Mostrar mensagens com a etiqueta nunc est bibendum. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta nunc est bibendum. Mostrar todas as mensagens
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
¡Felicidades, Profesor!
Sei que ele não vai ler isto, e com certeza (lá vão tantos anos) nem se lembrará de mim, mas eu cada vez que me cruza a palavra "professor" pela mente é este homem que lhe põe imagem e som.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Criatura
Nasceu um blogue que não é mais um, antes é UM muito especial para mim e que faz parte do melhor legado que nunca sonhei receber.
Chegou a hora de ouvir a voz que nasce do pensamento da Maria Garrido.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
49: o presente
Uma cifra qualquer é o que é, um dia em que sempre chove desde há tantos anos, anos que agora, vistos de aqui, parecem nada: nada não como no tango, apenas nada como nada: o passado é um invento, uma criação necessária para segurar os pés à beira do precipício que dizem futuro.
O presente, porém, existe mesmo: foi-me oferecido e está aqui.
O presente, porém, existe mesmo: foi-me oferecido e está aqui.
Etiquetas:
blogoglobo,
nunc est bibendum,
poesia,
superlativo
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Tétrico?
No vestíbulo do teatro, durante o intervalo, a poeta altíssima e futurista de princípios dum século passado olhou para mim, ho-rro-ri-zada:
―Mas que tétrico!
Eu, que estava em ângulo bastante obtuso relativamente aos meus poetas (como a traduzi-los na sombra), alcei a vista num esvoaçar de pálpebras para tropeçar no cenho dela franzido e franzidos a condizer os lábios num o diminuto, que é um u. Respondi de sobrancelhas, no entanto, em arco solene, tenso, dardos nos íris de fingida incompreensão. Depois, leve virar do pescoço, encontrei o olhar impávido do poeta vidente, mais baixito ele, quase do meu tamanho e antiguidade, que apenas uns segundos antes se aproximara saltitando com uma proposta oral cuspida sem preâmbulos ao meu corpo surpreso.
―No fim, iremos beber um coiso ao...
―Não posso eu ―interrompi interceptando o contacto―. Amanhã cedo deverei estar em plena posse das minhas faculdades mentais (e físicas, obviamente) ―E esclareci a seguir―: Vou assinar os meus testamentos, o vital e o mortal.
―Mas que tétrico!
―Não é nada tétrico ―argumentei―. Tétrico seria não poder assinar testamentos. Assinar testamentos é prerrogativa de vivos, de vivos com consciência de sê-lo até um dia, vivos lúcidos com as funções da mente, ainda, em activo.
Havia bem tempo que me rondava pela má consciência a ideia de dar destino final aos meus resíduos sólidos humanos. De aí, na segunda-feira anterior aos factos acima descritos, levantei-me com o pé direito e o firme propósito (sem emenda) de marcar hora no notário, como quem pede consulta no dentista para unha limpeza dental profiláctica. Já no local, agendaram a minha causa para a sexta seguinte, e pelo prezo dum dois por dois (negócios que não têm crise e, consequentemente, não têm saldos), vista a boa disposição com que iria defender a minha dignidade de moritura (que é latinório composto dos vernáculos "moribunda" e "futura") no testamento vital (ou, melhor dizendo, declaração de vontades antecipadas), persuadiram-me a assumir no momento sempre inoportuno a condição de morta pouco chata, escriturando a partilha do legado imenso dos meus bens e males, móveis e imóveis, aos meus ricos herdeiros num testamento por força mortal.
Tétrico? Tétrico seria para os vivos que me iriam chorar, se os houver, terem de lidar com estas burocracias maçantes no dia em que.
―Mas que tétrico!
Eu, que estava em ângulo bastante obtuso relativamente aos meus poetas (como a traduzi-los na sombra), alcei a vista num esvoaçar de pálpebras para tropeçar no cenho dela franzido e franzidos a condizer os lábios num o diminuto, que é um u. Respondi de sobrancelhas, no entanto, em arco solene, tenso, dardos nos íris de fingida incompreensão. Depois, leve virar do pescoço, encontrei o olhar impávido do poeta vidente, mais baixito ele, quase do meu tamanho e antiguidade, que apenas uns segundos antes se aproximara saltitando com uma proposta oral cuspida sem preâmbulos ao meu corpo surpreso.
―No fim, iremos beber um coiso ao...
―Não posso eu ―interrompi interceptando o contacto―. Amanhã cedo deverei estar em plena posse das minhas faculdades mentais (e físicas, obviamente) ―E esclareci a seguir―: Vou assinar os meus testamentos, o vital e o mortal.
―Mas que tétrico!
―Não é nada tétrico ―argumentei―. Tétrico seria não poder assinar testamentos. Assinar testamentos é prerrogativa de vivos, de vivos com consciência de sê-lo até um dia, vivos lúcidos com as funções da mente, ainda, em activo.
Havia bem tempo que me rondava pela má consciência a ideia de dar destino final aos meus resíduos sólidos humanos. De aí, na segunda-feira anterior aos factos acima descritos, levantei-me com o pé direito e o firme propósito (sem emenda) de marcar hora no notário, como quem pede consulta no dentista para unha limpeza dental profiláctica. Já no local, agendaram a minha causa para a sexta seguinte, e pelo prezo dum dois por dois (negócios que não têm crise e, consequentemente, não têm saldos), vista a boa disposição com que iria defender a minha dignidade de moritura (que é latinório composto dos vernáculos "moribunda" e "futura") no testamento vital (ou, melhor dizendo, declaração de vontades antecipadas), persuadiram-me a assumir no momento sempre inoportuno a condição de morta pouco chata, escriturando a partilha do legado imenso dos meus bens e males, móveis e imóveis, aos meus ricos herdeiros num testamento por força mortal.
Tétrico? Tétrico seria para os vivos que me iriam chorar, se os houver, terem de lidar com estas burocracias maçantes no dia em que.
_____________
Fora isto, acho que "tétrico" é um esdrúxulo sublime.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Na véspera da estrea a modo de parabéns
Estrea de Limpeza de Sangue (o sangue fai ruído)
Sábado, 2 de Outubro · 20:30 - 22:30
Pazo da Cultura de Narón
SEI que lle debera desexar moita merda para o choio de mañá, pero à parte de noxenta considero a expresión desfasada, visto que xa nin na aldea vai ninguén en coche de cabalos ao teatro. Desexarlle moito dióxido de carbono sería mais axeitado pero vén sendo pouco ecoloxicamente correcto. E como a sorte, á parte de descartada ―disque a boa concita a mala, nun paradoxo dramático―, eu creo que é cousa do azar (isto é, primitivas e loterías afíns, que non son de desprezar, ollo) e non produto do esforzo e da vontade, mándolle por vía blogoglobeira directa un abrazo de lle estrullar os osiños todos e uns aplausos que lle estoupen os tímpanos, don Rubén Ruibal...
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Divagações para as sobrevivências
A primeira era uma visita de índole burocrática a um primeiro andar. Uma vez por ano tenho de lá ir para renovar o cartão que me dá acesso a muitas economias em matéria de gasto farmacêutico. Possuidora feliz do cartãozinho, pago só um 10% do PVP (até um máximo de quatroeurosetalcoisa) dos medicamentos de dispensação não hospitalar que necessito. E isso é bom. Os meus parcos rendimentos de tradutora e eu estamos gratos ao sistema. Não percebo é por que se tenho uma doença crónica sem mais cura possível por enquanto do que a morte devo é lá ir uma vez por ano. Ninguém poupa nisto. Não poupo eu, que podia ser uma linda reformada a viver duma mísera pensão mas não sou e por tanto tenho de me deslocar, perder de trabalhar e de olhar para o ar, nem poupa o organismo autonómico encarregado da gestão na pessoa da funcionária pública que tem de preencher a mão com letra legível o documento e a seguir acossar a inspectora médica até obter a sua bela e cara rubrica estampada no dito, deixando ambas de atender assuntos de certeza mais prementes e/ou satisfatórios.
Perguntem-me vocês, "Será que deves lá ir para provares que continuas viva?", que eu responderei, "Mas para que precisava eu morta dum chorudo desconto em fármacos?". Ponto.
A segunda visita é num rês-do-chão. A máquina, sem me desejar bom dia nem boa tarde e prévio reconhecimento do código de barras, cospe-me uma folha que me confere uma clave de cifras e letras, o número duma consulta e uma cor. E lá vou eu a procurar pelas paredes a franja verde que identifica o meu corredor de espera, paradoxos da arquitectura sanitária para os planos da assistência ambulatória. Abro o JL 1035 pela página 13. Leio:
Os meus mortos levaram consigo, de mim, palavras, memórias, dias, lugares, desígnios, incertezas; os seus olhos guardam para sempre o meu rosto, os seus ouvidos a minha voz. Também eu morri com eles, e também eu, o que fiquei, me perdi fora de mim. Onde quer que eles estejam agora, quem quer que sejam, estou, pois, junto deles. E pertencem-me, tanto quanto provavelmente lhes pertenço.*
O ecrã anuncia o meu número. A médica recebe-me com um sorriso, dois beijos e uma voz estruturada como para falar a crianças sem cérebro. Pergunta-me se está tudo bem. Eu respondo, educadamente, com um está tudo óptimo aparelhado dum sorriso consoante ao dela, como quem se deixa fazer criança sem cérebro. Se fosse o meu médico de sempre, ele leria-me nos olhos bolas não, não está nada óptimo, está é tudo uma santíssima merda. E aconselharia-me um lexatin engolido demoradamente com um copo de bom whisky ―eu ficaria-me só pelo último. Mas o meu médico de sempre reformou-se e a substituta, que é nova e bem disposta, que tem o sorriso nos lábios e fala com a voz com que se fala às crianças sem cérebro, não lê além dos parâmetros analíticos que confirmam as minhas palavras: está tudo óptimo. E manda-me embora com cita e bateria analítica marcadas para dentro de seis meses num papel, o cartão que me certifica viva para o sistema sanitário na carteira e o eco duma conversa na cabeça:
de María para iMac Ademar: Gostei muito do "À mesa da usura", não tanto pelo que diz, que afinal é discurso repetido, mas pelo como. Tem portugueses para aí que escrevem bem, sabia, professor? Alguns dias penso que deveria virar portuguesa só para ser capaz de escrever assim. Alguns dias não, segundos só. Gosto de mim assim, nada perdida de amores pátrios.
de iMac Ademar para María: O Pina, além do mais, é um poeta interessante. Podes procura-lo na Antologia.
_______________
*(Excerto dum artigo do Manuel António Pina publicado pela primeira vez em Visão, 14.06.2001)
Perguntem-me vocês, "Será que deves lá ir para provares que continuas viva?", que eu responderei, "Mas para que precisava eu morta dum chorudo desconto em fármacos?". Ponto.
A segunda visita é num rês-do-chão. A máquina, sem me desejar bom dia nem boa tarde e prévio reconhecimento do código de barras, cospe-me uma folha que me confere uma clave de cifras e letras, o número duma consulta e uma cor. E lá vou eu a procurar pelas paredes a franja verde que identifica o meu corredor de espera, paradoxos da arquitectura sanitária para os planos da assistência ambulatória. Abro o JL 1035 pela página 13. Leio:
Os meus mortos levaram consigo, de mim, palavras, memórias, dias, lugares, desígnios, incertezas; os seus olhos guardam para sempre o meu rosto, os seus ouvidos a minha voz. Também eu morri com eles, e também eu, o que fiquei, me perdi fora de mim. Onde quer que eles estejam agora, quem quer que sejam, estou, pois, junto deles. E pertencem-me, tanto quanto provavelmente lhes pertenço.*
O ecrã anuncia o meu número. A médica recebe-me com um sorriso, dois beijos e uma voz estruturada como para falar a crianças sem cérebro. Pergunta-me se está tudo bem. Eu respondo, educadamente, com um está tudo óptimo aparelhado dum sorriso consoante ao dela, como quem se deixa fazer criança sem cérebro. Se fosse o meu médico de sempre, ele leria-me nos olhos bolas não, não está nada óptimo, está é tudo uma santíssima merda. E aconselharia-me um lexatin engolido demoradamente com um copo de bom whisky ―eu ficaria-me só pelo último. Mas o meu médico de sempre reformou-se e a substituta, que é nova e bem disposta, que tem o sorriso nos lábios e fala com a voz com que se fala às crianças sem cérebro, não lê além dos parâmetros analíticos que confirmam as minhas palavras: está tudo óptimo. E manda-me embora com cita e bateria analítica marcadas para dentro de seis meses num papel, o cartão que me certifica viva para o sistema sanitário na carteira e o eco duma conversa na cabeça:
de María para iMac Ademar: Gostei muito do "À mesa da usura", não tanto pelo que diz, que afinal é discurso repetido, mas pelo como. Tem portugueses para aí que escrevem bem, sabia, professor? Alguns dias penso que deveria virar portuguesa só para ser capaz de escrever assim. Alguns dias não, segundos só. Gosto de mim assim, nada perdida de amores pátrios.
de iMac Ademar para María: O Pina, além do mais, é um poeta interessante. Podes procura-lo na Antologia.
_______________
*(Excerto dum artigo do Manuel António Pina publicado pela primeira vez em Visão, 14.06.2001)
Etiquetas:
Ademar,
escavichadas,
médicos,
nunc est bibendum,
opinión críptica,
poesia
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Agradecementos
Ando desde a madrugada do domingo ás voltas perseguindo as palabras e as palabras, coma na pita cega, pasan por min rozándome burlonas, inaprehensibles. Bruta que son, co corazón fóra do sitio, que case o perdo ao percorrer o treito tan infinito da mesa ao estrado, desacompasado do lento batucar da sola das botas sobre o piso do salón (estrondo que ninguén percibiu senón eu), coa timidez que me apaga o sorriso e me cega, que me tolle a alegría, non souben máis que dar as grazas, moitas grazas, nun murmurio, a voz de falar tomada e a de calar chamándome nomes. Rescatáronme da vertixe as apertas do Manolo Rivas e o Agustín Fernández Paz, aliviándome do peso dos agasallos e dándome un acougo que nin así me librou do fervillar sen paraxe das mans ―carentes de aconchego onde pousaren, coma pardais agonizantes aos que o chan abrasa e o ar escorrenta― e da cara de parva.
Así que a destempo e fóra de lugar, agradezo à Asociación de Escritores en Lingua Galega o premio á versión ao galego que Bartuk Aykam e eu fixemos da novela O museo da inocencia de Orhan Pamuk e a honra de colocarme ao lado de xentes tan grandísimas.
(E ao Xoán Abeleira, a miña gratitude polo acubillo e a conversa.)
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Para as ondas do mar dele
O Guincho
Não era para escrever cá tão logo, Carlos, mas ao saber que partia ao fim à sua Comala particular, fiquei entre a alegria e a tristeza, egoísmos meus da felicidade sua. Lembrei então a estrela, onde há tempo (tanto ou nada) nos encontrámos, e saí a procura-la na noite, pelos caminhos escuros onde a ausência de luz permite distinguir melhor os sons, só por ver se entre grilos, rãs e o sussurro do vento na folhagem que anuncia chuva para amanhã me brindavam as notas com que lhe inventar uma melodia. Foi este concerto que ouvi e roubei, só para si, como um bater de ás que o eleve sobre o Atlântico, por cima do seu Rochedo e da admiração minha.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Se fosse flor, disse ele, era camélia
É assim que se transmuta em flor de inverno,
não disse se era branca, nem vermelha.
Por mais que ensine os dentes é bem terno,
só morde se a loucura lho aconselha.
Fosse ar de poder ser elemento;
montanha se lugar; móvel, estante;
seria viola se fosse instrumento;
se fosse direcção só era avante.
Seria água, ouro —isto é só a rima—,
laranja, gargalhada, hard rock, cão,
mortal pecado, temperado clima,
de sentimento, alegria; cor salmão.
Katinga e flor silvestre, pouco siso?;
coração, CSI, cumprido e grosso,
de verbo rir e de expressão sorriso
e muito mais que já citar não posso.
Parabéns, Cão(somente), antes Sarnento,
que sendo Março, dezanove e Quinta-feira (!),
ainda acho que há motivo de contento
que mereça uma solene bebedeira.
E beijos...
terça-feira, 17 de março de 2009
Médicos e médicas
Esta tarde tocoume ir recoller os resultados do TAC e das análises de sangue ao hematólogo. En realidade, estaba algo nerviosa, porque non sabía que médico do equipo me ía tocar. Cando se xubilou o de sempre, deume a escoller entre o doutor S e a doutora S. A cousa estaba complicada. Non era tanto que tivese algo contra a doutora S, por ser muller, senón máis ben tiña algo a prol do doutor S, por ser home. Só que ao final preferín deixalo nas mans do azar. Por un lado non quixen parecer mal agradecida e polo outro quen sabe se escollendo un non me tiña que consultar a outra un día, polo que fose, e había represalias. Quita, quita, dixen. O que me toque tocoume. E aí é onde vou, precisamente, a que prefería que de tocarme, me tocase un home. E non só polo de tocarme, senón tamén porque se me hei de espir, que antes ou despois sempre chega o día (nin que sexa na hora da autopsia) prefiro que sexa ante un home: síntome menos violenta.
Pero non houbo sorte. Tocoume a doutora S, que para máis é eficiente: non me deu tempo nin a abrir o libro na sala de espera, que xa me estaba chamando para entrar. Logo, para me saudar, deume a man, e xa empecei a estrañar o meu antigo médico, que sempre me daba dous bicos. Aínda van pensar que non é hixiénico que un médico nos dea bicos, pero tampouco é hixiénico que nos dea a man se non leva luvas de usar e tirar.
O único que tirei de proveito é que decidiu citarme para dentro de oito meses, non cada catro coma até o de agora, e coa promesa de que se as calcificacións non aumentaban de tamaño (en canto non me escaneen o cerebro todo ben...), pasabamos ás consultas anuais.
E ante os resultados, recoñézoo, alegreime de que me tocase a doutora S, porque ao doutor S non sei se ía soportar velo e que me vise só unha vez ao ano: era capaz de ter unha recaída!
Pero non houbo sorte. Tocoume a doutora S, que para máis é eficiente: non me deu tempo nin a abrir o libro na sala de espera, que xa me estaba chamando para entrar. Logo, para me saudar, deume a man, e xa empecei a estrañar o meu antigo médico, que sempre me daba dous bicos. Aínda van pensar que non é hixiénico que un médico nos dea bicos, pero tampouco é hixiénico que nos dea a man se non leva luvas de usar e tirar.
O único que tirei de proveito é que decidiu citarme para dentro de oito meses, non cada catro coma até o de agora, e coa promesa de que se as calcificacións non aumentaban de tamaño (en canto non me escaneen o cerebro todo ben...), pasabamos ás consultas anuais.
E ante os resultados, recoñézoo, alegreime de que me tocase a doutora S, porque ao doutor S non sei se ía soportar velo e que me vise só unha vez ao ano: era capaz de ter unha recaída!
domingo, 8 de março de 2009
Uma coisa pela outra
Antes de eu ser bloguista, andei uns tempos saltitando de blogue em blogue à procura, sem saber, de razões que me levassem a criar um próprio, quando uma noite por causa do link dum “cabelo à foda-se” acabei aterrando em viagem directa de Escócia a Lisboa. Ali a encontrei, comentando, ali me enfeitiçou tanto, que até o do hoje fiquei encantadíssimo sapo e fiel, pela ironia com que despacha elogios ou pancadas, sem nunca perder a compostura (e era para acrescentar um “olé!”, não fosse que as touradas, dessa margem e desta, nem pintadas...).
Dela pode-se dizer quanto de bom se possa dizer, especialmente, que gosta de estar a primeira quando é para estar. Que tem sempre um comentário atinado pronto, se é para o ter, ou despropositado se o despropósito do texto o exigir. E cá entre nós, que tem uma cabeleira linda de morrer... nem que nem ao microscópio se distinga o contraste das madeixas, mas, diz lá se não são estas pequenas desgraças quotidianas as que dão matéria suculenta para escrever e exor-cismar?
E para já, como quer que foi a primeira a comentar neste tasco, espero, uma coisa pela outra, valendo-me da diferenza do fuso horário, ser a primeira a gritar baixinho:
Desejo-te muito walking on Sun-shine, menina Teté!
E beijocas. É claro. (`_^)
segunda-feira, 2 de março de 2009
Pánico escénico
Ai, que hoxe é dia de titular con vocábulos esdrúxulos a fin do desafío (e quen o lembra fóra de min e de quen tanto me aturou por carta as neuras?). Catro meses catro de gozar en desennobelar cada frase, en escoller cada peza e pintala doutro son, de levala aloumiñándoa para o seu sitio, o sitio certo, ese en que debe ir e non outro para lograr que un texto sexa non sucesión de sintagmas, senón Literatura aínda despois-de. E agora é só agardar —co corazón alado pulando na gorxa e os labios apertados, que non fuxa en ave ao contacto co ar desintegrada— que se levante o pano dun teatro ao revés no que o público dixire a obra cando xa os actores fixeron mutis polo foro e o apuntador, mentres fuma un cigarro ás agachadas nos aseos, empoleirado na taza do váter, declama diálogos de cor tan polo baixo que ninguén os ouve.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
O tempo habitando a pele
Ao Manoel Carlos
Vais dizer agora que não queres saber de aniversários, mas os parabéns levas na mesma, se for preciso à força, com beijos e abraços ao longe, tão longe, que até chegarem a ti hão de arrastar a beleza toda que encontrarem no caminho para te envolver. Assim, envio apenas umas palavras de ânimo que te permitam aguentar as saudades da praia que te espera acenando desde o outro lado do Atlântico. E olha, mesmo que for um sonho que no fim não quiseres ver estragar pela realidade, pois os sonhos só são bons enquanto estão em poder da fantasia, pensa que vais ser dono do tempo para contar histórias, vividas ou imaginadas, que já estou desejando ler com os dedos até nas cicatrizes mais subtis.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Recado críptico
À mais clássica maneira pimba
Hihihi!
Hihihi!
Já não sei se to diga bem às claras
Ou disfarce entre linhas a mensagem.
Não é fácil o requinte, se reparas,
Através deste estilo de linguagem.
Sei que hoje é mais um dia no almanaque,
P’ra molhar a goela num maduro
À fé que nem me faz falta destaque
Raismepartam! Se for verde não o juro.
Arranja, pois, os copos e as garrafas,
Bebamos sem mesura à tua saúde
E vê se do convite não te safas:
Nunca foste de feitio assim tão rude.
Se depois um queijinho acrescentares,
A poder ser da Serra e um fumeiro,
Venham lá, não recuso tais manjares.
Olha, meu, que não fiquem pelo cheiro.
Concluo, que a este ritmo me disperso,
E está dito o que vim dizer em verso.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Entre uva e uva
Pois, como vêem, sobrevivi, mas acho que houve fraude este ano: as badaladas, conforme à impressão geral*, foram muito mais espaçadas. O conluio foi muito provavelmente armadilhado pelo governo para dar à população a ilusão de que nem tudo pode ir mal. De facto, coloquei-me bem separada do resto dos convidados para evitar rega-los involuntariamente caso de que uma uva fosse por mau caminho, no melhor dos casos, ou que caísse (eu, não a uva!) hirta diante do televisor, engasgada e a espernear como uma galinha antes de ir para a panela, com o incomodo que ambas as situações haviam de produzir na sincronização uva/badalada dos presentes. Porém, concentrada em engolir, que nem sabia que tinha de seguir o ritmo, qual a minha surpresa ao constatar que fora a primeira em terminar, em dar os pulos de júbilo consequentes ao som.. das três derradeiras badaladas do finado ano 2008 que na glória esteja!
Depois soube também que tinha direito a três desejos (no número não houve muito consenso, mas três é cifra mágica que sempre condiz com superstições...) que por ignorância desperdicei, e boa falta me faziam, pena! Mas se calhar para o próximo ano, se por cá estamos, e prévio ensaio, até pode ser ser que consiga aperfeiçoar a técnica com desejos incluídos.
Por enquanto, os meus melhores votos para vocês, que eu se não pioro já me conformo...
________________
* Olhem só o comentário do r. r. no texto anterior:
"A min este ano deume tempo a comer uva, prender pitillo, comer uva, tomar groliño, comer uva, bicar pequecho, comer uva, bicar ó outro pequecho, comer uva, abrazar moza, comer uva, botar un pis, comer uva, rosmar á abuela, comer uva, mirar o tempo, comer uva, lavar o coche, comer uva, limpar a casa, comer uva, vomitar o menú, comer uva e marchar para cama. Un pouco lentas si que foron, si, eu ata collín medo de que chegase 2010 e nós alí sentados."
(Eu este ano tive tempo de comer uva, prender cigarro, comer uva, beber golinho, comer uva, beijar pequeno, comer uva, beijar o outro pequeno, comer uva, abraçar namorada, comer uva, fazer chichi, comer uva, rosnar à avó, comer uva, olhar o tempo, comer uva, lavar o carro, comer uva, limpar a casa, comer uva, vomitar o jantar, comer uva e ir para a cama. Um bocado lentas foram mesmo, sim, eu até apanhei medo que chegasse 2010 e nós ali sentados.)
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Que nos dan as uvas
Hai uns anos desistín da tradición. Despois de tentar durante corenta e tal fins de ano non me esganar no rito —e amargarlle, ou non?, de paso a festa ao persoal—, acometida pelas náuseas e a frustración de non dar engulido máis de media ducia, unha noite decidín que me ía limitar a observar como os outros cumprían tan lindamente co obxectivo e aínda lles sobraba tempo para dar pinchos de alegría (imaxino que instintivamente para que lles baixase a masa que lles quedou atoada). E non é que me fose mal, nin que a sorte me sorrise máis ou menos, conste.
Este ano, sen ir máis lonxe, non porque non queira, senón porque a memoria é fraca, creo que foi un ano bo. Compartín aquí as miñas barrenadas e houbo ata quen gozou léndoas e me fixo gozar a min comentándoas. Algúns non fallan a un só texto (e permitídeme a mención especial: Grazas, Teté!), outros van e veñen, algún que outro moi querido sumiu —espero que non para sempre— e hai ata quen, encarnando un Guadiana blogueiro, aparece e desaparece (sabe el por que!) e a min divírteme tremendamente seguir o rastro inconfundible da súa contundencia e agudeza escrita e vital (a el creo que non tanto, pero desta non vou dar un chío).
En fin, e resumindo, que se non, como di o dito, aínda nos dan as uvas: grazas polas vosas visitas, faladas ou caladas, e sobre todo, polo moito que aprendo e gozo a ler os vosos textos. E sabede só que se de mañá en diante este espazo queda mudo, non será por renuncia propia, senón porque terminei o ano e os meus días con cara de boba e doce uvas entaladas na gorxa: a morte morrida máis estúpida que se poida imaxinar.
Bicos e que o ano próximo vos sexa, como dixo o outro, no mínimo... vindeiro!
domingo, 7 de dezembro de 2008
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Evolución
Tanto changarellou o Condado (aquí), que me picou a curiosidade e fun. Así non hai maneira de desaparecer do blogoglobo!
Son corazóns, dixo que eran. E xa eu souben que só podían ser...

Por certo, prestoume o paseo, que está unha mañá quentiña (e eu aquí conxelada na casa, debe de ser a falta de durmir). A ver se á noite ceamos un guisiño de cogomelos, logo.
O cazador empeza a transformarse en recolector. Ou vai vello ou o mundo se acaba.
Son corazóns, dixo que eran. E xa eu souben que só podían ser...
Por certo, prestoume o paseo, que está unha mañá quentiña (e eu aquí conxelada na casa, debe de ser a falta de durmir). A ver se á noite ceamos un guisiño de cogomelos, logo.
O cazador empeza a transformarse en recolector. Ou vai vello ou o mundo se acaba.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
sábado, 13 de setembro de 2008
Parabéns ao Isto non é un cabaré!
Subscrever:
Mensagens (Atom)