casa de banho coma se fosse o mais comum dos mortais e quando regressam, as pernas já mais desembaraçadas de urgências, a família levanta-se da mesa e sai da esplanada, em direcção ao terreiro, deixando as serpentinas partidas em pedaços pelo chão, pelas cadeiras, pelas mesas, pela varanda... e o trabalho de apanha-las ao empregado, que não perde a pachorra nem o sorriso. Até que em fim tenho paz para continuar a ler... só que, hélas!, fiquei sem vontade. Pago o que devo e vou também embora, assanhando-me com os pneus ardentes da mota sobre uma esteira de arcosiris que agonizam no empedrado do terreiro.
segunda-feira, 28 de março de 2011
O ogro mascarado de plácida leitora de poesia (2)
Prova de que a poesia não me (nos) faz melhor(es) pessoa(s)
É, já foi dito, domingo de entrudo. Escolho o canto mais apartado, que tem por ali à solta duas crianças a engrinaldar tudo quanto é mundo com serpentinas ao tempo que a mamãe ralha nelas com inhóspita correnteza de voz e proveito zero (o pai, ao que parece, é felizmente surdo ou de espécie muda... e quase ainda bem). Porém (ei-lo, como previsto) terei azar. Chega agora a priminha com os pais ―beijos, alaridos e abraços― e os três putos resolvem deslocar a bagunça justamente (engulo cuspo, pigarreio para temperar a secura da garganta) por tris-trás de mim, para uma zona, sedutor o chão tapizado de seixinhos brancos, a que uma fita atravessada no vão sem porta supostamente veda passagem sob pena capital nenhuma (pena!, franzo o sobrolho, a alma encrespa-se-me...). O Huguinho e a Mariana, travestidos de punkie (com muletas) e ratinha Minnie (com orelhas), respectivamente, entretêm-se com a Fada (com chapéu) Cor-de-Rosa Helena a remexerem nas alvas pedras e procuram, sem pejo nem sigilo, tesouros!!! (vidralhada multicolorida, enferrujadas caricas finiseculares, alumínicos anéis de indegradáveis abrefáceis..), acompanhados pela gritaria já-se-sabe improfícua que a mãe arremessa por cima da minha paciência: que não fossem sujar as mãos, nem os vestidos, que era, aliás, aquilo em que o trio em venturosa impunidade se empenhava, aproveitando a parede que cega a materna pose vigilante. Entretanto, pugna o monstro em mim: sangue num ferve-não-ferve, blups-blups, babas que fermentam sob a língua, bafo a assomar pelas narinas fora, escamas que se excitam sobre a palidez verde da pele... Herodio-me.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Loito
Habitaba o último andar e tiña o home embalsamado na sala. Aos sábados, fundido nas tebras o luscofusco, revivía o velorio. Abría a casa de vagabán e ofrecía licores e pastas variados, de elaboración propia, aos veciños do edificio, que aliviaban a soidade en troca de catro bágoas escorrichadas polo tan bo que fora, as oracións murmuradas de cor e os contos de defuntos e aparecidos. Contra o abrente, despedíanse e baixaban as escaleiras para cadanseu tobo, o xesto digno a disimular sobre as pernas cambaleantes a lascarda de alcol e sono. Ela fungaba os mocos, tapaba o caixón, desentornaba as fiestras e puña baixiño un cedé de boleros.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Aparecem-me cadáveres
Pronto, para aqueles que não tiveram hipótese de iluminarem o seu desentendimento com a leitura em papel, já está disponível em versão pdf a história verídica que o pessoal de Novas da Galiza arriscou a publicar-me.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
A resolução do problema
―Já imaginou o que seria beijá-la?
O homem escancarou os olhos como quem abre os postigos da mente à luz. Cegou-se.
―Eu...
―Não, assim não. É ela o primeiro, o preâmbulo, o sonho. Só depois, e nem sempre, vem um, o próprio.
O homem calava, embaraçado, e a nuca carregava-se-lhe com o peso do mutismo, o olhar enterrava-se, as mãos contorciam-se, a vergonha crescia reconhecendo-se.
―Imagine então que ela entra na sala quando ninguém mais está, só o senhor e o luar que tudo invade ao abrir ela a porta.
O homem tem no peito bastantes cavalos que o destroçam e abafa um grito, a ansiedade.
―Só eu?
―E o luar, disse.
―Só eu e o luar.
―Isso. Mas o luar apaga-se logo, quando ela fecha, trás de si, a porta ao mundo. Aí é a escuridão.
―Não pode haver, que só seja, uma vela a arder, num canto, que ilumine o seu vulto, o dela, e o embale no seu oscilar?
―Pode.
―Então, sou eu, o luar que já não está e mais a vela prendida num canto ―sussurrou o homem, o hálito avivando a chama da fantasia no ventre, nos pulsos.
―E o vulto dela a flutuar, derramando um perfumo à fêmea intocável ―avançou a voz sobre o homem, que quase ia asfixiando no odor que o investe e o repele.
―Intocável? Intocável porquê?
―Não porquê, mas por quem, ou melhor, para quem. Para si. Repare: a covardia prendeu-lhe as mãos.
O homem tenta disfarçar a turbação engolindo o sapo, que por sua vez devora toda quanta réplica lhe acode ao estômago. Até que enfim o silêncio se estremunha na penumbra puxando o fio dum gemido da garganta sufocada do homem.
―A covardia aproveita a debilidade para tirar nenhum proveito. Não tem nada a fazer. As mãos nunca obedecerão um mandato frágil. Mas eu perguntei se já imaginou o que seria beijá-la e o senhor não respondeu.
―E como a havia de beijar se nem tocá-la posso?! Ah, pronto, perguntou se já imaginei...
Ao fundo, onde nenhum arquitecto pensou em traçar um vão, ardia uma vela de que escorriam lágrimas pela sua própria consumpção, enquanto o fume tingia de vermelho líquido os olhos do homem que estava no chão sentado. De repente, a porta abriu-se e no contraluz recortou-se uma figura cujo cheiro assaltou as narinas sôfregas pela espera. Reconheceu a fragrância que, claro, era inebriante e pungente. Ao fechar ela a porta expulsou o resplendor tíbio que o luar propiciara. À luz da vela a sombra da mulher adiantou o rosto, acordando ondas de desejo além daquelas paredes secas e desenhou no homem um reflexo canino: este arrancou com os dentes lábios e língua e cuspiu-os contra o sorriso trémulo da quimera.
O homem escancarou os olhos como quem abre os postigos da mente à luz. Cegou-se.
―Eu...
―Não, assim não. É ela o primeiro, o preâmbulo, o sonho. Só depois, e nem sempre, vem um, o próprio.
O homem calava, embaraçado, e a nuca carregava-se-lhe com o peso do mutismo, o olhar enterrava-se, as mãos contorciam-se, a vergonha crescia reconhecendo-se.
―Imagine então que ela entra na sala quando ninguém mais está, só o senhor e o luar que tudo invade ao abrir ela a porta.
O homem tem no peito bastantes cavalos que o destroçam e abafa um grito, a ansiedade.
―Só eu?
―E o luar, disse.
―Só eu e o luar.
―Isso. Mas o luar apaga-se logo, quando ela fecha, trás de si, a porta ao mundo. Aí é a escuridão.
―Não pode haver, que só seja, uma vela a arder, num canto, que ilumine o seu vulto, o dela, e o embale no seu oscilar?
―Pode.
―Então, sou eu, o luar que já não está e mais a vela prendida num canto ―sussurrou o homem, o hálito avivando a chama da fantasia no ventre, nos pulsos.
―E o vulto dela a flutuar, derramando um perfumo à fêmea intocável ―avançou a voz sobre o homem, que quase ia asfixiando no odor que o investe e o repele.
―Intocável? Intocável porquê?
―Não porquê, mas por quem, ou melhor, para quem. Para si. Repare: a covardia prendeu-lhe as mãos.
O homem tenta disfarçar a turbação engolindo o sapo, que por sua vez devora toda quanta réplica lhe acode ao estômago. Até que enfim o silêncio se estremunha na penumbra puxando o fio dum gemido da garganta sufocada do homem.
―A covardia aproveita a debilidade para tirar nenhum proveito. Não tem nada a fazer. As mãos nunca obedecerão um mandato frágil. Mas eu perguntei se já imaginou o que seria beijá-la e o senhor não respondeu.
―E como a havia de beijar se nem tocá-la posso?! Ah, pronto, perguntou se já imaginei...
Ao fundo, onde nenhum arquitecto pensou em traçar um vão, ardia uma vela de que escorriam lágrimas pela sua própria consumpção, enquanto o fume tingia de vermelho líquido os olhos do homem que estava no chão sentado. De repente, a porta abriu-se e no contraluz recortou-se uma figura cujo cheiro assaltou as narinas sôfregas pela espera. Reconheceu a fragrância que, claro, era inebriante e pungente. Ao fechar ela a porta expulsou o resplendor tíbio que o luar propiciara. À luz da vela a sombra da mulher adiantou o rosto, acordando ondas de desejo além daquelas paredes secas e desenhou no homem um reflexo canino: este arrancou com os dentes lábios e língua e cuspiu-os contra o sorriso trémulo da quimera.
De costas ao infinito
Talvez esa noite o tempo se detivo sobre o escritorio en que redactaba as súas memorias inventadas. Cando o día se espreguizou, non canxaba a luz de fóra coa das cifras que indicaba o espertador desconectado. Xa perdera a conta das horas que levaba morto... ou eran anos? Xoán Lobo Vieira achegouse á fiestra a descorrer as cortinas. Nin lle feriu a claridade nos ollos sen pálpebras, desasombrados. Que facer?, dixo en voz alta (e sooulle á pregunta mítica). Sobre a cama que xa non usaba estendíanse dezasete camisas lavadas, engurradas coma a súa pel antes do óbito. Pasar o ferro sempre lle parecera unha perda de tempo absurda. Por iso, foi ao cuarto dos trastes, colleu a táboa e o ferro, volveu ao dormitorio e de costas ao infinito, estirounas ben estiradiñas, unha tras outra, devagar e con esmero, coma se o mundo fose acabar.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O suicidio do periquito (conto de Nadal)
Espertaba así, con ansia de non espertar, a cama a termar dos membros grávidos, os ollos negándose á luz, unha lentitude de tempo que se descomprime, de baleiro inflado que a pouco máis estoupa. Sede. Azucre, os niveis de azucre subiran e rozaban, pérfidos, o límite. Un día destes diríanlle:
―Andas a comer o que? Acabou o azucre. Tes diabete.
Había unha lata cun anaco de turrón do duro aínda na cociña. E talvez fose iso o único que a empurrase a rebelarse, a abrir os ollos, por fin, calzar as pantuflas, agarrarse ás paredes, cambalear sobre o chan, vacilar sobre a vida, camiñar, descender polas escaleiras ben suxeita ao pasamáns para non caer, non tombar no absurdo, árbore fráxil que corta o paso no escuro. Na cociña arrímase á billa e o son da auga nin tintina no fondo do vaso. A avidez da secura que se suspende cando o ve: mergullada, bico abaixo, a cabeza no bebedeiro dos pardais, as asas estendidas contra a pedra do beiril nun voo raso truncado, o brillo das pingas a escorregar polas plumas, deitado, hirto, inerte, duro e lixeiro nunha consistencia de pedra pómez, como turrón... Lembrouse do turrón na lata e foi como se entre os dentes lle triscasen ósos, dentes de chacal quebrándoos.
―Andas a comer o que? Acabou o azucre. Tes diabete.
Había unha lata cun anaco de turrón do duro aínda na cociña. E talvez fose iso o único que a empurrase a rebelarse, a abrir os ollos, por fin, calzar as pantuflas, agarrarse ás paredes, cambalear sobre o chan, vacilar sobre a vida, camiñar, descender polas escaleiras ben suxeita ao pasamáns para non caer, non tombar no absurdo, árbore fráxil que corta o paso no escuro. Na cociña arrímase á billa e o son da auga nin tintina no fondo do vaso. A avidez da secura que se suspende cando o ve: mergullada, bico abaixo, a cabeza no bebedeiro dos pardais, as asas estendidas contra a pedra do beiril nun voo raso truncado, o brillo das pingas a escorregar polas plumas, deitado, hirto, inerte, duro e lixeiro nunha consistencia de pedra pómez, como turrón... Lembrouse do turrón na lata e foi como se entre os dentes lle triscasen ósos, dentes de chacal quebrándoos.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A noite que había de vir
Os ollos regalados para a eternidade, fose o que fose a eternidade. Era isto tamén: estar sempre atento ao movemento ou a quietude das cousas. E aínda do outro lado se falaba en sono, sono eterno! Que saberían eles, os vivos, da frialdade que se estendía polo tutano dos ósos como fíos de luz branca e aguzada, da mirada presa aos pormenores, do calcar dos pés nas sombras que crepitaban sen as sentir ninguén? A inmensidade acosaba por calquera flanco sen que coubese a parálise. Por iso, cando Xoán Lobo Vieira se detivo ante o trinque que exhibía material de deportes, o desexo se lle instalou nunhas botas de camiñar. "Se tiveses unhas desas", soproulle o pensamento ao ouvido, "andarías o mundo para distraeres o silencio dos días". Entrou na tenda, que aínda estaba fechada, sen parar mentes ás grades e o vidro que se resistían cunha inconsistencia maleable e líquida. Unha corrente de ar. Varreu as paredes punteadas de zapatos desemparellados á busca da bota que vira desde a rúa. Tomouna na man, sopesouna: era leve coma a lembranza dunha voz, só que non era o seu número. Mandou vir do almacén aos seus pés a caixa que contiña o par perfecto, asimétrico, equidistante. Extraíu senllas bólas de papel e enfiou cadanseu pé, con moita cautela para non escangallar a arquitectura primorosa e delicada das falanxes. Ergueuse. Afincouse contra a solidez imaxinaria do chan, protexido. Deu unha volta en círculo. E mais outra invertendo o sentido. Estas, asentiu.
Aínda, antes de saír, lembrouse de escoller un par de pantuflas, azuis, o forro mol de pelo artificial suave, para mellor acompañar as lecturas que ningunha lareira iría aquecer. Logo, saíu á rúa como entrara, sen reparar nos límites. E púxose a camiñar, os ollos regalados e atentos aos instantes, en dirección á noite que había de vir.
Aínda, antes de saír, lembrouse de escoller un par de pantuflas, azuis, o forro mol de pelo artificial suave, para mellor acompañar as lecturas que ningunha lareira iría aquecer. Logo, saíu á rúa como entrara, sen reparar nos límites. E púxose a camiñar, os ollos regalados e atentos aos instantes, en dirección á noite que había de vir.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
O sorriso da bolboreta
Non é imaxe, senón corpo que se procura nas saudades. Isto é: non se ve. Asómase tentando sorprender o espelho, pero o vidro cala sen revelar nada. Nada? Nada que interese, digo, a quen pretende desvendarse nel. Porén, os intereses poden ser creados. Xoán Lobo Vieira centra entón a vista nun punto e aparece ela, bolboreta arredor da luz da lámpada apagada nun sensentido de direccións ocultas, as cores abafadas, as asas que axitan o mundo (disque) e o silencio... Alguén reparou no silencio do voo das bolboretas, como non querendo alertar a morte tan próxima da súa presenza? Nisto matina XLV, porque sabe que a morte non distingue cores: a bolboreta no espelho esplende fábulas dun ollar incompleto.
Ao fundo está o cepillo de dentes, o tubo compañeiro, contraído, como unha cobra atropelada sobre o asfalto, mármore negro, sangue branco, espeso, espuma. E XLV sorrí, que aínda conserva para iso os dentes, todos, intactos e descarnados: limpeza bionecrolóxica. A borboleta confunde cepillo con flor e desenrola a trompa: absorbe o néctar mentolado e move as patas, repetidas veces, para as impregnar de pole-sarrio. Sae a voar pola fiestra fechada para iniciar a posta de ovos e o ocaso, mentres XLV continúa parado, pasmado, ante o espelho, imaxinando o sorriso que virado para fora, non obstante, vese por dentro apenas.
E o corpo? Non está senón deitado. Por iso o espello, nun plano (nin cóncavo nin convexo) superior , o desencontra. (Hai en toda horizontalidade terrestre unha curva-parábola á que ninguén, nin sequer durante o sono, foxe.) A bolboreta, en tanto, petrifícase en pé, repregadas por última vez a trompa (sabor ao mentol aínda) e as asas, libro que se fecha abertamente. XLV sae a camiñar pola mesma fiestra e apaña con delicadeza no ar a bolboreta morta, póusaa no ombro nu e sorrí.
Ao fundo está o cepillo de dentes, o tubo compañeiro, contraído, como unha cobra atropelada sobre o asfalto, mármore negro, sangue branco, espeso, espuma. E XLV sorrí, que aínda conserva para iso os dentes, todos, intactos e descarnados: limpeza bionecrolóxica. A borboleta confunde cepillo con flor e desenrola a trompa: absorbe o néctar mentolado e move as patas, repetidas veces, para as impregnar de pole-sarrio. Sae a voar pola fiestra fechada para iniciar a posta de ovos e o ocaso, mentres XLV continúa parado, pasmado, ante o espelho, imaxinando o sorriso que virado para fora, non obstante, vese por dentro apenas.
E o corpo? Non está senón deitado. Por iso o espello, nun plano (nin cóncavo nin convexo) superior , o desencontra. (Hai en toda horizontalidade terrestre unha curva-parábola á que ninguén, nin sequer durante o sono, foxe.) A bolboreta, en tanto, petrifícase en pé, repregadas por última vez a trompa (sabor ao mentol aínda) e as asas, libro que se fecha abertamente. XLV sae a camiñar pola mesma fiestra e apaña con delicadeza no ar a bolboreta morta, póusaa no ombro nu e sorrí.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
É o país!
Notou a humidade no pé esquerdo e sobresaltouse. Pousou o dereito, mollóuselle tamén. Ósperas, a casa alagada. Abrasoulle unha punzada o peito. Espertou de vez. Prendeu a luz. Unha lámina de auga lamacenta cubría o sollado. Raio de canalizacións! E tiña que saír escopeteado ao choio, era tardísimo. Nin café, de pronto, lle apeteceu. Subiu a persiana. Alborexaba xa, o ceo víase limpo, nitidamente recortados os montes ao lonxe. Presentíase vento norte na transparencia do ar, un frío lixeiro. Entreabriu a ventá para confirmalo e confirmouno. Nin unha nube. Un arreguizo, coma unha trallada sutil, na espiña. Foi para o baño chapuzando. Chof, chof. Polo sumidoiro da ducha cantaba de bico en alto un perú sobrio, agónico, gluglú-gluglú, un borboroto de manancial case idílico, non fose o fedor á cloaca que lle torceu o nariz. Do resto, a casa era un silencio de paxaros mortos que lle lembrou o enmudecemento insólito na parede. Estremeceu por segunda vez. Virouse á procura da hora exacta no reloxo da sala. O péndulo estático en equilibrio diagonal calaba o tic-tac, os punteiros diríanse, porque estaban mesmo, suspensos tras o vidro embazado. Correu ao teléfono enchoupando os baixos do pixama. Corría e renegaba. Renegaba e bastante. Marcou o número do fontaneiro. Comunicando, comunicando. Nin contestador para urxencias! Merda, merda, merda! O Pedro, o Pedro. O Pedro estaba no paro. Chamo polo Pedro, igual mo soluciona el.
―Diga?
―Perdoa, Pedro, xa sei que é moi cedo. Son o Xocas. Esperteite? É que teño a casa inundada. Algún cano que rebentou, que sei eu! E teño que ir para o choio. Non podías...?
―Non che rebentou nada aí, Xocas. Non é a túa casa. A min chégame a auga ao pescozo... Deume por abrir a porta da rúa e... ―falaba coa calma de quen se deixa afogar, rendido.
―O que?
―Que non abras a porta da rúa, Xocas. Que poñas farrapos diante da entrada. Non é a túa casa. É por todas as partes. Vén de aí de fóra. Está todo a meter auga. É o país!
―Diga?
―Perdoa, Pedro, xa sei que é moi cedo. Son o Xocas. Esperteite? É que teño a casa inundada. Algún cano que rebentou, que sei eu! E teño que ir para o choio. Non podías...?
―Non che rebentou nada aí, Xocas. Non é a túa casa. A min chégame a auga ao pescozo... Deume por abrir a porta da rúa e... ―falaba coa calma de quen se deixa afogar, rendido.
―O que?
―Que non abras a porta da rúa, Xocas. Que poñas farrapos diante da entrada. Non é a túa casa. É por todas as partes. Vén de aí de fóra. Está todo a meter auga. É o país!
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Ante un ermo vasto (10)
Cando terminou de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas, quedou a pasmar un bo anaco. Entre tanto íalle abrollando a golpes suaves e ondulados unha idea que apenas uns séculos depois, xa consciente dela, había qualificar de fabulosa. El tamén ía escribir de morto! Que ocorrencia xenial! Acelerado polo entusiasmo, Xoán Lobo Vieira dirixiuse á casa galgando vila através sen desviarse ante paredes nin mirar aos lados para cruzar as rúas, sen pedir paso aos veciños que cumprindo a tradición se xuntaban ao luscofusco nas terrazas para falaren da calor e enxotaren en comuñón a impertinencia teimuda dos mosquitos. Non ben chegou, considerou oportuno ao decorado colocar un malte seco nun canto do escritorio. Deseguida librou o espazo de papelada, colleu unhas poucas de cuartillas limpas dunha resma xa mediada e sentou, na man dereita a pluma, entre o furabolos teso e o gordo da esquerda pousado moi intelectualmente o queixo, pronto a acometer a maior obra literaria nunca escrita: o relato da súa existencia real no alén. A brancura do papel foise tinguindo de amarelo mentres nun remuíño zoaba o baleiro da atemporalidade.
(Nunha dimensión diferente os deuses, parados ante un ermo vasto suspendido na eternidade por columnas xónicas cuns repoludos querubíns trompeteiros a modo de capiteis, continuaban a debater un proxecto á medida do soño humano: un xardín abundante en regatos e maceiras, con conexión wifi.)
(Nunha dimensión diferente os deuses, parados ante un ermo vasto suspendido na eternidade por columnas xónicas cuns repoludos querubíns trompeteiros a modo de capiteis, continuaban a debater un proxecto á medida do soño humano: un xardín abundante en regatos e maceiras, con conexión wifi.)
Etiquetas:
literatura,
non é conto,
opinión críptica,
superlativo,
xoán lobo vieira
sábado, 26 de junho de 2010
Á noite nin todos os gatos son gatos

Para o F..., que sempre me arranca no final un sorriso
Saín de casa, no luscofusco, á procura dun conto. Non prevín que xa no camiño estreito que me leva á ponte me agardase, empoleirado sobre un valado, en corpo de gato. Gato, iso mesmo. Avanzo amodo, porque, xa foi dito, o paso é estreito, as curvas agochan enigmas, sustos que antes son medos. Vaise ben en segunda, o motor rosmando. A présa, ao cabo, é un estado de exaltación que non me cadra agora. Nin sequera cando o gato me salta sobre o ombro dereito. Os gatos son gráciles no salto e a cazadora protéxeme das farpas (o goretex furouno, supoño). Colócaseme diante, ollándome todo azul e o rabo nunha reviravolta enganchado á barra central do guía. Atravesamos a ponte, a lúa redonda pintada nun lenzo escuro, acelerándomos gato e eu a moto, até que se impón a noite: vinte e un minutos e trinta e seis segundos máis tarde.
Hai unhas luces violentas que anuncian un puticlú de estrada e sede. Paramos. Convido eu?, suxiro, interrogo. Os gatos nunca levan carteira. E sentamos na barra: na barra o gato, literalmente; eu, nun tallo alto, as pernas procurando, medias tontas, punto de apoio.
―Ponos dúas cervexas, por favor ―pido.
O gato envolve un porro de maría, colleita propia, explica, e ofréceme a primeira calada.
―A noite ―cóntame mixu-mixu e exhala, topicamente, o fume doce en volutas― ten tantas estrelas como palabras. Só a luz apaga as estrelas.
E nárrame até o amañecer, unha tras outra, eu só silencio e ouvidos, historias fantásticas que lle aconteceron con humanos.
Despois cala.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Acosado, case querido (9)
Xoán Lobo Vieira sentou no banco da alameda, non por cansazo, pois é sabido que os mortos se algún privilexio teñen sobre os vivos é o do descanso eterno, máis ou menos pacífico. Sentou porque lle petou, porque era sábado e de sempre soñara con sentar nun xardín, sábado de mañá, sen máis perspectiva nin expectativa ca a da contemplación minuciosa dun vasto mundo-acuario en calma que o circundase a el, o espectador visitante, involuntariamente alleado.
Non lle tardaron en pousar sobre os ombros as pombas, a petiscar na foula que lle punteaba de faíscas apagadas a negrume lampa do traxe. Aturoulles, inadvertido, os bicos ansiosos a peteirar polo pano, o batucar rengo e desacompasado de pata enteira e mais toco que os seguía, o bafío acedo que expandía o bater de ás, tarabelear sucinto. Estaba ben a gusto e deixábase conquistar, abdicado como estatua de bronce, idoliforme. Pareceulle mesmo gorentoso verse así acosado, case querido, non fose polas cagadas.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Treboada (8)
De madrugada, instalado no ultramundo, mentres os lóstregos fendían o firmamento e agardaba o estalo que lle acelerase o corazón ausente, síndrome do membro amputado en corpo ningún, Xoan Lobo Vieira recuou á infancia. Fascinábano as treboadas.
Naquel país, era o vento cálido de agosto o que traía o primeiro sinal: recendo á terra húmida que pairaba na atmosfera, invadindo o olfacto de prognósticos:
-Vai chover!
-Vai mesmo.
E caían chuzos de punta que se quebraban contra a secura do solo corteado. Xoán Lobo Vieira gabeara á ancha meseta da cociña para contemplar pola fiestra o espectáculo gratuíto de auga e luces. Tanto lle tiña a frialdade do mármore nos xeonllos cartografados de cicatrices. Estaba cos ollos presos no patio alagado, no fume de vapor abrancazado que se erguía sobre a terra quente, coma nos contos que lle aliviaban o camiño á escuridade nocturna. Pingas que rebotaban e ascendían para caer de novo, pingas que repenicaban contra o metal do canalón, pingas que batían contra as tellas e as baldosas, e as outras, silandeiriñas, sobre o barro branco calcario, construían unha orquestra de tamborileiros discordantes contra o remusmús fungón das oracións á santabárbarabendita de fondo con que as vellas, coñecedoras do poder destrutor dos raios, escorrentaban os temores, tecendo un tapiz de roncón gregoriano.
Plin! cantou a derradeira gota na lata de galletas, bebedoiro de galiñas e aves residentes. O meniño Xoán Lobo Vieira recuou dun pincho para baixar da meseta e bateu no medio e medio das canelas contra o bordo do mármore. Ao recordalo quixo tragar cuspe e engulir as bágoas, pero os mortos carecen de corpo en que albergar líquidos derramables. Da ferida fonda que se lle formou na perna dereita abrollaba sangue e dor; na esquerda había apenas unha raspadela nin merecedora dun salouco. O don Braulio, o médico, que vivía ao lado, fíxolle logo a cura e colocoulle unha venda, leu o ABC e dixo, como era o seu costume, cen veces adeus antes de marchar. Daquel concerto quedoulle para a vida na pel apegada ao óso unha marca en forma de triángulo e unha coviña leve, coma a entrada nun diario.
domingo, 20 de dezembro de 2009
As aparencias (7)
Xoán Lobo Vieira mirouse no espello. Naturalmente non se viu. O que viu foi o eido que había tras a parede que había tras o espello. Viu as árbores e tras as árbores, os montes; tras os montes, o mar; tras o mar, un continente, mar e máis mar, outras terras, estrelas punteando un lonxe infindo en que o día xa era noite. Do que el fora, transparencias só. Tivo que se imaxinar, definirse o contorno, os ollos rebuldeiros, o sorriso ausente nas comisuras caídas da boca desdentada, perplexo. Até que...
Achegouse á mesa de cabeceira. Estaba alí aínda. Colleu o vaso e volveu para o cuarto de baño. Baleirou a auga choca polo sumidoiro da pía. Abriu a billa e lavouna ben lavada. Logo colocouna no sitio como se aínda existise sitio onde colocala. Virouse de novo para o espello, viuse ao cabo. Era só dentes sustentados na nada do corpo distraído contra a paisaxe de froiteiras, cumes, océanos, américas e asias, universos. Entón ocorréuselle unha idea. Quitou do armario o traxe dos domingos e vestiuno, calzou os zapatos novos e as luvas de coiro, axeitou, escorándoo, o chapeu de feltro por onde fora a cabeza. Abriu a porta da rúa, a inseguridade a preceder os pasos. Os farrapos da primeira nevada do ano pousáronlle nos ombros coma bolboretas brancas, xarelas. E púxose a camiñar finxíndose xente, perseguido por un rastro ben nítido de pegadas.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Hábitos viciados
Miss Anyeska chega ao café e já na esplanada vê o copo meio vazio de cerveja, as pontas apagadas dos cigarros no cinzeiro e a pasta dos papeis do senhor Luís sobre a mesa, a cadeira impaciente. Estará na casa de banho, pensa, mas pensou mal. O senhor Luís —logo descobre ao alcançar a porta— está frente à máquina do tabaco, introduzindo uma moeda com a mão direita, a esquerda descaída e silenciosa. Espirra. Nenhum escudo sobre o rosto impede a propagação de micróbios em borbulhinhas de cospe pela superfície metálica (não se adquirem hábitos dum dia para o outro?). Um pingo transparente fica pingando do nariz ao chão como um ioiô e Miss Anyeska, paralisada, engole de boca seca, enche de ar os pulmões, dá um passo e diz boa tarde. Pede um café ao balcão, normal. É uma boa altura para deixar de fumar.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
As mans (6)
Ao Xoán Lobo Vieira só houbo dúas persoas que o quixesen. Un foi un mariño mercante ao que coñeceu nos 17 anos seus, home feito, enxuto, de todas as barbas, bonitiño e limpo, a manicura esmerada, educado e coñecedor de mundos e mares. E cariñoso: unha alfaia que até para xenro de prol daba se houbese sogra que o pretendese. O Xoán Lobo Vieira, no seu adolescente pensar, perdeuse de amores por el e foi correspondido, de facto, en perdición de amores polo mariño, o mariño mercante, o seu Sinbad, náufrago de mil illas-palabras.
Un día de finais de verán ou principios de outono, coa maré alta, o mariño colleu un avión rumbo a ninguén se lembra onde para embarcar rumbo a quen sabe xa. O Xoán Lobo Vieira, no estudio de Vilamormallo, aprendiz da vida, escribiulle unha carta chea de verbos, adverbios e substantivos escollidos un por un, agarimados, bolboretas prendidas con alfinetes crueis ao papel. El respondeu cos tópicos que lle aprenderan na escola dos poucos saberes, alfabeto e arimética, comas coma vómitos: "Pola presente, espero, que esteas ben, de saúde..." O Xoán Lobo Vieira non continuou a ler, coa desilusión esganándolle o alento. Decidiu que para a próxima había namorar cun poeta. E botou ao lixo a carta e a paixón.
Anos despois, de regreso a Vilamormallo, cruzouse por acaso co poeta e recoñecéronse nos ollos brillantes de timidez e un punto de alcol. Era bo mozo, alto, de barbas tamén (que andazo!), moreno e falangueiro, do seu tempo. Escribíanse cartas e namoraban á distancia habitándoa de superlativos. Por fin quedaron para se encontraren. El petou na porta do estudio, sentou no sofá, falaron de literatura e tomaron café con leite e torradas. Ao Xoán Lobo Vieira, entre recitados, esguellóuselle a vista para os dedos do poeta: mudoulle a expresión e a conversa. O poeta nunca soubo por que partiu as peras con el. O Xoán Lobo Vieira nin morto esqueceu a terra negra acubillada nas uñas do poeta.
No cuarto de baño o espectro contempla os dedos que xa non ten, recorta as uñas e límaas devagar sen barullo, mentres repasa no itinerario abandonado da vida, as mans delicadas dos poetas todos que amou sen que o amasen.
Un día de finais de verán ou principios de outono, coa maré alta, o mariño colleu un avión rumbo a ninguén se lembra onde para embarcar rumbo a quen sabe xa. O Xoán Lobo Vieira, no estudio de Vilamormallo, aprendiz da vida, escribiulle unha carta chea de verbos, adverbios e substantivos escollidos un por un, agarimados, bolboretas prendidas con alfinetes crueis ao papel. El respondeu cos tópicos que lle aprenderan na escola dos poucos saberes, alfabeto e arimética, comas coma vómitos: "Pola presente, espero, que esteas ben, de saúde..." O Xoán Lobo Vieira non continuou a ler, coa desilusión esganándolle o alento. Decidiu que para a próxima había namorar cun poeta. E botou ao lixo a carta e a paixón.
Anos despois, de regreso a Vilamormallo, cruzouse por acaso co poeta e recoñecéronse nos ollos brillantes de timidez e un punto de alcol. Era bo mozo, alto, de barbas tamén (que andazo!), moreno e falangueiro, do seu tempo. Escribíanse cartas e namoraban á distancia habitándoa de superlativos. Por fin quedaron para se encontraren. El petou na porta do estudio, sentou no sofá, falaron de literatura e tomaron café con leite e torradas. Ao Xoán Lobo Vieira, entre recitados, esguellóuselle a vista para os dedos do poeta: mudoulle a expresión e a conversa. O poeta nunca soubo por que partiu as peras con el. O Xoán Lobo Vieira nin morto esqueceu a terra negra acubillada nas uñas do poeta.
No cuarto de baño o espectro contempla os dedos que xa non ten, recorta as uñas e límaas devagar sen barullo, mentres repasa no itinerario abandonado da vida, as mans delicadas dos poetas todos que amou sen que o amasen.
Etiquetas:
anxos sen ceo,
non é conto,
xoán lobo vieira
Disfuncións incorpóreas (5)
Entrou no cuarto de baño por rutina: é ben complicado desprenderse dos modos de proceder con que nos civilizan os instintos. Así que sentou no váter coma quen cumpre cunha necesidade ineludible mentres matina sobre o enigma esencial da humanidade, de onde vimos e a onde imos, para descubrir, chafado, que acaba de despexar a última parte da incógnita.
—Así que nisto consistía a morte? Que o café non caia ben no estómago, por exemplo, ou sentar a obrar sen gana? Se o sei antes!
—Así que nisto consistía a morte? Que o café non caia ben no estómago, por exemplo, ou sentar a obrar sen gana? Se o sei antes!
sábado, 28 de novembro de 2009
Os pés (4)
Despexadas as escaleiras, a soas por fin na casa e no mundo, Xoán Lobo Vieira subiu ao dormitorio. No maxín demorábaselle preguiceira a sensación que noutrora lle producira a calidez dos chanzos de piñeiro. Ignoraba aínda as avantaxes que en atallos e desatrancos lle ofrecía o seu inestado recente para deambular (roldar, diríanlle agora os vivos ao itinerario circular dos pasos rasantes sobre a terra, distinguíndoo así do deles: recto, plúmbeo e sonoro) e confiaba nos pés que tivera —brancos, case translúcidos, coma os do escritor estadounidense asentado em Portugal que se deixaba fotografar descalzo e distendido nun sofá—, certísimo, e a partes iguais enganado, da inabdicable condición destes.
Tiña unha eternidade para desaprender.
Tiña unha eternidade para desaprender.
Subscrever:
Mensagens (Atom)