Será que infelizmente todo o mundo tem
uma árvore abatida no coração
ou que ambos pinheiros são o mesmo?
Também não é nada má a versão da história do Manoel Carlos.
uma árvore abatida no coração
ou que ambos pinheiros são o mesmo?
Também não é nada má a versão da história do Manoel Carlos.
Já antes de comprarem a moradia estava ali o pinheiro. Com os anos foi crescendo, engordando o tronco, espairecendo pelo chão as acículas e no ar o aroma da resina. Ninguém lhe sabia a idade: só que era velho e manso. Quando chegou a carta o dono da casa não acreditava. A denúncia da viúva desdentada que morava ao lado recebera sentença favorável e o pinheiro devia ser abatido porque lhe fazia sombra no jardim. Baixou ao garagem e pegou na motosserra. Colocou-se ao pé da árvore, circundou-a medindo os passos em volta, olhou para cima: na copa avistou um pisco que cantava. Saíu à rua e timbrou no portal da vizinha.
—Bom dia, minha senhora. Vai me ter de desculpar, mas está a fazer sombra na minha vida.
Entre o barulho do trânsito e o da máquina ninguém sentiu os gritos.
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Moral da estória: Até um cadáver ruim dá bom esterco.