segunda-feira, 11 de maio de 2009

"Miss Pernas Bonitas"

Porque é de xustiza ouvir sempre a cara B...
Porque é de justiza ouvir sempre a cara B...

Chámome María, aínda que el porfiase en chamarme Dolores. Concidiramos a miúdo no ascensor. Máis dunha vez desexei que me arrincase a roupa alí mesmo, e polas miradas que me lanzaba crendo que eu non reparaba, a súa imaxinación debía de vagar por camiños similares, de entre os tres posibles. Tampouco é que fose un casanova, pero tiña o seu atractivo, as cousas como son. Porén, a timidez del —que nunca pasou do saúdo preceptivo cada vez que nos atopabamos—, se ben acentuaba o efecto sedutor, minguaba as probabilidades de que aquelas faíscas prendesen un incendio. Por iso cando a Nadia me comentou que o coñecía e que se quería nos presentaba, acepteille a proposta decontado.

Chamo-me Maria, ainda que ele teimasse em me chamar Dolores. Encontravamo-nos mos com frequência no elevador. Bem vezes desejei que me arrancasse a roupa ali mesmo, e pelas olhadas que me lançava julgando que eu não reparava, a sua imaginação devia vagar por caminhos similares, de entre os três possíveis. Também não era um casanova, mas tinha alguma coisa de atraente, de facto. Porém, a timidez dele —que nunca ultrapassou as saudações preceptivas cada vez que nos encontrávamos—, todavia acentuando o efeito sedutor, minguava as probabilidades de que aquelas faíscas ateassem um incêndio. De maneira que quando a Nádia me comentou que o conhecia e que se quiser nos apresentava, aceitei-lhe a sugestão imediatamente.

Tendemos a emboscada, que máis ou menos xa lle tiña controladas as entradas e saídas, e aínda que a primeira tarde —era mércores— fallou, ao día seguinte entraba ás sete e media, como un reloxo, no vestíbulo, onde a Nádia eu estabamos de leria demorando a despedida. Finxidos xestos de sorpresa pola parte da miña amiga (Anda! Manoel Carlos, meu rei! E ti por aquí? Ai, vives neste edificio? Nin idea! Sodes veciños, logo? A María coñécela entón? Home, por favor! Non me digas que non a coñeces? Non dou creto!), troca de bicos e miradas cumpriron o obxectivo previsto: quedamos para tomar unha copa ese mesmo sábado na casa del.

Montamos a armadilha, que mais ou menos já lhe tinha controladas as entradas e saídas, e ainda que na primeira tarde —era Quarta— falhou, no dia seguinte entrava às sete e meia, com pontualidade britânica, no vestíbulo, onde a Nádia e eu falávamos à toa demorando a despedida. Fingidos gestos de surpresa da parte da minha amiga (Então? Ó Manoel Carlos, querido! Você por aqui? Ai, mora cá no prédio? Não fazia ideia! São vizinhos, logo. Conhece a Maria com certeza? Ora essa! Não me diga que não conhece? Não acredito!), troca de beijos e olhares cumpriram o objectivo previsto: combinamos para beber um copo esse mesmo Sábado na casa dele.

Media hora máis tarde do acordado chamei no timbre —malia que non se puidese xustificar o atraso en embotellamentos de tráfico, pois só dous pisos nos separaban e en baixada ao meu favor. Entretivérame en escoller a saia que máis me realzase as pernas. Sabía que eran a mellor arma de que dispuña, non en balde os compañeiros me alcumaran “Miss Pernas Bonitas” na miña época de azafata e nelas o tempo non se asañara en exceso. Xa a punto de fechar a porta lembrei que non puxera perfume e volvín entrar. Cos nervios, vertín medio frasco no pescozo, e de nada serviu abanar as mans, que desprendía un recendo anestesiante: ben se notou cando me abriu, que vin como afincaba contra a parede, evitando caer desmaiado, os ollos chorosos.

Meia hora após o acordado toquei a campaínha —embora não se pudesse justificar o atraso em engarrafamentos de trânsito, pois só dois andares nos separavam e em descida ao meu favor. Entretivera-me em escolher a saia que mais me realçasse as pernas. Sabia que eram a melhor arma de que dispunha, pois não fora em vão que os colegas me alcunharam de “Miss Pernas Bonitas” na minha época de hospedeira e o tempo não as maltratara em demasia. Já prestes a fechar a porta lembrei que não pusera perfume e voltei a entrar. Com a excitação, entornei meio frasco pelo pescoço, e não adiantou abanar as mãos, que desprendia um aroma anestesiante: bem se notou quando me abriu, que vi como encostava à parede, evitando cair desmaiado, os olhos a lacrimejarem.

Convidoume a sentar no sofá mentres me servía un malte en copa, acompañado dun vaso de auga xeada. El serviuse outro, con xeo en vaso baixo, e acomodouse nunha butaca a unha distancia discreta. Eu cruzaba e descruzaba as pernas, tratando de atrapar a atención del, e non tardou en gabarmas cun brillo pícaro nos ollos, ou se cadra é que aínda lle proían por causa do perfume. Aí xa foi subindo de ton a conversa e como ambos sabiamos a que estabamos, logo me declarou as súas intencións nun españolés coxo que o meu portuñol manco compensou:

—Mi gustaría hacer amor con usted...
—A min tambén me gostaria...

Convidou-me a sentar no sofá enquanto me servia um malte em taça, acompanhado dum copo de água gelada. Ele serviu-se outro, com gelo em copo baixo, e acomodou-se num cadeirão a uma distância discreta. Eu cruzava e descruzava as pernas, tentando prender a atenção dele, e não tardou em mas gabar com um brilho maroto nos olhos, ou se calhar foi que ainda lhe ardiam por causa do perfume. Aí já foi esquentando a conversa e como ambos sabíamos o fim alvejado, logo me declarou as suas intenções num espanholês coxo que o meu portunhol maneta compensou:

—Mi gustaría hacer amor con usted...
—A mim também me gostaría...

Sen máis cerimonia, fomos para o cuarto. Co propósito de lle aumentar a ansia que se evidenciaba na respiración arfante, pretextei un baño de escuma no que mergullei ata o pescozo nun intento van de diluír o perfume, non se me fose marear no mellor.

Sem mais cerimónia, fomos para o quarto. No intuito de lhe acrescentar a ânsia que se patenteava na respiração ofegante, pretextei um banho de espuma em que mergulhei até o pescoço numa tentativa inútil de diluir o perfume, não me fosse ficar tonto no melhor.

Cando saín, Venus exultante, en coiro puro, da impresión que lle causei quedou apampado. De súpeto, nunha arroutada que sinceramente non agardaba, chimpoume na cama. Mentres apagaba a luz cunha man, coa outra baixou a cremalleira (ese invento do demo que permite espir os pantalóns nun visto e non visto!), aguillooume en seco, ceibou un xemido brevísimo e estremeceuse.

Quando saí, Vénus exultante, em pêlo puro, da impressão que lhe causei ficou apalermado. De repente, num estalo que sinceramente não esperava, arremessou-me contra a cama. Enquanto apagava a luz com uma mão, a outra abria o fecho-relâmpago (esse invento do diabo que permite despir as calças à velocidade dum idem!), alanceou-me em seco, soltou um gemido brevíssimo e estremeceu-se.

Deitado na padiola da ambulancia, o seu rostro era a viva imaxe (non é ironía, senón frase feita) do soldado que regresa derrotado dunha guerra que non era súa. Saiban só que desde esa noite nunca mais usei perfume.

Deitado na maca da ambulância, o seu rosto era a viva imagem (não é ironia, mas frase feita) do soldado que regressa derrotado duma guerra que não era sua. Fiquem sabendo que desde essa noite nunca mais usei perfume.

18 comentários:

Teté disse...

Ah, ah, ah, esta é mesmo uma Maria das Dores!!! Tanto preparativo, para o homem sair de maca... (*_*)

Historinha delirante!

Como nota, aeromoça é a palavra brasileira, em português diz-se hospedeira (de bordo).

Beijocas!

Sun Iou Miou disse...

Obrigada, Teté. (`_^) Já lá vou corrigir.

Lúa Neghra disse...

Que bo! Graciñas por aledarme a mañá :D

Sun Iou Miou disse...

A mandar, Lúa Neghra. Teño días (`_^)

r. disse...

Pois élle ben máis fermoso aeromoça que hospedeira. Os correctores, xa sabe...

¡Perfume! ¡Para esas angueiras non é precisa nin ducha! Ben é sabido o que dicía a copla: a nonseioque non se lava, se non non sabe a nada.

Sun Iou Miou disse...

Diga vostede que si, R. (desemparellou hoxe?). Onde estea unha moza aérea que se quiten as hospitaleiras en vulgo.

Pero non se meta cos meus correctores, que traballan a petición propia: para saltar a norma, cómpre primeiro trincala, e eles axúdanme nesas lides. Beizóns para eles! (`_^)

Hai armas químicas de efectos demoledores, meu. Se o sabe o trío, invádenme o Cabaré...

PreDatado disse...

E eu que pensei que o senhor fosse ficar com a gaita entalada no fecho das calças!


(gosto destes contos de final imnprevisto)

leticia disse...

Qué pena, con lo a mano que estaría, dos pisos más abajo!!!

Muy buena historia, cara A y cara B. Porque toda historia tiene más versiones...

Besos

Sun Iou Miou disse...

Nem eu imaginei o que ia acontecer, PreDatado! Hehehe! Os personagens sempre se me rebelam... Tivesse eu mais carácter e o assunto terminava doutra maneira. (`_^)

Sun Iou Miou disse...

Ah, Leticia, canto tempo! Alégrome de verte por aquí.

En fin, non se sabe, se ela deixou de usar perfume e el regresou vivo do hospital talvez haxa feitos consumados noutra ocasión. Pero esos xa non teñen interese. (`_^)

Anónimo disse...

Eheheh, o tipo achou tanta a fartura, que ficou enfartado antes de "comer".

Beijinhos

Sun Iou Miou disse...

Talvez nunca se chegue a saber quem dos dois mentiu mais, Cão, se a Dolores, se o Casanova.

Abraço

Rafeiro Perfumado disse...

Mas o que lhe aconteceu, afinal? Reumatismo? Deslumbramento? Intoxicação pela inalação excessiva do perfume? E não sei se gosto dessa tua aversão por perfume e termos associados... ;)

Abracinho!

PS: o tipo safou-se ou ainda hoje anda em fisioterapia / aconselhamento psicológico?

Sun Iou Miou disse...

Perdeste os dentes, Raf, que queres comer papas, tudo bem esmagadinho? O tipo teve um ataque cardíaco, um derrame cerebral, ou talvez um simples "gatillazo", sei eu o quê! E o porquê também só ele sabe. Já o texto saiu cumprido, se continuo a dar explicações, quem lê este tijolo? E depois eu limito-me a registar os factos como mos contou a tal Maria, co-protagonista da história.

Finais abertos é o que têm: fica-se insatisfeito, que é o que lhe aconteceu certamente aí à tal Maria.

Do resto, cá podes entrar perfumado quanto quiseres, que a Sun Iou Miou não tem nada a ver com as aversões da Maria.

Tá-se bem! disse...

Eu agora dizia-te quem também é Dolores e por vezes entorna demasiado perfume... mas não posso.. talvez outro dia! ehehehe

Beijooooooo suave :)

Sun Iou Miou disse...

Não digas que já saíste anestesiado em ambulância alguma vez, Tá-se bem!?

Beijitoninoninonino...!

Unknown disse...

Maria, Maria, Maria!
Como me causas inveja. Aquela inveja salutar que as pessoas muito queridas nos provocam por não podermos ser como elas...
A aeromoça da Ibéria bem queria se vingar mas os aviões onde ela operava atá já tinham "pelos" debaixo das asas. Por isso me recusei a voar depois...

Um dia destes, querida Maria, darei mais notícias. Continuo a adorar-te da mesma maneira.
Beijos Carlos

Sun Iou Miou disse...

Não queiras ser como eu, Manoel Carlos, não faças isso, meu! Fosses como eu e não ficava um espelho inteiro na terra: quantos anos de desgraças somava isso? Não há já catástrofes que cheguem por toda a parte?

E depois, mas isto cá entre nós, adoro-te como és. Não viste? Impossível complemento perfeito fazemos... (`_^)

Beijos, todos quantos...