terça-feira, 5 de outubro de 2010

Intermitencias na sala


NO antes, a sala é a espera nun abanar de toses estereofónicas e voces caladas, case sacrílegas ás veces que se elevan sobre o sinal sonoro do silencio estrito, violando as escrituras, as leituras, olladas espetadas no chan coma cravos enferruxados de novo.

A cadeira é o sostén dos minutos.

No despois, a sala convértese en pasaxe, o corredor lento, un algo menos de hemoglobina, un algo máis de triglicéridos e colesterol, a conseguinte batería de análises, a extraordinaria cita para cardioloxía, as vísceras no lugar do costume aínda: o fígado inchado, a progresiva redución do cerebro descompasado do ritmo impertinente dos latexos.

A cadeira desocupada afástase.

4 comentários:

Kapikua disse...

vísceras no mesmo sítio já não é nada mau!

eu não vou ao médico porque desconfio ter o fígado derretido na bexiga e a tripa ligada ao cérebro!

beijo

Sun Iou Miou disse...

Tens cérebro? Ainda bem, Kapik.

Beijos viscerais!

Teté disse...

Estranho é que nas salas de espera dos médicos/hospitais, quem se queixa mais são pessoas com uma unha do pé encravada, uma constipação ou cuja idade lhes fez perder agilidades de outrora...

Os verdadeiramente doentes raramente se queixam, talvez para não darem voz aos seus medos!

Sun Iou Miou disse...

Não é problema de medo, Teté. É que as pessoas sabem porque estão ali e para que.