Sun Iou MiouEstive a duvidar entre escrever com “z”, mas então deveria ser virgem e detesto essa palavra no natural e no sobrenatural, e extra, que é como dizer que vai por fora e eu gosto é de coisas que vão por dentro (Oi, malandros, o que é que estavam a pensar? Isso? Então até pensaram bem: beleeeza)... que vão por dentro, dizia, como estas que há que enumerar agora, por mandato imperativo da
Teté, baixo ameaça sorrateira de não me corrigir os erros n'
A Velha Polaca. Triste azar o meu! Seis de cada, vejam lá se me descasco, quis dizer, se me safo.
As que me preocupam: fazer facturas, fazer compras, o saldo da conta bancária, a declaração do IRS, o ritmo cardíaco e o crescimento das unhas dos dedos das mãos —que me incomodam ao teclar. (Já viram? Tudo tem relação com números... sou de letras)
As que não me preocupam: se é sexta ou segunda, se é verão ou inverno, se há engarrafamentos ou abrandamentos nos acessos às grandes cidades, os buracos que fazem os meus cães no quintal (até um dia que parta uma perna, claro), se os vidros das janelas estão sujos ou limpos (abrem-se, que entre o ar), o que diga o Rajoy enquanto fique na oposição e o tamanho e a cor dos nabos
As de que gosto: o sol, a chuva, o vento, as trovoadas, a lua, as estrelas (a minha, mais do que nada)
As de que não gosto: a poluição, o barulho, os gritos, espatifar-me a patinar (disto não gosta é o meu corpo), passar o aspirador e o cheiro ao queijo quando não é de queijo propriamente
As que me fazem sorrir: os putos quando me sorriem, os funcionários do que quer que seja quando me sorriem, os amigos quando me surpreendem (sorrir e pôr cara de espanto
*, eis dúas das poucas coisas que sei fazer a um tempo), cair quando patino (mesmo sem dentes, só para salvar a cara), as fotografias que o meu cunhado me manda da filha —quer-se dizer, a minha linda sobrinha Ana, que nelas parece Chuckie, o boneco diabólico, e só um pai pode querer tanto uma filha para não reparar no horror de fotografias que me envia—, e um gato que sem ser o de
Alice, no País das Maravilhas me transportou até lá
As que me entristecem: as merdas que tenho de traduzir às vezes, as merdas que tenho de corrigir às vezes, as merdas que escrevo às vezes, a tristeza que me invade às vezes, as merdas que piso às vezes (isto é que me entristece especialmente), o merda que me sinto às vezes
As que me definem: tristalegre (O que?! Não há molho agridoce? Pois, pronto, acabou.), insegura, inconsequente, introvertida, sensível para caraças (não disse ‘caralhos’, mas pude) e inte... mperada.
De qualquer maneira o pessoal já sabe o que há quando vem cá. E quem não sabia, vá aprendendo. Mas fiquem tranquilos, eu não passo desafios, gosto é (também, não disse?) de romper cadeias.
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*Aviso para navegantes galegos pouco avisados: o espanto do portugués é a admiración do galego. Non me vaian por aí logo dicindo que este texto foi espantoso, que me babo.