terça-feira, 30 de março de 2010

PAUSA

Marcho a plantar verzas ao farmville...

Un sur para cadaquén (e para min, o vento)






Foto: Mario López Alonso

Canto desencontro xunto, sintetizou tras os aplausos o Tronkimazín, técnico de cabeceira nas psiquiatrías miñas, e eu concordei nun pois. Pero antes foron os encontros, isto é, os prolegómenos, saúdos sobre alfombra vermella imaxinaria, co vestíbulo ateigado polo dobre de pernas ca de caras coñecidas. En resumo, frenesí de bicos que soslaiei nun serpear polas esquinas, avara até dos sorrisos que a presión me raciona no cálculo multiplicado a ollo polo da tal falta de folgos que me entra: sumiume a tensión á sola das botas.

Apagáronse, por fin, as luces do patio de butacas e acendeuse unha expectación directamente proporcional ao alento contido. E... Hm? Hors d'ouvre? "Gato Negro Productions presenta"? Coma no cine de verdade un avance da curta-metraxe La Familia Pomodoro, auga na boca e bágoas nos ollos... das gargalladas. Apetitosas, preséntense, entre outras, as interpretacións da avoa e a bisavoa. Que sexa, pois, en breve.

Aí veu o prato principal, receita e elaboración do Condado (sen hipervínculo, que anda de blogosfera restrita):

Historias de blog... I, II e III, á distancia de cadanseu clic.

E de sobremesa, como galegos que somos (no sentido galego do termo) fomos comer e beber: unha farta de lacón con grelos, tinto e licorK, que case me manda ao coma colesterólico tensísimo profundo, non fose porque desbravei disertando durante horas sobre as coordenadas exactas do sur nun testa a testa psicanalítico co Tronkimazín, que non me explico de onde quitei a leria. Aínda hoxe desconfío se non me botou droga na bebida.

Pero só cando saín á rúa e o vento me limpou os ollos enxerguei o sur, ao lonxe, onde sempre estivo, na fábrica do ar que trae a chuvia e as palabras.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ascensión ao inferno

Non era esta a penitencia que eu pedira para os meus excesos do venres: a lámina de afeitar na boca que me arrincou arcadas (a un tris estiven de saír a vomitar para fóra, que na sala non ía quedar bonito), a culler no ollo que me fixo suar en frío, as dúas horas e media que dura a angustia.

domingo, 28 de março de 2010

Xa non estou para isto (se cadra, nunca estiven)

Montei no coche toda periposta predisposta a ir ao cine. Aínda non saíra das Carrouchas, cando me acordou: había teatro no auditorio. Así que despredispúxenme virando en redondo e dei unha longa camiñada cos cans, agradecidos cada un á súa maneira: el, cos ollos mansos e a lingua de fóra; unha das elas, aos pinchos e a lingua de fóra; a velliña, en fin, é caso para dar de comer á parte: rosmoume, sinal de que todo vai ben, dentes de fóra.

Subín, que antes debera dicir baixei e digo, pois, baixei, ao auditorio, con tempo dabondo para coller sitio e non ter que pousar no chan como da última vez as poucas carnes das cachas. Entretiven a espera coas odes da ana salomé, e ende ben, que foi o único bo da noite. Desta vez saín do teatro antes que caese o pano (que digo eu que por qué non hai pano que caia, que guillotine incluso taxativamente, no auditorio das Carrouchas?), porque estaban a acabar comigo nunha sesión continua de gritos e gritos e gritos. E gritos.

Sónchevos, entre outras moitas poucas cousas ou defectos perfectos, de ouvidos sensibles. E se non saio a tempo, dígovolo, grito, grito mesmo que parasen de gritar dunha vez.

Que agonía esta a miña impaciencia.

Sorte que por ir a pé, no vir, á penumbra dunha lúa que brincaba ás agachadas, fóiseme sosegando o tímpano polo conduto auditivo externo* dentro, descansándome martelo, bigorna e estribo nun batucar suave como rumor de trigo verde.

Como burbullar de estrelas.

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* Ignoro porqué lle tiraron o título da trompa ao Eustaquio.

Os donos do tempo

Ando um bocado alterada: descobri há coisa duns minutos que me roubaram uma hora esta madrugada, e agora devo acreditar que ma vão devolver de aqui a mais menos seis meses?! Devo acreditar que vou viver até lá?! E se não vivo, quê? Quero é a minha hora agora! Depois eu já decido se vivo se não vivo, que a minha vida é minha, ó senhores donos do tempo!

sábado, 27 de março de 2010

De saúdes e sanidades, de pecados e penitências

Na sexta de manhã cometi a soberba estupidez de ir de mota à Cidadeabertaaomar. Não me saí mal, porque com o dia que esteve pôde ser muito pior. A saraiva gorda caiu enquanto estava na sala de espera do médico, de maneira que safei. Não safei foi da chuva fria que apanhei no regresso. Nem do vento. Contudo, cheguei viva, humidamente tumescente, mas tenho chegado em piores condições.

A boa notícia é que por fim aplicaram a receita electrónica no centro de saúde que me corresponde, de maneira que não tenho de voltar por ali até dentro de seis meses: quando precisar medicinas para doenças primárias ou colaterais (protectores de estômagos, tensões arteriais elevadas, colesterois e por aí) vou à farmácia e retiro. Já é um avanço: nem o médico perde o tempo em fazer receitas comigo nem eu a ir e vir à chuva sem nenhum sentido nem juízo.

Depois almocei, fui ao (des)café e às compras. Quando cheguei estava com sono e cedi a tentação de deitar-me "um pouquichinho só, lês umas páginas e descansas". Nem sei a quem pretendia enganar: nem li nem tirei os óculos da cara. Quedei "frita", como dizemos nós. De maneira que depois andei mal disposta, a beber chá de cidreira, para ver se conseguia ser gente.

Essa noite, às 21.00 (HE) estreava o Condado a curta-metragem. Depois, parece, os máis menos sessenta assistentes estávamos convidados a um "lacón con grelos". Isto é jantar típico de aqui: lacón, que é o pernil dianteiro do porco salgado, que se põe de molho e depois coze-se, e os grelos (não pensem mal, suas mentes perversas!), as folhas ternas duma espécie de couve. E leva também chouriço e batata. Como se está a ver, a comida melhor para os meus pecados hipertensos e colesterólicos. Estive num sei se ir, num não sei se pecar até esse ponto... que nem ia ter com quem me penitenciar a posteriori (a priori também não). Mas decidi ir, porque o contrário seria vir para casa a me sentir sozinha e miserável, e era sexta. Já toda a gente sabe o que as sextas fazem comigo, quando consegui sobreviver ao resto da semana.* De maneira que, a quem corresponda peço-lhe me reserve uma penitência, que eu vou-me esmerar em cumpri-la com devoção.

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* Disto darei conta quando me inspire e o Condado carregue no iutu a curta. Paciência.

Quinta-feira quase-feliz









Ode com meias até aos joelhos

nos dias em que chegas a casa triste
o meu corpo é triste para que nada te fira
nos dias em que chegas a casa triste
sou só um corpo com meias tontas até aos joelhos
um corpo nu no medo claro da noite
os seios no redondo azul da tua esfera
e a sombra deles na parede do quarto.
nos dias em que chegas a casa triste
sou uma Salomé num desassossego de licor
o teu lado esquerdo com um sexo de flores
a ternura somente insuportável

de te saber triste sem te poder tocar.

ana salomé. Odes



Quintas-feiras havendo hóquei são boas, por decreto, isso aqui toda a gente sabe. Se há Leituras então, ai...! Era estranha esta. Havia muita malta nova pululando diferente da habitual. No fim viu-se porquê. No princípio viu-se pessoas que falam ao telemóvel antes de entrar na sala, pessoas que brincam com o telemóvel quando se apagam as luzes da sala. Depois não. Depois foi com as palavras que se brincou. Por exemplo.

Foi a repetição: não por mudar de idioma, chega mais o que se diz, quando nada chega porque nem se percebe bem. E os gestos repetidos, os pulos... aqui já calo.

Deu laranjas e luz, e fez bolas de sabão, "aquilo para que nascemos". Em crianças, muito crianças, fazíamos bolas de sabão com uns macarrões longos como espaguetes que já ―penso― não existem: era uma brincadeira efémera porque a massa amolecia com a água e não nos era permitido estragar mais do que um canudo cada; era uma brincadeira especial, porque esse dia havia macarrões ao forno no almoço.

Aos nove anos era a maior poetisa de todos os tempos. Já naquele então ―e isso se calhar é bom para a supervivência― tinha o ego maior do que a perspectiva e a voz.

Ela é uma maneira de concentrar as miradas e os músculos num ponto: ali onde o corpo é música, e vibrando estremece. É o ventre; às vezes, segundos só, olhos e mãos.

Veio acompanhada dos seus mitos femininos e as histórias da infância, da poesia como forma de estar com muita gente, e estava. Foi pena o tom monótono da voz. Se importante é escrever, tão importante é modular-dizer para explorar a beleza das palavras.

Ora, com a discrição duma folha de outono em forma de carta para uma tia de Lisboa, fez magia desde o tamborete, prestidigitando sorrisos, gargalhadas, ela que se quis entre cientista e palhaça, e acabou, coisas!, jornalista numa sala de teatro, com baratas que esperam na cabeça pacientemente a transformar-se em poema da Adília Lopes.

E a malta jovem, aí entendeu-se que era o público fiel do músico, a agasalha-lo no palco. Prendeu-me também, mas na distância. Imagem e som, cada música uma mulher e todas as mulheres. Eu tanto querendo tirar uma foto de fundo vermelho, guitarra vermelha e o vermelho do fundo assomando entre as pernas entreabertas. Mas não deixam e um dia destes vai-se-me perder o enquadramento na desmemória.

Só não foi uma quinta-feira-feliz porque ao chegar a casa descobri triste um meu amigo, um meu amigo que chorara, eu tão longe e ele mais longe ainda.

Assim, rapaz, não tem felicidade que resista.

quinta-feira, 25 de março de 2010

As dúas novas de onte









Onte ouvín o canto do cuco por primeira vez neste ano. Non entendo cal é o racional impulso que me levanta o ánimo cada primavera ao sentir ao lonxe a cadencia inmutable que revela a súa chegada. Digo eu que non debera emocionarme, a pouco que a sensibilidade polos débiles me asalte. Ao cabo, o cuco é o rei do acoso entre a paxarada miúda, o usurpador de niños e pitanzas, asasino gordo e feo de ovos indefensos. Con todo, el anda aí xa por fin e no ar vibra o anuncio da súa presenza. A min ―que incongruencias!― pónseme unha comechón no estómago de asas de bolboreta e pés de lagarto arnal a bailar na palma da man estendida. Irremediablemente.

Despois do lirismo pantagruélico, non sei se escoro se envorco cara á segunda nova de onte. Disque-disque, aquí a escasos quiñentos metros da miña casa, instalaron un puticlú discretamente propagandeado na prensa de chalé para recrutaren man de obra. E digo-digo que estando como está o panorama laboral talvez me conveña sopesar a oferta seriamente. A fin de contas non ía ter que gastar nin en desprazamentos e tampouco podo dicir que gañe dignamente a vida como tradutora.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Miragens










Otherwise it's all the same.
Otherwise one is immortal for as long as one lives.

Philip Roth, The dying animal

A primavera é uma miragem. Está e já não está, puro ilusionismo. Há dois dias cortava a relva ao sol e a ameixeira nevava-me de pétalas a camisola. Ontem serrava os restos da poda feroz aos carvalhos e sentia o sangue palpitar, ainda era terça e tu a tardar-me tanto. A chuva, já hoje, amanheceu-me cinzenta, nua de ânsias, derrotada de anseios, milho seco que se aguarda estrume. Depois veio o sol timidamente entre nuvens ovelhentas, mansas. Aí senti o mar numa brisa imaginária e uma onda a cabalgar-me de espumas. Fui ter com ele. De mota como se fosse para durar. Cega.

Terminei de ler o Philip Roth à beira mar, num passeio pelo desejo e a urgência até os abismos do cancro e a solidão. Quando levantei a vista, toldara-se o céu e o sorriso que te reservara no horizonte desenhado. No caminho de regresso umas gotas tímidas me esporearam e acelerei. Liguei o aquecimento, que vinha de mãos quase invernais. Chove. Ninguém se lembra já da cor do sol e este azul pastel de fundo virou-me piegas. Mas é só por disfarçar o horror do animal moribundo que a gente leva dentro, como se fôssemos imortais.

terça-feira, 23 de março de 2010

Dando a nota (2)

Tras catro horas cunha rozadoira ao lombo e dúas a empurrar unha corta-céspede penso se non andarei a estragar tempo útil de neuronas.

Dando a nota

Sei que escribo pouco ou nada ultimamente. Hoxe tamén non é o día mellor para pulsar teclas, cun dedo inchado, consecuencia dun espatifamento involuntario produto dese meu empeño en aprender a facer virguerías sobre oito rodas e ningún sentidiño. Claro que non é grave, á vista está que as letras van saíndo. E vaise ter que aguantar o infeliz porque esta tarde hai partido extra de hóquei e estreo rolamentos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

É ele!









O Condado* estreia curta-metragem e eu, artista na família. :)

*Não o posso linkar porque anda de portas quase fechadas. :( Manias!

Confesións e delitos

Despois de tanto pecado cometido (foi o café, foi a torrada com manteiga, foi o sal o sol da manteiga...) onte no Porto, pensei que non ía haber penitencia que me salvase. Porén, mentres na mesma mesa atacaba un xornal de papel, redimiume a estupidez ruín dos humanos: que haxa que ouvir isto cando aumenta a transmisión do virus da inmunodeficiencia humana nas relacións heterosexuais. Ten delito!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Nem para lamber espinhas

Alguém já pensou que se o peixe fosse para ser comido sem sal moraria nos rios? Se até as trutas sabem que como sabem é com uma lasquinha de presunto na barriga. E nem um café para disfarçar este amargor... Fora gordura, fora excitantes... Estão à espera de quê, ditadores da minha saúde*, prolonguem-me a vida, tirem-me o açúcar também e metam os meus ossos na salgadeira.

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*Conste aqui: Quero muito mesmo os meus médicos e eles querem-me bem a mim, e viva, eu sei.

Telefonias psicofónicas

Quem abaixo assina, por ser meia galega?, meio desconfia quando lhe querem vender o que não pediu para comprar, não embalde assiste a aulas de economia nas melhores escolas. Por isso ontem, quando o telemóvel tocou e vi o número nada extenso que aparecia no ecrãzinho, disse ui-que-carai! A senhora Miou era eu, sim, vá lá, despacha-te. Estava com vontade de ouvir vozes humanas (confesso que ao primeiro pensei que era máquina, tal a cadência monótona da frase de início aprendida de cor) e contra o meu geral critério de não-me-interessa-muito-amável-não-me ligue-mais-toooobrigadíssima, deixei falar a criatura. Era da minha (estes possessivos!, desculpem o esgar sardónico que me foge pelo canto do lábio que tenho partido e não posso rir) companhia de telefonia móbil ―e aqui mais um ui-que-carai. Fui escutando pacientemente, com um olho posto no lume (não se me fosse esturrar o jantar e com ele a fome escanzelada). Pelos vistos e estudado o meu historial de consumo, ando ainda com tarifas do século passado, cliente fidelíssima (soubessem eles que à força, não posso ameaçar migração nem de blefe, que com outra qualquer teria sempre as antenas da margem de lá à espreita), e que me convinha mudar de contrato por um preço mínimo que num horário determinado me permitiria ligar de borla a todos os números de telemóvel e fixos, fazer essas chamadas breves que não faço ao meu marido (hein?!) ou aos meus filhos (hein-hein?) para saber onde é que eles estão (hein-hein-hein?). Aqui quase me convence, estereotipadamente. Com certeza, com essa nova tarifa adaptada aos tempos presentes, ia pagar mais uns eurazitos do que pago habitualmente, mas em troca, olhai, queridos!, em troca!, em horário nocturno, qual médium videntíssima do inexistente, ia saber onde param-pairam o meu marido e os meus filhos... Isto é que são avanços tecnológicos!

segunda-feira, 15 de março de 2010

O fío do nobelo










Case unha semana enteira para lembrar. Perdéraseme o papel dun personaxe nun filme. E gañara angustias, abismos, entre neuronas mortas. Foi preciso durmir, durmir moito, como xa nunca durmo. Cando o maxín espertou esta mañá, o quebracabezas estaba completo. Tamén non é para alegrarse nada. Unha semana! E debera dicir ende ben?

Coma un fillo









Rematei a tradución do Ishiguro. Darlle a enviar é como, imaxino, ver un fillo que sae da casa para o mundo. Por iso resístome e releo o texto unha e outra vez, modificando sempre, tentando melloralo seguido, até que xa, digo, fecho os ollos, vai, acabou. Algún día ten que ser. Non te podo reter máis sen te transformar por completo en obra miña, sen te contaminar dos meus modos.

Véxoo partir entre a fachenda (non me quedou mal, penso) e o medo a que non encontre aí fóra a acollida que lle soño.

As ilusións son así de puñeteras.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Filmes

Ontem não foi quinta propriamente. Suspenderam-se as aulas de patinagem porque, pelos vistos, precisam o pavilhão para montar uma feira de saldos: outlet chaman-lhe agora de lábio em bico porque "esgoto" não tem nenhum glamour, outra que também suscita fascínios linguísticos. Digo isto a modo de preâmbulo para vocês compreenderem porquê na tarde de ontem houve o que houve e não os estatelamentos costumeiros.

Foi assim.

Um grande (pelo tamanho) director de curta-metragens (também pelo tamanho) ligou-me para ir gravar umas cenas para ele, melhor dizendo, para ela, a curta. Precisava, explicou-me, imagens duma pessoa a escrever num computador num café na praia. Aceitei. Não parecia que os meus dotes artísticos não fossem estar à altura. E lá fomos para Caminha (maiúscula inicial, na foz do Minho). Já no local especificou que apenas queria umas mãos de gente a teclar, o ecrã dum computador a revelar um blogue. Eu estive para me escudar em que tinha as mãos feias, que era melhor imortalizar outras partes de mim melhor conservadas, como quem diz, os mamilos, mas depois... na verdade, não sei escrever com os mamilos. Se era de escrever que se tratava isso podia pôr um problema. Além do mais, reflecti, quem sabe?, se os mamilos ficassem famosos e depois tivesse de andar pelo mundo fora sempre atrás deles... era cansativo, não era? Eu também acho. E podia apanhar frio, de vesti-los e despi-los entre tantas tomas. Claro que o frio nos mamilos nunca fica mal. Aí pensei que talvez... mas não. Afinal não disse nada e limitei-me a dar o meu melhor no papel de dedos que escrevem. Nem sei se fiz bem.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Meios tolos eternos









'But I don't want to go among mad people', Alice remarked.
'Oh, you can't help that,' said the Cat: 'we're all mad here. I'm mad. You're mad.'
Alice's Adventures in Wonderland, Lewis Carroll

Fui ver o da Alice. Mas não direi nada, que não posso. Nem vou dizer sequer que me sonhei por vez primeira um cabelo louro e uns vestidinhos de escumas, ingrávidos, não ouriço-cacho como era o meu costume. Prometi. Ela quer-se limpa e pura ante o ecrã e quem sou eu para andar a ficar em bestuntos alheios preconceitos alheios, crípticas opiniões que entulhem a percepção livre de cores e sombras, de vozes-silêncios, de fundos-fundos e planos mais primeiros que primeiros? De maneira que vão ver, se quiserem, coloquem os óculos das fantasias sobre os óculos das realidades e sintam-se meios tolos da tola inteira.

A quem quiser continuar virgem de influências, aviso!, não lhe convém entrar na caixa de comentários: aí a moderação não está activada. (Eu aqui a falar adiantado em comentários em plena crise blogoglobista.)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Demencia e desmemoria: o medo

a doença enumera inventaria
necessita de esvaziar completamente a memória
para que se cure o corpo
e o sonho de novo desça e construa
magníficos refúgios luminosos jardins
Al Berto, Vigílias, 4

A historia empeza xa así con acentos de película antiga, voces de macho varudo que mira de esguello o interlocutor, revelándose no pánico con síntomas físicos (a auga, o enxoo); a retranca na afirmación que é pregunta, fala como se a locura fose contaxiosa (e será?); na auga, na auga sempre presente, o terror que escorre polas mans, a forza brutal da auga que crea e destrúe, auga máis poderosa ca o lume. Os ingredientes do medo están aí todos: unha illa, que é a incomunicación; unha treboada, a luz que nos cega e a chuva que nos afoga, a constante humidade; un cemiterio, a morte, naturalmente. E unha palabra soa: FUXA! Fuxir? Fuxir de quen, de que? Pode un fuxir de si? Pode un fuxir do sangue, das vísceras, da capacidade do ser humano para magoar, dos cadáveres conxelados, dos ollos, dos ollos dos mortos, do baleiro dos ollos dos mortos? Encontrar o paciente 67 será recoñecerse perdido? Talvez a resposta estea no faro, o lugar onde se fai a luz, claro. Talvez non. Porque a loucura é iso: non distinguir o real do irreal, a verdade da mentira, se un é louco ou o queren enlouquecer, claridade e tebras. O medo.

Velaí o meu medo: traspasado o intervalo, soa ao fundo da sala, a desmemoria con toda crueza: deberei levar comigo pedras pequeninhas brillantes que me permitan regresar, recoñecer os pasos vellos, a demencia que se instala e da que só hai unha maneira de fuxir?

terça-feira, 9 de março de 2010

Acto de contrición

Levei porrada até no orgullo. Merecida. Que se saiba. Moi merecida. Será por iso que ao domingo estaba dolorida enteira, até dos dedos dos pés -hai quen pense que os dedos dos pés non doen, como se pudese haber insensibilidade na parte do corpo que nos fai medrar cando a propia altura non chega para alcanzar as estrelas...

Foi así.

Era sábado e había teatro na Aldea. Co teatro teño unha relación de desconfianza. Unha peli regular pásoa. O teatro ou é bo ou é nada. Atravésaseme na boca do estómago e non o dou vomitado. Saír a dar un paseo longo cos cans ben podía ser o pretexto que xustificase a non comparecencia. Pero a casualidade ás veces é azar: encontreime con R e quedamos para ir, ao cabo, unha das actrices era un mito na escena teatral galega. R díxollo á súa cuñada e a cuñada díxollelo ao home, á amiga e á filla -unha criatura con cerebro propio, coitadiña-, para nos iluminarmos todos.

Arre demo que estaba cheo o local! Que sorpresa! Cativos coma area. Espectáculo apto para todos os públicos nin que fose. Só faltaba a empanada de polo con óso, á vista, que se cadra había, o cabazo de viño circulando. E cuspir no chan. Música de pachanga a rebentar os tímpanos para quecer o ambiente. Os síntomas eran inequívocos. E nós, invidentes e necias, sen dar creto ao diagnóstico obvio.

Un fenómeno sociolóxico, que no café* posterior analizamos polo miúdo para tirar proveito do infrutífero. Que si, muller, que aínda hai quen tira a cabicha ao chan e a esmaga coa punta do zapato.

Quen vai fiar nas miñas suxestións agora? Levei porrada até nos ares de cultureta que me dou.

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*Quen di café di calquera líquido que se beba sen elevar a presión arterial.

domingo, 7 de março de 2010

Que alguén me ilustre, por favor, o concelleiriño de Cultura e Educación

Non me sorprendeu o que vin onte, o pobiño a aplaudir merda que se apegaba no ambiente, que a eses mal chamados cómicos só lles faltou repartir cheiros . Por iso, vailles aí unha suxestión de balde: naquela restra de zafiedade guindar ovos podres ou zarrapicar de mexo o patio de butacas de cando en cando non vos desentoa nada e con certeza o público ha de vos ovacionar con arrotos. E vosoutros, todos, a escachar, a recachar.

O que non só me sorprendeu, senón que me cabreou foi ver o ilustre concello de esquerdas, disque!, como organizador da baldrogada por man da súa concellería de cultura (ula?), educación (cando?) e participación veciñal (canta! canta!, que é o que conta...). Se a escatoloxía ruín, parruliños, é o que vos dá votos, ide esquecendo o meu nas próximas. Xa veremos se eses que encheron o auditorio onte son da vosa corda. Teatro é unha palabra moi digna, queridos, para a enzoufardes así. E o humor elegante tamén suscita a participación veciñal. Iso apréndese en primeiro de Cultura e Educación.

sábado, 6 de março de 2010

Aos pulos










Li-o dias atrás andando aos pulos pelo féisbu e ficou-me o coração, essa víscera incontrolável, cheia de sangues densos, gelatinosa, enjoativa, ficou-me, como digo, o próprio aos pulos. Era eu? Era eu?! Aí entrou-me pelos interiores mais ou menos externos, epidérmico e vermiforme, um orgulhozinho fátuo pela versão prima qualificada a uns prémios que conferem escrevedores a sério, com número de sócio e militância manifesta na coisa da língua.

Depois chegou-me o convite ao jantar e com ele um cartão em letras grandes que gritam PÂNICO!

O coração, é claro, continua cavalgando, obrigação dele, a minha só de mima-lo, agora, sem cafés muitos nem sódios excessivos. A carola, baralhada, faz-me cálculos de probabilidades comutativas. Porque eu queria muito ganhar por uma vez na vida, em vida, o reconhecimento de quem sabe da arte de compor palavras-músicas-sentidos. Ora, receio que as luzes, nesse seu afã de cegar nos olhos as pessoas, devorem as sombras que me amparam. Presta-me sempre mais a invisibilidade. Contudo...

Restam dois meses para amortecer nervos e desenhar o gesto imperturbável da derrota (sorriso lindo de quem não se importa) ou o eufórico, mais pulos, coração, mais pulos, e o discurso que a memória não vai reter, as dedicatórias omitidas como as lágrimas, tão típico e nefasto para os rímeis.

Ouvira dizer que entrar nas listas (quaisquer listas) bastava para sossegar as ânsias. Devera. Mas cá entre nós, o bicho da comichão pula inquieto com este filme de ver os meus dedos que falaram pelos doutros candidatados. E como sabem bem as vaidades...!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Todo se transforma










Onte díxenlle ao rapaz, desta enganáncheste, fixeches mal en elixirme de primeira para o teu equipo, estou non estando. Calei logo, entre inchada e desinchada, nun remoer por dentro que nos ollos me delataba, estás ben?, estás ben?, eu que non, que non estaba porque o ar non me corría no volume conveniente polas veas. Nunca mallei tanto por nada, desequilibrios, debilidades que deparan golpes parvos, o desalento a bater no chan coma o pau que me foxe, unha e outra vez, e parar, recuperar amodo por riba das ansias, que me come a rabia de non poder, de non dar, e querer, querer tanto, querer máis...

Hoxe aí fóra inaugurouse a primavera na versión acústica das aves do meu reino, sen amplificadores, sen estrados... Estase a ouvir o coro rebelde que pon as cousas no seu sitio e fai o ar máis respirable.

terça-feira, 2 de março de 2010

Tensão não dá tesão nenhuma

Proibido lamber as lágrimas, afogar no mar, tocar lasciva e demoradamente com a língua em peles alheias ou próprias, beber água das Pedras (Salgadas), o bacalhau nem cheira-lo...

E o café, ai, o café só assim...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Hai días e días










Hai días que nunca chegan, como se estivesen perdidos para alá para as bandas do horizonte.

Hai días en que asusta que veña aquí tanta xente a interpretarme as vísceras.

Hai días que gardaría se puidese nun caderno forrado de nubes brancas.

Hai días que feren fundo e mesmo así, non merece esquecemento quen mos habitou.

Hai días en que a vitoria doutro me debuxa un sorriso.

Hai días en todo o abano de cores e penumbras.

Hai días en que unha palabra, unha soa palabra túa basta para me sandar.

Hai días en que á ausencia lle medran gadoupas de tigre á miña espreita.

Hai días en que non me doe a cabeza... nin case nada.