domingo, 30 de setembro de 2007

Cá para mim

Un sabe que o que non pode ser non pode ser e que o que non pode ser é imposible. E por máis que un soñe o imposible e no soño o imposible non exista, apenas esperta, a realidade imponse e o soño escacha en mil feroces vidros irisados que se espetan no sangue. Fala un conto chinés que nin sei onde lin dun home que soñou que era bolboreta. E cando espertou, preguntouse: Son un home que soña que é bolboreta ou son unha bolboreta que soña que é home? Hoxe cando espertei, pregunteime: Son eu quen soño que son ou son o soño dun outro que son eu?

11 comentários:

eue disse...

Se se mira ben, a realidade non é máis ca un débil estado de consciencia que nin sequera é continuo.

Eu nótoo moito isto os días de resaca...

Sun Iou Miou disse...

Debe de ser iso, logo, resaca, que me arrastra de volta ao mar aberto, desde a suavidade da area da praia na que me levou a bater nun día calquera de outono.

Teté disse...

Kafka sonhou que era uma barata, suponho que em "Metamorfose", livro do qual não gostei muito. Era a esse que te estavas a referir?

Mas os sonhos são sempre bons, desde que se mantenham os pés no chão...

Jinhos, Sun!

Sun Iou Miou disse...

Não, Teté, uma "bolboreta" é uma mariposa. O sonho era bom, até muito bom. Mas já digo, há dias em que é difícil saber onde é que está a realidade e onde o sonho. E isto ajuda à confusão. Há dias assim.
(Entre nós, aí o eue é o experto em Kafka e baratas).

eue disse...

Eu sim que gostei muito da Metamorfose, Teté. Também recomendo "Na colônia penal", que li de uma vez, e "A sentença", redondo e bom para se achegar pela primeira vez ao meu escritor predileto.

Beijos ;-)

Teté disse...

Eue, pode ter sido por ter lido o livro ainda muito nova, não entendi porque é que ele sonhou ser uma barata. A Sentença (ou o Processo?) parece-me que também li, mas desse não me lembro rigorosamente nada. Já lá vão cerca de 30 anos...

Sun, borboleta e mariposa são duas palavras para designar o mesmo insecto. E barata, em espanhol, suponho que se chama cucaracha (à conta duma canção antiga): "La cucaracha, la cucaracha, ja no puedo caminar..."

Jinhos para ambos!

Sun Iou Miou disse...

Já vi, Teté, que em português também se diz 'borboleta' e até se calhar foi no quiproquó. 'Barata' é sim cucaracha' em espanhol, 'cascuda' em galego.
Curiosamente na tradução espanhola que eu li, também muito nova, de
"Metamorfose" (como fas para aquí as cursivas, eue?)o insecto não era uma barata mas um escaravelho sem especificar, o qual ao meu modo de ver faz muita diferença. Soube há pouco ao vê-lo numa edição alemá que era barata e mudou radicalmente a minha concepção da obra (iiihhh!)

Teté disse...

Ó Sun, tu és uma autêntica poliglota: chinês, suponho (a língua mais falada no mundo, pelo número de cidadãos, não só na China, como espalhados pelo mundo inteiro); português e espanhol, a um nível que nunca chegaria em chinês (6ª e 3ª, respectivamente, das mais faladas); inglês (a 2ª), óbvio.

Mas até alemão? Essa não sei onde está no ranking. Ainda andei 3 anos a marrar naquilo, não consigo dizer uma frase completa, para além dos chavões do "ich liebe dich" e do "arbeit macht frei".

Entre barata e escaravelho, prefiro não encontrar nenhuma bicheza dessas, no caminho!

Mas que és muito engraçada (no bom sentido, note-se!) lá isso és!

Jinhos!

Sun Iou Miou disse...

Ai, Teté, o "ich liebe dich" acho que uma frase que se deve pronunciar muitas vezes ao longo do dia (se tem de ser, mesmo frente ao espelho... ^_^), agora já no do "Arbeit macht frei" nem tanto, que a mim tem-me presa a esta cadeira mais do que eu quiser (mas, sim, não se pode negar, faz-nos livres em certa medida ao menos). As línguas e a biologia são as minhas paixões. Sinto é vergonha de não falar/escrever melhor o português quando vai fazer 20 anitos!!! que moro na raia (cá a gente entende-se numa espécie de portu-gal e nunca fizera o esforço de aprofundar mais), mas 'tou a aprender muito ultimamente com vocês e nem imagina quanto agradeço a vossa paciência.
'to obrigada!

Teté disse...

Ich liebe dich deve dizer-se sim, nem que seja em frente ao espelho...

Presa a uma cadeira? Que história é essa? Espero que seja só pelo trabalho!

Não tens nada de te envergonhar, que acontece a não-nacionais e a muitos nacionais também... Palavrinha em chinês, hummm... pois... olha... não sei nenhuma! Mas li uns quantos livros da Pearl Buck... Pois, não tem nada a ver...

Portunhol ou espanholês também serve para nos entendermos. Haja boa vontade! E já agora, o que é uma rexouxa?

BUENOS DIAS PARA TI!

Sun Iou Miou disse...

Ó Teté, isto está a dar já uma longa conversa (e hoje não há intromissões que o Nelson tará a dormir a bebedeira -merecida- de ontem). Tranquila, presa à cadeira é só pelo trabalho e felizmente temos imaginação que nos faz voar dela. Ainda bem, gosto do meu trabalho, até muito, imenso.
Boa vontade é mesmo. Falar a mesma língua não garante entendimento. (Obviedades de manhã cedo.)