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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Morto o can...?

Pois que o tal individuo foi morto agora os seus seguidores, agachan as orellas, rapan as barbas e volven dereitiños para a casa, onde acompañados de té con menta se enfrascarán en labores de calceta, gancho e macramé ou, os máis rabudos, interminables partidas de parchís.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Regresso ao passado

Não, não ando com saudades doutros tempos. É só que ontem fixem um experimento científico: fui ao Porto pela EN13 desde Viana do Castelo: 70 quilómetros em duas horas e meia. Prodigioso. O total do percurso, 110 quilómetros em três horas.

Em 31 minutos fiz o trajecto que vai de minha casa a Viana do Castelo, pela A28 (incluídos aqui os caminhos da aldeia, a ponte e uma parte pela EN13 desde Cerveira até à entrada da A28 em Lanhelas, uns quarenta km). Depois, já no lusco-fusco (felizmente sem chuva), trás atravessar o Lima, saí em Darque, mas ao não encontrar indicações para seguir para o Porto (havia uma estrada cortada, talvez era esse o caminho?), voltei para a A28. Passei pelo primeiro arco a sorrir e penteadinha para a fotografia e abandonei a via CCUT na primeira saída. A partir de aí fui tentando não atropelar idosos com carros de mão ou de bicicleta, vestidos de preto rigoroso, quem sabe se prêt-a-porter para o seu futuro enterro, e parando nas passadeiras, tudo como é devido, sem livrar o Estado da carga onerosa dalguma (miserável) pensão de reforma. A velocidade nunca era muita: por três ou quatro segundos e só em duas oportunidades consegui colocar o carro a uns vertiginosos 70km/h, que quase me iam descolocando a queixada. Do resto a velocidade de cruzeiro era, aparentemente, de 50km/h, mas pelo troço que atravessa Póvoa de Varzim e Vila do Conde, sempre em primeira, em arranca-pára, até os sapos iam mais rápido. A última vez que olhei para a velocidade média TOTAL do percurso, pouco antes de passar às vias de acesso ao Porto, era de 50km/h, que com certeza deveu descer, pelo muito que demorei a entrar.

Para mim foi uma aventura que levei com muita paciência e música. Mas há quem tenha de fazer isso cada dia...

É lamentável não existirem comboios com mais frequência, porque visto isto, as duas horas que se demora da estação de Vila Nova de Cerveira à de Campanhã no Porto levam-se muito mais descansadamente.

(Não digam a ninguém, mas voltei pela A28: 1 hora e 10 minutos, desde que arranquei o carro no Porto até à minha casa.)

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Depois de ouvir as notícias, quase é melhor assim: 50 km/h sempre.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Bom apetite!

Hoje há filme no Poleiro. Para mim vai ser um dejà vu. Entregar-me-ei à observação zoo-ciológica dos animais acomodados nas poltronas.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Negócio de futuro

Procuram-se delegacias em Portugal (continente e ilhas) para a distribuição e venda às portas de escolas, centros de lazer e saúde a preços sem concôrrencia de sumos, néctares e leitinhos com chocolate. Material de contrabando de primeira qualidade. Elevados rendimentos garantidos.

E... vive la France!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A mochila inocente

A miña mochila vai comigo, díxenlle. Se ela non entra, non entro eu. O garda de seguridade mirábame com cara de risa, rebentando as costuras do uniforme paramilitar. Se tiveses correr atrás de min, ría eu por dentro, non me collías. Douche unha ficha para a consigna, ofreceume. Non quero fichas, quero entrar coa miña mochila. Quero presunción de inocencia para min e a miña mochila se vou deixar aquí diñeiro. Non teño por que deixar fóra a mochila e exporme a que ma rouben. Non teño porque entrar aquí coa carteira na man. Hai señoras por aí con bolsos moito meirandes ca a miña mochila, e sinalei para unha cun bolso onde cabía media tenda. Son ordes. Ordes estúpidas. Quero falar co encargado, quero pór unha reclamación. Son ordes de arriba, repetiume o encargado. Ordes estúpidas. Prexuízos arrevesados. Asentiu. Menos mal. O encargado foi falar cun xefe. Matinei: isto non é un servizo público no que estea obrigada a entrar. Nada me obriga a mercar nada aquí. Dille ao encargado, avisei a unha empregada entón, que non perdo medio segundo máis, sobran tendas onde comprar, poucas as grazas. Marchei.

Cando estaba no estacionamento xa co casco posto, apareceu o encargado. Que volvas, que falei cos xefes, que podes pasar coa mochila. Non paso, non. Hoxe paso e o próximo día terei o mesmo problema. O encargado asentiu comprensivo. Unha macrotenda de deportes e non deixan entrar con mochila! E a xente traga. Se chego a ter faccións árabes e un acento gutural de vogais fechadas igual saltaban as alarmas antiterrorismo e destas horas estaba cunha manda de paus ao lombo.

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Non vou citar o nome da tenda porque non lle quero facer propaganda, nin boa nin mala. Pero digamos que empeza por d acaba por n e ten un th polo medio.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Garrafas com mensagem (1)

Em tempos tive um amigo catalão cuja mãe, ainda solteira, face à inchação crescente da barriga, num outro milénio em que a prenhez fora dos limites do matrimónio era, além de opróbrio, pecado (ou viceversa), defendeuse da ira paterna e a vergonha materna alegando que aquilo vinha dependido de se ter banhado repetidas vezes (reparem na reincidência a lata da pecadora, se não é isto tentar o demo...) na praia da Barceloneta. Hoje, oito anos depois do lavado de cara das Olimpíadas, presumo aquelas águas tão limpas que a gente pode afogar nelas sem qualquer risco para a saúde, mas naquele então os argumentos da futura mãe do meu amigo eram de peso e evidente gravidez.

Primeira garrafa com mensagem
Lembrei isso há dias, ao deparar no Alpendre da Lua com uma notícia, em cujo final, aliás, o administrador do coiso citava, muito amavelmente, um texto deste blogue (estamos aqui num puxa-saquismo quase patético). Vejam.

Um executivo com ar de não ter pisado nunca fora do rego (talvez não é muito feliz a escolha da expressão) colocou repetidas vezes sémen próprio na garrafa de água duma colega de trabalho. Até aqui tudo bem: uma ideia perfeita para a mente dum tarado conceber. Mas há algumas incógnitas de índole para-científica não esclarecidas no jornal que me têm desde a data numa de insónias inquietantes.

Como é que fez o Michael Kevin (este pessoal tem mesmo nomes de telenovela) para enfiar o esperma pela boca (quase ia utilizando à galega "bico" para dar nisto um toque etno-medieval, mas depois ficam-me todos nervosos) da garrafa? Eu só imagino aquilo tudo esporrado por fora, visto que a maioria dos homens nem para mijar, com a pila bem segurada e fixa, acertam no wc, que tem um diâmetro consideravelmente maior, quanto mais...

Ora, a água é, como bem aprendemos na escola, um líquido incolor, inodoro e insípido. A mim não me digam que uma gota de esperma que seja não dá nas vistas por ali a aboiar com aquela corzinha esbranquiçada? Quanto ao sabor, ainda levou três meses a gramar água choca antes de notar qualquer coisa de estranho?! Se calhar, a papalva ia pensando, "Olha que isto que estou a beber é bom como a água, tem um gosto que me traz belas recordações mas não identifico" e tal. Acontece muito nos cursos de cata entre pessoas inexperientes. Já relativamente ao odor, aí pronto, concede-se-lhe o benefício da dúvida, pois nem toda a gente consegue farejar que um colega de trabalho possa trazer água no bico ou que essa água não fosse flor que se cheirasse.

Porém, um dos poucos pormenores que levou a vítima a desconfiar foi o facto de ela ficar indisposta depois do acto, vamos denomina-lo assim, de libidinagem. Esta também não percebi. Eu já fiz inquéritos para me documentar seriamente e das 1637 mulheres entrevistadas, 78% afirmou que jamais se sentiram indispostas por ingerirem esperma pela boca, muito ao contrário, algumas (67'9% destas) sentiram-se muito bem dispostas; houve 12% que alegou preferirem água com gás; 7% declararam-se lésbicas; e o 3% restante não souberam barra não responderam (aqui incluo uma senhora que me bateu impiedosamente com a mala).

É por isso que, ao meu parecer, este insólito episódio só se explica através das subtis apreciações feitas no Alpendre, o que me leva a animar os governos das sociedades mais avançadas a proverem de fundos à comunidade científica para investigar na linha aventada com tão pouco êxito pelo Michael Kevin.

sábado, 12 de junho de 2010

Avuvuzelada









Nunca resistín a colocarme, à mantenta, xustamente e sen rede, no cordel dos equilibrios agudos que a curiosidade me brinda sobre mares de tiburóns ou vénuses papamoscas: a vida é estes riscos que nin sempre respectan as distancias e os medos, xamais a miopía. Será mellor isto, dígome, que o sosego dos muros altos e as arameiras electrificadas que abrasan moscas e estorniños. Do que se fala hoxe e tanto se vai falar nin sei nin me interesa, fóra o seguinte. Recibo a dose matutina e flipo a cores sen bandeiras. O intrépido xornalista, desprazado miles de quilómetros, felicítase de non ter que pisar a rúa nin enfrontar os ollos delincuentes e viciosos dos desprotexidos, do hotel para o estadio, do estadio para o hotel, acomodos idénticos aos que podería ter no salón da casa en pantalla plana e conexión satélite, con muito, dito sexa de paso, menos gasto dos erarios públicos para alivio dos meus ouvidos cansos. O outro comenta con orgullo patrio, desde o reduto rúgbico e de aí branquísimo e coloradote, de fala enxertada que raña na gorxa, como até o céspede para o campo novísimo e adhoc dos adestramentos futboleiros dos vermellos se importou en prácticos tepes das españas nun avión cargado de despropósitos. E eu insístome, en fin, descansa, non te esixas comprensións que te fritan as conexións sinápticas, rapariga (hoxe falo galego e, con todo, podía non), que aínda tes que lidar coa serie dos réptiles invasores e malísimos.

Namentres, entre cantigas exultantes, zunidos plásticos en demostración de potencia viril e moito abanar de farrapos identitarios (só hoxe souben, con atraso relativísimamente breve, a través dunha fenda de conciencia nos noticiarios), vinte e seis anos despois!!!, dítase sentenza: uns nove mil euritos de multa e dous anos de cárcere zafados con fianzas liberadoras duns centos de patacóns por cabeza de delegado autóctono. Non é mal choio, non, o da neglixencia criminal sobre a miseria. Bhopal apenas é un punto redondo nos mapas de papel... sen vuvuzelas que o asistan. E eu ao meu, que é mudarlle as pilas ao teclado.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

E cada día






17 de maio.
Día das Letras Galegas

Cuidades vós, meu amigo,
ca vos non quer' eu mui gran ben,
e a mi nunca ben venha,
se eu vejo no mundo ren
---que a mi tolha desejo
---de vós, u vos eu non vejo.

E, maca-lo vós cuidades,
eno meu coraçon vos ei
tan grand' amor, meu amigo,
que cousa no mundo non sei
---que a mi tolha desejo
---de vós, u vos eu non vejo.

E nunca mi ben que(i)rades,
que me será de morte par,
se souberdes, meu amigo,
ca poss'eu ren no mund' achar
---que a mi tolha desejo
---de vós, u vos eu non vejo.

Vasco Praga de Sandim, séc. XIII
En Antologia da Poesia Trovadoresca Galego-Portuguesa. Alexandre Pinheiro Torres (ed.)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Entre nós










A imaxe que vedes aí é fotografía dunha mensaxe que recibín hoxe -por engano?- no móbil. Moito me alegrou saber que os de Tráfico usan o galego nas comunicacións internas. Se encontro nun destes oito días os do radar, heilles de dedicar o meu mellor sorriso galego... para a foto.

(A verdade, estiven para responder que se confundira de número (ou?), pero logo pareceume máis emocionante gardar o segredo aquí entre nós.)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Telefonias psicofónicas

Quem abaixo assina, por ser meia galega?, meio desconfia quando lhe querem vender o que não pediu para comprar, não embalde assiste a aulas de economia nas melhores escolas. Por isso ontem, quando o telemóvel tocou e vi o número nada extenso que aparecia no ecrãzinho, disse ui-que-carai! A senhora Miou era eu, sim, vá lá, despacha-te. Estava com vontade de ouvir vozes humanas (confesso que ao primeiro pensei que era máquina, tal a cadência monótona da frase de início aprendida de cor) e contra o meu geral critério de não-me-interessa-muito-amável-não-me ligue-mais-toooobrigadíssima, deixei falar a criatura. Era da minha (estes possessivos!, desculpem o esgar sardónico que me foge pelo canto do lábio que tenho partido e não posso rir) companhia de telefonia móbil ―e aqui mais um ui-que-carai. Fui escutando pacientemente, com um olho posto no lume (não se me fosse esturrar o jantar e com ele a fome escanzelada). Pelos vistos e estudado o meu historial de consumo, ando ainda com tarifas do século passado, cliente fidelíssima (soubessem eles que à força, não posso ameaçar migração nem de blefe, que com outra qualquer teria sempre as antenas da margem de lá à espreita), e que me convinha mudar de contrato por um preço mínimo que num horário determinado me permitiria ligar de borla a todos os números de telemóvel e fixos, fazer essas chamadas breves que não faço ao meu marido (hein?!) ou aos meus filhos (hein-hein?) para saber onde é que eles estão (hein-hein-hein?). Aqui quase me convence, estereotipadamente. Com certeza, com essa nova tarifa adaptada aos tempos presentes, ia pagar mais uns eurazitos do que pago habitualmente, mas em troca, olhai, queridos!, em troca!, em horário nocturno, qual médium videntíssima do inexistente, ia saber onde param-pairam o meu marido e os meus filhos... Isto é que são avanços tecnológicos!

domingo, 20 de setembro de 2009

Asalto á intelixencia










É triste, tristérrimo, constatar á saída dunha sala de cine que unha non aprendeu nada. Magóame no caletre (mecanismo perverso!) comprender que dilapidei 121 minutos de vida (nin vou ser tan mísera para ter en conta os 5,70€ da entrada e mais os oitenta quilómetros de ida e volta en gasolina sumidos, consumidos e sumados aos prexuízos ambientais consecuentes...), que podían estar sempre mellor empregues en contemplar as estrelas, reflectindo asemade sobre o papel que vou desinterpretando no universo, que xa é delito. De aí que me rillase a conciencia mentres na pantalla se sucedían os gritos, os tiros, as persecucións, os primeiros planos sobre a escolma de personaxes tópicos que engrosaban o cadro de reféns e se desenvolvía unha trama carente de intriga (aínda sen necesidade de coñecer a versión primeira ou a novela que serve de base), con heroe protagonista, simple home do común, a redimirse de pecado pecuniario leve. No entanto, a preguiza de enfrontar o ascenso frío polo somonte da Serra d'Arga e a máis que glacial noite que me agardaba na casa amarroume na butaca, nunha tentativa va de transformar o sufrimento en apatía indolora. Non me reprendan por iso, que xa me fustrigo eu soíña e ao cabo, vanme ter que agradecer que lles aforre tempo e diñeiro, bardante que non me sexan dignas criaturas de entrar neste cortello e gocen, estomballados no sofá ou no cine, engulindo desalimentos diversos mesturados coa peor gallofa que vin nos últimos anos (sen cobrar, enténdase, que por cartos o conto é outro e unha prostitúese en corpo e mente para comer e beber).

Pero, pero, pero, atención!, como servidora se nega a non quitar algún beneficio de tanto desaproveitamento, acabei concluíndo que cando menos podía tirar unha lección, que vou compartir magnánima con vostedes: Nunca, o que se di nunca endexamais da vida, monten nin no primeiro vagón nin no derradeiro de metro ou tren ningún. Nos extremos aumentan as probabilidades de acabaren retidos polos terroristas ou delincuentes en caso de asalto. E doulles outro consello de balde e talvez en balde, pois é ben difícil de cumprir nalgúns dos seus factores constituintes: non sexan negros ex-combatentes do exército dos Estados Unidos e simultaneamente reféns dun secuestro, porque lles toca morrer (sacrificarse, vaia) fixo por unha nai branca viúva de soldadito á metade da película. Avisados quedan!

quarta-feira, 4 de março de 2009

De filme em filme




Cliquem para ampliar,
seus pitosgas,

e acreditem no que vem!



E até parece que não vou ser eu só a ir ao cinema mas que o cinema decidiu vir a mim, digam lá onde vão encontrar mais por menos! Quatro filmes por 6€, na primeira quinta-feira dos meses de Março (a começar amanhã), Abril, Maio e Junho, às 21:30 (hora de Madrid).

E sem pipocas...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O peor de facer un TAC










O peor de facer un TAC non é asinar un papel polo que unha se compromete a saltar ao baleiro e que sexa o que quen queira querer queira. Tampouco é o peor saír da casa sen tomar o café, e ben podía ser isto o peor. Nin sequera é o peor o neboeiro, o frío, a noite negra que aínda é pois ao cruzar a ponte vexo a luz da barca dun pescador que ha de estar a padecer moito máis o frío e o neboeiro ca min e o mal doutros avergoña. Quizá non sexa o peor a litrada, como di o CãoSarnento, con sabor a anís amargo, que te planta no rostro o mesmo ricto de quen sente repugnancia moral. Non é o peor ter que camiñar ao mesmo tempo que se le ou aturar os bufidos do que se aborrece na espera porque non se lle ocorreu traer a calceta para se entreter. Non é o peor que a alegría de que te chamen ao tubo, era sen tempo!, se tolde porque te amarran pola cabeza e indefensa e media en coiro te obrigan a escoitar as mesmas recomendacións que xa mil veces ouviches, mentres che espetan a agulla coa que che introducen a esencia de lucecú nas veas. Nin é o peor, que ata dá gustiño —se unha está e é avisada, que está e é— a calor que che invade o corpo enteiro e que simula un orgasmo relaxado, con sensación de que te vas mexar e non che importa nada, porque sabes que non te mexas. O peor peor non é tampouco ter que aguantar a respiración durante uns segundos que se fan eternos porque cando parece que se esqueceron de ti e vas estoupar , ouves un “xa pode respirar” que soa como se morreses e che desen benvida ao inferno, se non fose porque nunca ninguén morreu estoupando por falta de ar. Tampouco é o peor, sendo malo malísimo que é, que ao pouco de chegar á casa recibas unha chamada do técnico de tomografía axial computarizada para te avisar de que na urxencia de saír de alí a tomar por fin o raio do café, deixaches abandonado o Youth de J. M. Coetzee (e flipo, que ata pronunciou ben o nome e non é calquera!) no vestiario.

Non, o peor de todo son as consecuencias directas da litrada, que te converten en chafariz por un día. Están advertidos: non me chamen para saír, non vaia ser que me entre un lixo polo nariz que me faga espirrar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Galego para todos (II) Na estrada










Na lição de hoje vamos fornecer aos nossos alunos uma frase de grande utilidade no caso de se arriscarem a trespassar de carro a fronteira, quer que for só para atestarem o tanque na bomba de gasolina mais próxima. De passagem vamos dar uma dica de maneira a evitarmos que por pouparem uns euritos terminem perdendo até a camisa.
Por todos é bem sabido que o que mais teme sempre uma pessoa quando sai do país no veículo próprio é deparar com os representantes da lei, nomeadamente os agentes da polícia de trânsito, pois acusam estes a tendência a esticarem o braço com se tivesse uma mola ao verem vir uma matrícula estrangeira. Antes de mais nada, o viajante avisado deve saber que cá os agentes da lei devem ir convenientemente fardados, quer que seja de azul (polícia urbana), castanho (polícia nacional) ou verde (guarda civil), mas em nenhum caso, peloamordedeus, se deixem ludibriar pelo primeiro indivíduo bem trajado que lhes der o alto na estrada, nem que vá vestido de Armani, que os da secreta têm mais que fazer espiando políticos e tradicionalmente também não se destacam pela elegância no vestir.

Imaginem, pois, o seguinte cenário. Vão vocês pela estrada adiante, ferrinho ao fundo, cometendo alguma imprudência que outra —nomeadamente, ultrapassar em linha contínua, não ceder o passo às ambulâncias, sair num cruzamento sem respeitar o sinal de stop (onde “respeitar” não significa aqui não tomba-lo nem insulta-lo, mas deter-se, olhar para os lados e incorporar-se à via só quando não vierem outros veículos), atropelar piões e não se deterem a eliminar os restos do pára-choques com o conseguinte atentado à saúde pública, etc.—, quando de repente, à saída duma curva, observam uns sujeitos de verde com coletes reflectores. Tenham calma! Pode ser que se trate simplesmente duns operários encarregados da limpeza das bermas. Mas se assim não for e são, azar!, membros da Benemérita (também chamados picolos ou guardas civis —o adjectivo nem se sabe o que faz aí), vão ter ocasião de se mostrarem mais galegos do que o galego se pronunciam a frase que tenho a bem lhes ensinar.

—Bos días* —vai dizer o agente, que foi instruído nisso—. Documentación, por favor.

Um sorriso inocente pela parte do interpelado vem aqui a calhar, sempre que tiver os papeis em regra, é óbvio. Se não, dispense o sorriso, que não tem salvação. Recomenda-se não recorrer à nota dissimulada entre os documentos, não vá ser o demo que o guarda se ofenda e não lhe deixe já nem oportunidade de pronunciar a frase que tantas horas lhes levou aprender na solidão da caso do banho, enfrentados ao triste retrato que lhes devolve o espelho.

—Bom dia.
—O señor acaba de cometer unha** infracción. Vouno ter que multar.
—Então, senhor agente? O que é que eu fiz?
—O señor saltou un stop aí atrás, a consecuencia do cal se produciu unha colisión con dous mortos e feridos de diversa consideración, o que me obriga, por certo, a denuncialo tamén por omisión de auxilio.

E aqui é quando vocês, demonstrando um elevado domínio do galego, soltam a frase que tinham ensaiado durante semanas sem conto:

—Oi, pois non me dei de conta do detalle.***

Talvez isto não os exima da coima, nem os livre duns anitos na cadeia, mas que vão parecer galegos de raça, ai isso vão.
__________
*Nisto, como é natural, pode haver variações conforme o momento do dia: “Boa/s tarde/s” ou “Boa/s noite/s” são também fórmulas admissíveis, mesmo em singular.
**O dígrafo "nh" galego é um "n" chamado velar, que se pronuncia como o da terminação inglesa "-ng".
*** Oi, pois não reparei no detalhe.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Galego para todos

Ante o interesse manifestado por alguns dos meus rexoubeiros em dominarem a língua galega, acho que os vou iniciar nos rudimentos da expressão oral e gestual para se safarem em situações quotidianas. Para começar, eis uma série de frases diferentes —com un vocabulário básico ao alcance de qualquer um por muito lerdo que for— , que se devem pronunciar com uma brevíssima pausa entre elas —atacando coa seguinte no momento exacto em que o interlocutor abre a boca para tentar retorquir—, e por essa ordem estrita, caso de nos depararmos com um inútil que nos acaba de causar algum prejuízo (acidentes de trânsito*, colegas de trabalho que entorpecem o desenvolvimento normal da jornada, mistura de roupa de cor e branca na lavadora a uma temperatura 90ºC, etc.). É imprescindível rematarmos a alocução, virando-nos de costas ao sujeito objecto da nossa ira verbal ao tempo que levantamos harmoniosamente o braço esquerdo em ângulo quase recto e, opcional, elevando sobre os outros o dedo médio. Repare-se, aliás, em que o desabafo proferido mediante este recurso linguístico evita consequências nefastas de índole física em ambas as partes dos dois.

(Se por ventura é o leitor o "inútil" aludido em questão, mostro ao final a única frase que vai ter oportunidade de proferir, isso sim, recomenda-se, a uma distância prudente e sem excessiva arrogância nem arrojo.)

—Ai que carallo, ho!**
—Q...
—Pero que carallo fixeches, ho?!
—E...
—Mira, non me toques máis o carallo, ho!
—S...
—Vai ao carallo, ho!
—Vai ti, ho!
________________
* Se houver feridos ou mortos, é aconselhável postergarem a conversa e ligarem para o 112.
**Lembrem que o dígrafo "ll" se lê como "lh".

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Predizer o tempo é fácil (Lição magistral by Fura-CãoSarnento)



Esse dia acabou em chuva. Não era difícil adivinhar, que os sinais estavam à vista (cliquem para ampliar), nos joelhos e no vento que me suavizou o regresso.





Um dos meus J, adoptando um gesto grave, disse um dia acenando para uma nuvem que assomando por trás da “cabra” da Nova lembrava o penteado da Marge Simpson:
—Essa nuvem traz granizo.
—Tens certeza? —perguntei.
—Tenho.
—Como sabes? —insisti curiosa.
—Sei. Que descarregue ou não é outra coisa, mas que traz, traz.

Já imaginam que ante a minha gargalhada não valeu nada o muito que embirrou o J em defender sem argumentos a teoria, e como quer que a nuvem não descarregou —quando menos cá—, nunca viremos a saber se a nuvem trazia ou não trazia granizo.

Aqui na Aldeia das Carrouchas há um método infalível para o tempo: o comboio de Portugal, nomeadamente, o Foguete de Prata. Quando se ouve como se estivesse a entrar pela porta da casa, é que vai dar chuva. E não falha! Antes não sabia porquê, mas agora, depois da rexouba que ante uma provocação minha largou um ilustre cão visitante do cabaré que não é, vou saber sempre o que me espera quando pegar na mota. Para isso, só preciso fazer duas observações:

a. comprovar se me doem os joelhos
b. virar-me de costas ao vento

(Nota: Ambas operações, entenda-se, de pé. Noutras posturas, o resultado pode ser bem satisfatório, mas não há certeza de que venha a ser correcto.)

E pois, como não queria deixar de partilhar tanta sabedoria com o blogoglobo, fiz para aí um corta e cola para vocês. Recomendo uma atenta leitura, advertindo, aí sim, que as dicas só são úteis para quem souber para onde fica o mar (o oceano Atlântico, quero imaginar, não o Mediterrâneo), já for no hemisfério norte ou no sul. A respeito do requisito do aeroporto, se não o cumprirem, deixem-se ficar onde estão e optem por andar sempre de para-chuvas ou capa de ídem, que ganham mais, acho.

Deixo-os com o mestre, que eu vou mas é me abrigar de eventuais trovoadas.

“Como é óbvio (pelo menos para mim é), só faço previsões para a minha zona. Ainda não tenho satélite, como os americanos, e as minhas previsões, baseadas na observação da atmosfera, limitam-se à zona onde resido (Lisboa).
Baseio-me na direcção do vento e sabendo para que lado está o mar e onde se situa a depressão atmosférica, não é muito difícil. Virando as costas ao vento, a depressão está à nossa esquerda (no hemisfério sul está à direita) e se isso corresponder a uma zona sobre o mar, é sinal de chuva.
Aqui nesta zona quando o vento está da barra do Tejo (SW) é sinal de chuva forte e persistente, à medida que este se vai deslocando para a costa Oeste (W e de seguida NW é o modo como as tempestades se deslocam por aqui), vamos tendo aguaceiros (por vezes fortes e com granizo) e a temperatura desce.
Se não houver outra depressão em formação na zona dos Açores, a primeira dissipa-se à medida que sobe para zonas mais frias, a pressão atmosférica sobe (é o anti-ciclone) e os ventos rodam para Norte e passam a fracos e frios.
Para completar informo que nas depressões (ciclones) os ventos rodam numa espiral no sentido inverso aos ponteiros do relógio (no hemisfério Sul é sempre ao contrário) e nas zonas de altas pressões (anticiclones) não há vento, a não ser o que circula nas orlas do anticiclone e rodam no sentido dos ponteiros do relógio.
De posse destes conhecimentos e sabendo para que lado fica o mar, qualquer um pode prever o tempo para os dias imediatos.
Quem tiver andado muitos anos de moto e tenha os joelhos lixados (ou pelas quedas, ou pelo frio que apanhou), também pode seguir a evolução das dores, que acerta sempre eheheh.
Quem morar num local de onde se aviste um aeroporto (que é o meu caso) e conheça os pontos cardeais, a tarefa de saber a direcção do vento (que quando este é fraco e não há nuvens nem sempre é fácil) fica muito facilitada. Os aviões levantam e aterram sempre contra o vento.
Muitas vezes ainda o tempo está limpo e frio e eu já sei que vai mudar, porque vejo os aviões levantarem para Sul.
Claro que sempre me interessei por fenómenos meteorológicos (como com quase tudo eheheh) e tenho lido alguma coisa acerca do assunto. O modo como se formam os furacões e a sua deslocação através do Atlântico, é deveras interessante.

Tu não te metas comigo, que eu mando-te um raio fulminante!”

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Chegou o inverno!!!










Última hora! Neva na Aldea das Carrouchas!
Ou polo menos no Collón de Fontiala...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Madrugada










Desde o instituto de meteoroloxía comunican —advírtenme pola radio— que baixaron as temperaturas. É bo estarmos informados, se non, aínda había pensar esta mañá cando espertei que me entrara a soidade pola ventá aberta. Que alivio.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Contido e continente a condizer

Quem sem saber inglês ouvir o vídeo do candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, ficará arrepiado com a voz do locutor, pensando até que aquilo é o tráiler dum filme de terror ou um documentário de feras selvagens onde o forte devora o débil, sem poupar as cenas mais cruas.
Quem sabendo inglês o ouvir, ficará arrepiado na mesma, mas com conhecimento de causa.

E aviso: nem sempre contido é sinónimo de moderado, nem continente quem pratica a continência.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A velha polaca. Capítulo II

A estória que com o título genérico de A velha polaca aparece neste blogue é a cara autêntica dos relatos apócrifos que foram aparecendo no extinto Desassossego (daquela A Guerra Aberta) atribuídos a um tal ti Jonas, um idoso tresloucado que perdeu a memória junto com os dentes. Todas as personagens existem ou existiram, dum jeito ou doutro, e os casos que nela se narram são realidade nua e crua. E já agora, quero ver quem é o bonitão que me põe queixa em tribunal!

Estava era feliz aquela manhã. Acho que já alguém o tinha dito. Um dia espantoso pressentia. O pequeno-almoço fora bom: restos de havia uns dias que lhe arrecadara a cozinheira -que bela mulher!-, com o seu toque bolorento. Vejamos se não desandava, que essa era outra, que se lhe criara o estômago delicado de tanto o alimentarem a poder de calhaus insulsos. E agora o passeio, xiça! Pode-se pedir mais no mundo? Logo que a viu com os sapatos de salto alto e o casaco de meia-estação, desatou a pular da alegria. Além disso, a olhada dela não o confundia, como absorta, os movimentos mecânicos, guardava o telemóvel e as chaves na bolsa. Era rua, rua, rua! E até talvez se achegassem ao jardim. Farejava que sim, hoje era mesmo, que o senhor levava dias sem dar sinal de si, e isso era visita certa à Cordô. Praia esperava que não, que o mar, às vezes, quando se punha bravo, ó caraças, era de respeito. E depois as danadas das areias, a se lhe ficarem nos olhos, nas orelhas... Sempre acabava a pedir colo. Uma poça de lama isso era diferente. Mas não estava com ar de querer chover. Então? Sai a gente ou não sai?
Ao dobrar a esquina levou com a rajada nas ventas. Glória bendita! Como ele gostaria de ficar a morar lá. Invejava aqueles gatos sempre em volta das lixeiras. Tomara ele essa vida... Não se lamentava, atenção, que não era mal-agradecido, que a jaça dele não era coisa de menosprezar -todavia, não lhe agradava aquela teima em lhe mudarem tanto o cobertor, com aquele fedor a química que lhe provocava espirros de contínuo- e a janta não lhe faltava. Mas, olha, ainda havia de imitar o senhor, sumir para aí uns diítas e fazer a corte a uma cadela que lhe enchia o olho, de ali da vizinhança, que já quase lhe tinha esquecido a última queca que dera, com aquela do pedigri, que porfiou a ama e teve de cumprir pelo que-não-seja. E logo como quer que os gatos sempre arrebentam as sacas (que a criada põe-se é levada da breca quando vê a ciscalhada e roga praga para eles uma semana), até podia lamber uma espinha e ir arranjando. E que viessem na procura dele, como faziam com o senhor, tudo beijinhos e afagos, vá, Tisco, malandrecas, para a casa, ai criatura, coisinhamailinda. E daí? Não tem a gente direito?
Ah, não, de jardim nada. Pópilas! Ião à do xôtor Segismundo. Que louvaminheiro o gajo, sempre com a cabeça ao rés do chão, que deve ter a coluna feita um sete. E mesmo assim, no outro dia quase o esborracha, que se não lhe joga a boca à canela, a esta altura via-se empalhado em cima do televisor, como a raposa; ou ao pescoço como o furão que leva no inverno a ama de passeio, que chama de estola de visão, e não é nada, acham que não sabe a gente distinguir um bicho do outro? Lá vinha a abrir a porta, nem que levasse um foguete no cu. Se calhar nem sabe que abre só, mil vezes tinha entrado ele ali: toca-se na campainha e abre-se, como a da casa, aos domingos, quando não está o Arturo, e puxa o fio desde o sótão o melindroso do Paulinho. Podiam era terminar logo, que não percebia o que viam nesse lugar... fora o fícus aquele. Olha, foi pensar na planta e veio a vontade a apertar.